Semana de 24 a 30 de novembro de 2024 XXXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Não há fórmulas certas ou erradas para estarmos com Deus… Nem tampouco horário ou local certo para o fazermos! Basta querermos! Tentemos recolhermo-nos, vigilantes e com o coração desperto para a presença do Pai no nosso seio familiar, juntos, onde quisermos, quando quisermos, mas com seriedade. Tenhamos a Bíblia aberta em Jo 18, 33b-37 e acendamos uma vela, para iniciar.
Na presença de Cristo Rei, nosso guia, nosso mestre, nosso Senhor e nossa referência, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Cantemos ao Redentor, o Rei excelso no Seu altar, um cântico de louvor.
(Oooh) Eu nada Sou (Oooh) Mas teu amor (Oooh) Filho me tornou (Oooh)
Tu é o mesmo ontem, hoje e amanhã Tu és o mesmo, não mudarás!
Jesus, “Rei do Universo”, vem dar testemunho da verdade e concretiza-o no amor, no serviço, no perdão, na partilha e no dom da vida, para que nós sejamos livres e vivamos na paz e na tranquilidade. Gratos pelo reino que Jesus nos convida a experimentar, e “que não é deste mundo”, façamos a nossa sentida oração, por tudo o que queremos agradecer a Cristo.
Conheçamos, pela voz de um de nós, as palavras de Cristo, rei num trono de luz, que transmitem segurança, esperança e conforto, ao nosso caminhar, em Jo 18, 33b-37.
Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos judeus?» Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?» Disseram-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?» Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és Rei?» Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
Interessados em descobrir e interiorizar a voz de Cristo, percebamos melhor as Suas palavras.
Chegamos ao encerramento do ano litúrgico com a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Neste texto do Evangelho, acompanhamos o inquérito de Jesus no tribunal de Pilatos. Nesta cena, enfrentam-se o opressor e o oprimido. Jesus tem autoridade sem governar, exige sem dominar e oprimir, propaga a verdade sem conquistar nem impor. Onde se apoia a autoridade de Jesus e a precariedade do governador Pilatos? No testemunho da verdade.
Pilatos não é da verdade Ser neutro não quer dizer ser da verdade. A intenção do governador é isentar-se o máximo possível da responsabilidade pela condenação de Jesus. Ao tentar provar a neutralidade, Pilatos exerce a pior das hipocrisias: a indiferença diante da injustiça. Ao perguntar a Jesus: “Tu és o Rei dos Judeus?”, Pilatos não está a ser da verdade porque está a induzir Jesus a assumir a mentira com as suas próprias palavras e atitudes. Pilatos quer fazer passar a mentira como verdade absoluta. Não é Jesus que age como rei, na verdade, as atitudes de Pilatos mostram que ele está a agir como tal ao interrogar, julgar, amnistiar, condenar, já que na qualidade de governador ele era o representante do imperador. Situação semelhante deu-se quando a serpente, no paraíso, quis induzir Eva ao afirmar ser Palavra de Deus, o que na verdade era uma mentira sua. Num primeiro momento, Eva corrigiu a serpente mas depois não foi capaz e deixou-se convencer pela mentira da serpente. Pilatos não dizia a verdade, não caminhava na verdade, nem estava ao serviço da verdade e daí a sua fragilidade.
Jesus “veio para dar testemunho da verdade” Nisto consiste a missão de Jesus: testemunhar a verdade e por isso Ele “veio ao mundo”. Jesus é a verdade porque é verdadeiro, autêntico. A verdade de Jesus e o seu testemunho estão na adequação do que Ele é, vive e fala. Nesta festa do reino da Verdade, não chega dizer que Jesus é a Verdade e viver na mentira estruturada. Só a verdade cura e liberta do apego ao poder, da ganância do dinheiro e da imposição sobre os outros. É da essência do ser humano existir e conhecer a verdade, mas nem sempre é assim. Percebemos, no contexto atual, que o importante não é a verdade do ser mas a do aparentar; o importante não é a coerência de vida mas a mentira camuflada de verdade. Verdade que é violentada por interesses mesquinhos, esvaziada de compromisso e de sentimentos. A ocultação da verdade é um dos sintomas mais fortes do processo de desumanização que vivemos: a “cultura da mentira”, a destruição da reputação dos outros através de notícias falsas, os negócios escuros, os encontros de bastidores, o negacionismo como hábito de morte, tudo isto e muito mais fazem parte da “crise da verdade”. Quanta incoerência! Dizemos que somos seguidores d’Aquele que “veio para dar testemunho da verdade” e, no entanto, algumas vezes procedemos como canais por onde flui a mentira desvelada.
É significativo que os antigos gregos entendiam a verdade como “a-létheia” (sem véu), ou seja, quando emerge a verdade de nós mesmos, quando se vive sem máscaras e a vida se transforma em luz, descanso e liberdade. Ser “testemunha da verdade” requer “viver na verdade” e inclui tirar o “véu”, o reconhecer e aceitar a própria verdade com as suas luzes e sombras e a verdade dos outros. Ser “testemunha da verdade” é “caminhar na verdade”, caminho que começa pela humildade, caminho que exige honestidade e gera autenticidade.
O “reino” proposto por Jesus está presente na vida do mundo, como uma semente a crescer ou como o fermento a levedar a massa. Procuremos ser testemunhas e arautos do Reino de Deus com coragem profética, procurando ser o sal que dá sabor ao mundo e a luz que brilha no meio das trevas; mesmo contra a corrente, sendo testemunhas corajosas dos valores de Deus. Reflitamos:
Como podemos ser testemunhas da verdade no dia-a-dia?
Em que aspetos da vida podemos ser mais coerentes entre o que somos, vivemos e falamos?
Quais “véus” necessitamos de retirar para reconhecer a Verdade?
Qual foi a última vez que faltei à verdade de forma consciente?
Jesus não assiste, indiferente e de braços cruzados às nossas dificuldades… Para dar testemunho da verdade, Ele lutou contra o egoísmo, a injustiça, a discriminação, a intolerância; acolheu e abraçou os pecadores e os que não tinham voz, nem direitos… Armados com a força do Seu amor incondicional e da Sua verdade deixemo-nos tocar por Cristo Rei, e façamos-Lhe, confiadamente, os nossos pedidos.
À maneira de Jesus, o “rei” sem trono e sem poder, que se apresenta diante do mundo apenas “armado” com a humildade, o serviço, o amor, rezemos
Jesus, fonte ardente de amor, que nos amas com intensa ternura, confirma-nos na fé e concede-nos o Teu Espírito para que sejamos fiéis à vocação a que nos chamastes. Coração de Jesus, nós nos consagramos hoje a Ti, para que faças de nós o que quiseres, certos de que o Teu amor tudo pode, tudo consegue e tudo santifica. Nós te pedimos, Senhor, que faças o nosso coração semelhante ao Teu, para que possamos amar-Te cada vez mais e saibamos servir com amor o nosso próximo. Amen.
Querendo ser apóstolos fervorosos, audazes e testemunhas vivas do amor infinito de Cristo, benzemo-nos.