Semana de 10 a 16 de novembro de 2024 XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Que tal se a oração desta semana fosse no quarto ou já de pijama prontos para irmos dormir a seguir? A ideia é estarmos nós mesmos, simples, talvez com as nossas inseguranças, medos e vulnerabilidades, mas sermos, genuinamente, nós, sem máscaras. Contudo, tenhamos no meio de nós a Bíblia (aberta em Marcos 12) e uma vela acesa.
Numa completa doação e despojamento de nós mesmos, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Com uma atitude de altruísmo, mudança e motivação, louvemos a Deus
Se a tua voz trouxer mil vozes p’ra cantar Vais descobrir mil harmonias belas que ao céu hão de chegar Fica mais rica a alma de quem dá Chega mais alto o hino de quem vive a partilhar
Tu tens que dar um pouco mais do que tens Tens que deixar um pouco mais do que há Se vais ficar muito orgulhoso vê bem Tens que te lembrar És um grãozinho d’uma praia maior E deves dar tudo o que tens de melhor Pra avaliar a tua alma há leis Tu tens que dar um pouco mais do que tens
Se a tua voz trouxer mil vozes p’ra cantar Vais descobrir mil harmonias belas que ao céu hão de chegar Fica mais rica a alma de quem dá Chega mais alto o hino de quem vive a partilhar
O tempo vai e de um rapaz um homem vem Sem medo vê o teu destino vai em frente pra servir o bem É tão profunda a mensagem que chegou São tão seguras e largas as fontes que ele deixou
A Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou rituais mais ou menos sumptuosos! Ele anseia ver em nós, uma atitude humilde de entrega nas Suas mãos, com generosidade, partilha e solidariedade, que são geradoras de vida em abundância quando brotam de um amor sem aparências e sem limites… Em intimidade com o Pai, façamos-Lhe a nossa sincera oração de agradecimento.
Na voz de um de nós, vamos aprender a olhar para o mundo, para as situações, para os homens e mulheres que caminham ao nosso lado, com o olhar de Deus, como Jesus nos ensina em Mc 12, 38-44
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas com o pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa».
Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deixava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.
Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Jesus discreto no templo… ultrapassa as aparências, vê o coração! Percebamos melhor a Sua prodigiosa mensagem:
Este texto do Evangelho é a última controvérsia ou investida de Jesus contra a religião oficial e é feita dentro do recinto do templo. Este conflito diz respeito aos escribas que eram os teólogos oficiais, intérpretes credenciados e responsáveis pelos comentários dos rabinos para serem lidos nas sinagogas. O conselho de Jesus é para tomar cuidado, “acautelai-vos dos escribas” como diz o texto. Numa tradução mais literal, seria “abrir os olhos”, isto é, Jesus dá uma ordem aos seus ouvintes: “abrir os olhos com os escribas”. Com tal expressão, Jesus afirma que estes líderes religiosos são pessoas muito perigosas e Jesus também diz o porquê: é por causa da sua presunção, vaidade, exibicionismo, perversidade e maldade. Tudo isto é camuflado por uma vivência de aparências e hipocrisia e daí bem o perigo.
Diz-se que “as aparências enganam”, sobretudo quando falamos da primeira impressão. Nem sempre somos verdadeiros e isentos de “máscaras” na nossa vida. Todos carregamos diferentes facetas dentro de nós, todos temos uma face pública e uma infinidade de faces privadas, que mostram “máscaras” diferentes que dependem de com que estamos ou da situação em que nos encontramos. Assim, usamos “uma máscara” para agradar aquela pessoa, usamos outra para falar com outra pessoa. Quando damos por nós, toda a nossa vida são “máscaras” e existem pessoas que se esqueceram de como são realmente e qual é o seu verdadeiro eu.
O problema é quando se vive para as aparências e quando toda a nossa vida é uma grande “teatro” onde procuramos mostrar aos outros aquilo que não somos e aquilo que não temos só para impressionar e agradar aos amigos, nos sentirmos valorizados e superiores aos outros, e crescermos na autoestima. A maioria das aparências não passam disto mesmo, de simples distorções da realidade que só servem não só para enganar os outros, mas também a própria pessoa. Ao viver de aparências, deixamos de ser nós, deixamos de viver como queremos, acabamos por perder a identidade própria e agimos como os escribas.
Daí o alerta de Jesus para termos cuidado e não basearmos a vida no culto da aparência, da exterioridade, no cuidado exagerado pela própria imagem. É preciso vigiar para não cairmos na vaidade, para não nos ficarmos nas aparências, perdendo a substância e vivendo da superficialidade da presunção, exibicionismo e da incoerência. Vigiemos sobre as falsidades do coração, sobre as aparências e hipocrisia que é uma doença para a alma porque vive em duplicidade.
Este texto do Evangelho pede-nos que sejamos pessoas sinceras, autênticas, que saibamos aceitarmo-nos como somos com as nossas virtudes e limitações. Quando somos autênticos, estamos em sintonia com quem realmente somos, o que nos ajuda a tomar decisões alinhadas com a nossa essência e a nos relacionarmos de forma mais genuína e significativa. Só a autenticidade nos permite traçar um caminho de plenitude e felicidade, porque permite que vivamos de forma congruente e coerente com os nossos princípios, valores e convicções. Quando somos autênticos, não precisamos de nos esconder por trás de “máscaras” ou fachadas, o que nos liberta para sermos quem realmente somos, sem medo de julgamentos ou críticas.
Deus não se deixa impressionar por manifestações ostentosas, muitas vezes hipócritas, vazias e estéreis…As nossas atitudes de “aparência”, afastam-nos da comunhão com Deus! Devemos lembrar-nos, permanentemente, da necessidade de sermos “pobres”, de nos despirmos de tudo aquilo que pode atravancar o nosso coração e que pode impedir-nos de acolher os desafios e as propostas de Deus. Procuremos ser autênticos, e reflitamos:
Que máscaras uso? Em que situações? São boas ou más?
Que valor dou à minha imagem e à minha aparência?
Que mensagem tento passar aos outros de como sou, mesmo não sendo? Porquê?
Qual foi a situação em que dei conta de que as minhas máscaras me estavam a dificultar a tomada de decisão?
De que necessito para ser mais autêntico, genuino e sincero, para poder deixar cair as máscaras?
É nos momentos em que tudo escurece, em que não temos mais apoios, em que a nossa vida parece tremer, que podemos verificar a solidez da nossa fé… Aceitemos, com verdade, colocar a totalidade da nossa existência nas mãos de Deus e sabendo que, em comunhão com o Pai, Jesus continua a interceder por nós e a dispor o coração do Pai em nosso favor, façamos os nossos humildes pedidos, não esquecendo os nossos irmãos.
Entregues, confiadamente, nas mãos do Pai, com total confiança, numa completa doação, numa pobreza humilde e fecunda, num amor sem limites, sem condições e autêntico, rezemos
Senhor, quero pedir-te força, sabedoria e paz. Quero olhar o mundo com olhos cheios de amor; ser paciente, compreensivo, manso e prudente; ver os Teus filhos como Tu os vês, além das aparências para que só possa ver o bem em cada um. Cerra os meus ouvidos a toda a calúnia. Guarda a minha língua de toda a maldade. Que só de bênçãos se encha o meu espírito. Que eu seja tão bondoso e alegre, que todos os que se aproximem de mim sintam a Tua presença. Reveste-me interiormente da Tua beleza, Senhor, e que no decurso da minha vida, eu Te revele a todos. Amém.
Comprometidos com Jesus a não nos contentarmos em ver as aparências, mas procurar ver o coração, benzemo-nos