Semana de 27 de outubro a 2 de novembro de 2024 XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Alguém prepara o espaço e as ferramentas para a oração. Ao iniciar este momento, os restantes colocam uma venda nos olhos e tentam chegar ao local preparado para a oração. Se for necessário, a pessoa que preparou pode ajudar. Apenas retira a venda a pessoa que precisar e, exclusivamente, durante o momento necessário… para ler, para colocar a música a tocar, o que for necessário… Tenhamos no meio de nós uma vela acesa.
Confiantes em Deus, que nos liberta da escuridão, e seguindo-O sem hesitações, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos Jesus que toca os nossos olhos com muito amor, os abre e nos dá a Luz.
Senhor Deus amigo, Longe de Ti Sinto-me tão vazio. Longe do Pai Um filho que chora; Sinto-me tão vazio.
Espírito de Vida: Inunda a minha morada! Senhor, abraça-me assim! Espírito de Fogo: Aquece a minh’alma! Quero-me dar mais a Ti!
Jesus Cristo amigo, Longe de Ti Sinto-me tão vazio. Longe da Cruz Um irmão que chora; Sinto-me tão vazio.
Espírito Santo amigo, Longe de Ti Sinto-me tão vazio. Longe da Luz Um cego que chora; Sinto-me tão vazio.
Deus é um Pai que acompanha, que ampara e que cuida. Ele não deixa ninguém para trás, nem sequer os mais débeis. Guiados pelo amor paternal de Deus e buscando encontro com Jesus, conquistamos a oportunidade de abraçar uma vida plena de luz, de sentido, de alegria e gratidão. Pela Sua incessante presença e dádivas concedidas, façamos a nossa oração de agradecimento a Deus Pai.
Escutemos a mensagem deste texto de Mc 10, 46-52 e despertemos do conformismo de uma fé morna, sem exigência e sem compromisso.
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-O». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?» O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
Renovemo-nos, ao apropriarmo-nos dos ensinamentos deste texto
Impressiona-me o grito de Bartimeu porque é um grito que, vindo do fundo de si mesmo, vai mudar-lhe a vida. Este cego, sem medir as consequências dos seus atos, sem saber como seriam as coisas, arrisca pedir aquilo que vai dar cabo do seu emprego como pedinte profissional. “Mestre, que eu veja”, é o pedido de Bartimeu. Ele pede o milagre da visão. O cego Bartimeu queria ver coisas físicas, objetos, árvores, pessoas porque os seus olhos estavam doentes e não podiam ver. Se Jesus passasse e me perguntasse “que queres que Eu te faça?”, também iria pedir o milagre da visão? Possivelmente, temos mais facilidade para ver as coisas físicas que o cego Bartimeu mas será que estamos a ver bem o que nos rodeia?
Todos os dias tantas coisas são apresentadas ante a nossa vista que muitas vezes torna-se difícil acertar e ver o que é importante e essencial e no que devemos ou não fixar a nossa atenção. Hoje, somos bombardeados com tanta informação, rumores, livros, notícias, opiniões de todo o lado e para todos os gostos, coisas supérfluas, banais e inconsistentes, que desafiam a nossa capacidade para ver o essencial, para ver o que na verdade interessa. Só assim podemos não entrar pelo caminho da banalidade, superficialidade e da miopia espiritual.
O problema é que de tanto ver cada um de nós vai banalizando o olhar. A certa altura vemos, mas não estamos a ver! Já experimentei ver pela primeira vez o que vejo todos os dias sem ver? Parece fácil mas não é! O que nos cerca, o que nos é familiar, já não nos desperta a nossa curiosidade. De vermos todos os dias o mesmo, deixámos de ver e assim o campo visual da nossa rotina diária é como um vazio. Nada de novo e por isso não vejo! Cada um de nós, possivelmente, cruza-se todos os dias como as mesmas pessoas, sai todos os dias pela mesma porta. Se alguém perguntasse o que vês no teu caminho, não sabes responder! De tanto ver, não vês. A vista ficou cansada pela rotina e assim é como um vazio, não se vê nada. O hábito, a rotina suja os olhos e baixa-nos a energia de ver. Há sempre que ver: pessoas, animais, natureza, coisas…mas vemo-los?
Uma criança vê o que o adulto não vê porque tem os olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo e tudo é visto pela primeira vez. O desafio é sermos capazes de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê. Assim, por exemplo, existe pai que não vê o filho e filho que não vê o pai, marido que não vê a esposa e vice-versa, patrão que não vê o empregado e o vice-versa…Os nossos olhos gastam-se dia-a-dia, ficam opacos e é aí que se instala no coração o monstro da indiferença que nos impede de ver como se fosse a primeira vez. Não é este um dos problemas das nossas relações humanas e da nossa relação com Deus? Não é o olhar de rotina e indiferença que nos faz ver a missa como algo repetitivo e sem a novidade da primeira comunhão?
Como Bartimeu, precisamos de pedir o milagre da visão, que nos faça colocar de lado a vista cansada, que nos faça largar a capa da indiferença, e nos faça dar o salto para ver as maravilhas de Deus, os outros e tudo o que nos rodeia como se fosse a primeira vez e assim descobrir a novidade diária do que é o outro, que é Deus e os seus dons para cada um de nós.
Acordemos da letargia em que estamos instalados! Permitamos que a passagem de Jesus na nossa vida seja um momento de tomada de consciência, de questionamento, de desafio, que nos leve a pôr em causa a “vida velha” e a sentir o imperativo de ir mais além. Reflitamos
Quero encontrar-me com Jesus? Como?
Trago o louvor e a gratidão a Deus nos meus lábios e no meu coração?
Consigo perceber que a verdadeira sabedoria é a capacidade de ver a beleza em todas as coisas, mesmo nas mais simples?
Se pensar, atentamente, quem são aquelas pessoas próximas de mim e que eu raramente vejo, ou seja, frequentemente vejo-as, mas ignoro e sou indiferente?
Com que olhar vejo a Hóstia Consagrada, a Comunhão e a Eucaristia?
Chegou a altura de tirarmos as vendas… olharmos uns para os outros… nos olhos… com profundidade, com carinho, com amor… e sorrimos… sorrimos para cada pessoa que estiver connosco… e sorrimos para aqueles que não estão perto, mas estão no nosso coração… sorrimos… com amor…
O encontro com Jesus, se é verdadeiro, é sempre desafiante e transformador. Confiantes em Jesus que nos chama, coloquemos toda a nossa vida nas Suas mãos, sem hesitação e “façamos caminho com Jesus”, o nosso “mestre”, “guia e “Senhor”… Peçamos ao Pai, com fé e humildade, o que precisamos para nós e para os outros.
Com fé e confiança, digamos a Jesus: “que eu veja”, e oremos com Ele
Abri, Senhor, os olhos do meu coração, para que eu compreenda e cumpra a Vossa vontade.
Iluminai meus olhos com Tua luz! Suplico-Vos, ó Deus, revela-Te a mim! Espírito Santo de Deus,
vem iluminar todo o meu ser para que seja possível o encontro com o Senhor; faz que eu veja; abre
meus olhos e meu coração! Amém.
Desfrutando da amável presença de Jesus e permanecendo unidos a Ele, em amor, benzemo-nos