Semana de 6 a 12 de outubro de 2024 XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Muitas vezes, distanciamos a oração do romance e, pior, do amor. Não é um jantar à luz das velas com uma rosa vermelha. Não, não é. Mas orar de mãos dadas, rezar em uníssono e partilhar estes momentos é cumplicidade, camaradagem e duma intimidade muito forte. É este o desafio para hoje. Podemos ter uma Bíblia aberta em Génesis e uma vela acesa (vermelha se houver).
Desafiados a caminhar de mãos dadas, com dignidade e a construir o projeto de Deus, com amor, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
“Somos um”! Louvemos a Deus que está junto a nós, e nos dá a Sua força, no caminho a percorrer.
Ao passar a vida, eu sei, que nem tudo vai ser, como sonhei. Ter caminho p’ra fazer, e um plano, sem saber, ser “Mais alguém”.
E vais ver, vais sentir, não precisas desistir, quando a vida te pára e diz “Não!”
Pois eu estou junto a ti, dou-te a força que há em mim, tu és mais do que “um só”, somos um.
Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um. Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um.
Posso ser igual a mim, ou terei de desistir de ser assim? Confiar no coração? Ou no plano que Deus tem para mim?
Mesmo os que aqui não estão, de ti esperam, com razão, teu rumo tu estás a traçar. Seres alguém, seres feliz, porque alguém assim o quis. Seres um “mais” para ti, somos um!
Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um. Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um.
Somos um, Eu e Tu, como a Terra e o Céu, unidos pelo mesmo Sol. E de ti vais colher o orgulho de crescer, e sorrires quando vires que… …Somos um.
Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um. Somos um, somos um… (Eu e tu), somos um.
Somos chamados a formar uma comunidade de amor, através de Deus: Aquele de onde vem o primeiro vínculo e a força mais poderosa e forte que é O amor firme, inabalável e eterno. Todos nós, que buscamos viver em comunhão e em unidade com esse Amor verdadeiro e o sentimos a “arder” cá dentro no peito, vivenciamos, enternecidos, a vontade de mostrar a nossa gratidão ao Pai! Façamo-lo, em voz alta.
Façamos “encontro” com Deus, escutando a Sua Palavra, em Gn 2, 18-24, na voz de um de nós
Disse o Senhor Deus: «Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». Então o Senhor Deus, depois de ter formado da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, conduziu-os até junto do homem, para ver como ele os chamaria, a fim de que todos os seres vivos fossem conhecidos pelo nome que o homem lhes desse. O homem chamou pelos seus nomes todos os animais domésticos, todas as aves do céu e todos os animais do campo. Mas não encontrou uma auxiliar semelhante a ele. Então o Senhor Deus fez descer sobre o homem um sono profundo e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma costela, fazendo crescer a carne em seu lugar. Da costela do homem o Senhor Deus formou a mulher e apresentou-a ao homem. Ao vê-la, o homem exclamou: «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, porque foi tirada do homem». Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne.
Tentemos perceber a mensagem, para que faça eco no nosso coração
Deus criou o homem O livro dos Génesis, no capítulo segundo, descreve como Deus formou o Adão do pó da terra e soprou-lhe o fôlego da vida e assim ele começou a viver. Depois da criação de Adão, Deus colocou-o no jardim do Éden e ordenou que Adão cultivasse e cuidasse do jardim. Deus fez o Adão à sua imagem e semelhança e encheu-o com a glória inicial. Após a criação de Adão, Deus observa que não era suficiente que Adão ficasse sozinho porque não era bom e não cumpria o Seu desígnio. No meio do projeto, Deus ressalta que a obra estava inacabada e o que precisava ser realizado para garantir que a obra fosse boa era que Deus criasse um oposto que pudesse ajudar Adão a cumprir a intenção de Deus para a humanidade.
Deus criou a mulher A mulher também é feita por Deus como ato especial da criação. Deus colocou Adão a dormir e realizou uma espécie de cirurgia, removeu uma das suas costelas e depois curou a ferida. Da costela, Deus “fez”, literalmente, “edificou” ou “construiu” uma mulher. Deus formou a mulher com as suas próprias mãos, tão especial quanto o homem que Ele tinha criado.
Deus criou o homem e a mulher para estarem unidos de maneira única Depois de pôr nome a todos os animais, Adão verificou que nenhum tinha sido criado à imagem de Deus, todos tinham um corpo e, em certo sentido, uma personalidade, mas com nenhum Adão poderia ter qualquer tipo de comunhão a nível espiritual. Não importa quão bom fosse o relacionamento de Adão com um animal, mas algo ficava a faltar. Eu posso ter um excelente relacionamento com o meu cão, companheirismo, afeição mas a comunicação é só a esse nível porque um cão pode comunicar-se apenas nesse nível. Deus projetou o homem e a mulher não só para não estarem sós mas também para comunicarem e estarem unidos duma maneira única e mais profunda.
Deus criou o homem e a mulher iguais em dignidade Logo que lhe é apresentada a mulher, o homem descobre que ela é totalmente diferente de todas as outras criaturas, não é um objeto ou um animal: “é realmente osso dos meus ossos e a minha carne”, expressão que significa da mesma natureza e por conseguinte com a mesma dignidade. Poder-se-ia pensar que, se a mulher é feita para o homem, ela deveria ser uma serva do homem mas não é isso que o Génesis diz. A mulher foi feita da costela do lado de Adão mas poderia ter sido feita da sua cabeça e assim poder-se-ia pensar que ela iria governar o homem, poderia ter sido feita do pé e assim poder-se-ia pensar que ela iria ser pisada por ele, mas não, a mulher foi feita do lado, para ser igual a ele, perto do coração para se amarem.
Sendo o homem e a mulher iguais em dignidade, sempre que, numa relação conjugal e não só, há algo que atenta contra essa dignidade, isso não faz parte do plano e do projeto de Deus. Isso é fruto do egoísmo e de determinadas ideologias humanas. O homem e a mulher foram criados por Deus no mesmo nível de igualdade (costela do lado). Deus não fez o homem superior à mulher e vice-versa. Numa relação homem e mulher, tudo o que seja dominar o outro, utilizar do outro como instrumento, violentar o outro de forma física ou psicológica, escravizar, sempre que se usam pensamento e atitudes machistas ou feministas está-se a atentar contra o plano e projeto de Deus que criou homem e mulher iguais em dignidade.
O amor não é “descartável” ou com prazo de validade… Despertos do “sono profundo”, precisamos de reconhecer que a vocação do homem e da mulher, criados por Deus, é o amor que se expressa em doação, em partilha de vida, em entrega um ao outro, em respeito um pelo outro, em fidelidade mútua, buscando a unidade e a igualdade, com dignidade. Reflitamos:
Como é que me relaciono com a minha esposa ou o meu marido?
A relação que mantenho com a pessoa que amo é comandada pelo meu egoísmo ou pelo respeito que o outro merece?
Como vejo ou recordo a forma como os meus pais se relacionaram? O que quero guardar e imitar e o que prefiro evitar e melhorar?
Como é a minha atitude com a minha família? O que posso melhorar?
Ligados e comprometidos perante Deus, a partilhar a vida e o amor, na entrega total um ao outro e na comunhão total da vida, experienciamos uma comunidade de amor, plenamente assumida e sinceramente vivida, que testemunha no mundo a ternura, o carinho e a misericórdia que Deus sente por cada um dos Seus filhos e filhas. Ousemos pedir ao Pai, o que d´Ele tanto necessitamos.
Rezemos com Jesus, o nosso guia em quem confiamos incondicionalmente
Senhor Deus, que nos criastes homem a mulher, para que sejamos uma só vida, dá-nos um coração fiel e um amor paciente, prestável; que não é invejoso, que não é arrogante nem orgulhoso,que nada faz de inconveniente, que não procura o seu próprio interesse, que não se irrita, nem guarda ressentimento, que não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Que o Espírito Santo alimente em nós um amor que tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (Inspirado em 1Cor 13, 4-7)
Aceitando tornar-nos, dia após dia, unos e fiéis ao amor de Deus, benzemo-nos