Semana de 21 a 27 de julho de 2024 XVI DOMINGO COMUM – Ano B
A oração pode ser realizada em qualquer espaço: no sofá, no chão, à mesa da refeição, etc.. O importante é o local estar livre de distrações e que nos sintamos confortáveis e disponíveis para a fazer. Se for possível, hoje, fiquemos em posições diferentes do que é habitual. Tenhamos uma Bíblia, aberta em Mc 6, 30-34 e uma vela que acendemos para dar início ao momento.
Envoltos no manto compassivo de Deus que nos conforta, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos a Jesus, que nos cura, liberta e com a graça de Seu amor, faz brotar a esperança.
À entrada da cidade, sozinho, abandonado À beira do caminho, triste, desamparado De repente a esperança recomeça a brotar Ao chegar aos meus ouvidos, é Jesus que vai passar
E no abandono da fé Grito com amor sem fim Filho de Davi Tem piedade de mim
Num olhar de compaixão que a minha alma abraça Põe sua a questão: o que queres que eu te faça? Jesus, cura-me, liberta-me, dá-me a graça do Teu amor Jesus, cura-me, liberta-me, quero ver-Te face a face, Senhor
Jesus, o Mestre, exibe profundos sentimentos de humanidade, compaixão, empatia, ternura, solidariedade e misericórdia. “Apascentados” pelo Seu amor dedicado, solícito e cuidadoso, ousemos ser Suas testemunhas e Seus discípulos, com o coração exultante de alegria, habitado e abrasado pela Sua presença. Dediquemos-Lhe a nossa sincera oração de agradecimento
Escutemos, na voz de um de nós, com comoção, a mensagem contida em Mc 6, 30-34
Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, que eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Aceitemos o desafio de perceber melhor esta mensagem
Um dos sintomas da desumanização que revela o seu triste rosto na sociedade atual, é a falta de compaixão. Esta está cada vez mais ausente da esfera pública e das relações com o outro que sofre. Estamos ameaçados por uma forma subtil de “apatia”. Quem olha para as manchetes das notícias, as escolhas e comportamentos atuais, talvez se deixe convencer de que a compaixão está a perder a referência no elenco dos sentimentos humanos mais nobres. Afinal, produtividade, eficiência, competitividade, revelam-se “pobres” de atitudes compassivas.
Neste texto do evangelho, diz que Jesus teve compaixão. Na verdade, tudo começa na compaixão. Os evangelhos destacam os profundos sentimentos de humanidade, compaixão, empatia, ternura, solidariedade e misericórdia de Jesus. Jesus sente-se “tocado” pela dor e miséria humanas e jamais fica em sentimentos supérfluos. O que podemos aprender com esta forma de agir de Jesus?
Jesus ensina-nos a ver e ouvir com compaixão Os apóstolos retornam da missão e relatam tudo a Jesus. Ele escuta-os com atenção, olha para eles e percebe que estão cansados porque realizaram muito trabalho. Além do acolhimento dado aos apóstolos, Jesus também acolhe a multidão, olha para ela com um coração cheio de amor. Porque ama o povo, Jesus não olha para ele com os olhos da condenação nem reprovação mas com os olhos da compaixão.
Muitas vezes olhamos mas não vemos o sofrimento dos irmãos que estão à nossa volta. Quantas vezes dizemos “não” a alguém, que precisava da nossa atenção e da nossa ajuda, porque não estamos dispostos a “ver” a necessidade daquela pessoa. É mais fácil e cómodo procurar “olhar” rápido para fingir que não se “vê”, olhar de “rabo do olho”, como se diz em gíria popular, para cortar caminho, mudar de calçada, formular uma desculpa plausível, evitar a presença, fechar rapidamente o vidro do carro. Quando nos dispomos a “ver” o sofrimento ou a necessidade de alguém, não há como também não “agir” na defesa daquele que sofre. Não chega “ver” com os “olhos” do corpo é preciso “ver” com o coração, com compaixão, como fez Jesus.
Jesus ensina-nos a julgar com compaixão Jesus fez uma avaliação da situação dos seus discípulos: eles estão cansados, não têm tempo nem para comer porque há tanta gente à sua procurar que eles estão sempre ocupados e envolvidos com o povo. Na análise compassiva que faz, Jesus vê o cansaço dos seus discípulos e convida-os para irem para um lugar sossegado para aí descansarem. Jesus também faz uma avaliação da situação da multidão: “eram como ovelhas sem pastor”. O povo estava sem pastor porque as autoridades do seu tempo não faziam aquilo que cabia aos pastores: não orientavam o povo, não olhavam para o povo com compaixão, não cuidavam do povo e por isso as ovelhas estavam desnorteadas, frágeis, sem rumo e a sofrer. Jesus sofre com aquele povo que está a sofrer e a avaliar negativamente a atuação dos pastores que não cumprem a sua missão.
Quantas vezes julgamos os nossos semelhantes com reprovação, condenação, desconsideração, com indiferença e com arrogância! Quão poucas vezes olhamos uns para os outros com compaixão. Precisamos de aprender com Jesus a ouvir e a ver com compaixão. É assim que Jesus julga as pessoas e as situações.
Deus não faz acepção de pessoas e não discrimina os Seus filhos, mas nós, Humanos, criamos espaços onde só alguns privilegiados podem aceder, decidimos quem merece e não merece a nossa atenção e o nosso acolhimento… Cristo, com a Sua entrega, ensinou-nos a viver no amor e a abolir as barreiras que nos separam e nos dividem, para nos inserir numa única família, a família de Deus. Com compaixão, reflitamos:
Sinto-me responsável pela ajuda, orientação, compreensão ou acolhimento dos marginalizados ou vítimas de qualquer desumanidade?
A minha consciência sente-se tranquila e em paz quando não respondo às necessidades dos meus irmãos sofredores?
Quem me procura, experimenta a compreensão, o amor, a ternura e a misericórdia de Deus?
Que situação me lembro em que fui verdadeiramente empático, percebi a infelicidade do outro e agi em conformidade?
Todos nós conhecemos momentos conturbados da nossa vida, em que nos sentimos órfãos, perdidos, traídos e abandonados ao sabor dos ventos e das marés…Sentimo-nos, então, “ovelhas” sem rumo frente aos desafios que a vida nos apresenta e que nos trazem a consciência da nossa pequenez… Convidados por Deus. a ver, ouvir e julgar com compaixão, tomemos o exemplo vivo do amor compassivo de Jesus e com fé, façamos os nossos pedidos ao Pai.
Com ardente desejo de dar testemunho de unidade, compaixão e capacidade de aceitar as diferenças com tolerância , rezemos
Ó Pai daí-nos a Graça de levar nossos irmãos no coração, de servir acima de nossas próprias necessidades, confiando que, em Jesus, poderemos descansar e entregar nosso peso para que Ele nos ajude a levar o nosso e o dos outros.
“Comovidos profundamente” e abençoados com o amor piedoso de Deus, benzemo-nos
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen.