Semana de 1 a 7 de outubro de 2023 XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Xiiii! Vamos dar uma volta diferente ao espaço da oração? Exatamente apenas para ser diferente… No entanto, mantemos a Bíblia no meio de nós, aberta em Ezequiel 18, 25 e uma vela acesa.
Sentindo um compromisso firme, coerente e sério com Deus e os nossos irmãos, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Com Deus em nós, acreditamos e desejamos mudar para seguir a Sua vontade. A oração exige alguma concentração, algum esforço… Vamos fechar os olhos e esforçarmo-nos por escutar com o coração esta canção.
Empenhados na construção de um mundo novo de justiça, de fraternidade e de paz, digamos “sim” a Deus e reconheçamos as maravilhas que Ele nos oferta. Com sincera gratidão, coloquemos a mão sobre o nosso coração e dirijamos a Deus, a nossa oração de agradecimento.
Escutemos, na voz de um de nós, a mensagem que Deus tem para nós, em Ez 18, 25-28
A situação Ezequiel exerce a sua missão de profeta no exílio da Babilónia e é neste contexto de cativeiro que os exilados aprendem a meditar sobre a sua vida, sobre os castigos de que são objeto e a cantar a sua dor em salmos que falam da tristeza pela pátria abandonada. Nas suas reflexões duas ideias são muito claras: a culpa da situação é dos seus pais e Deus é injusto.
A culpa é dos seus pais É verdade que às vezes os inocentes são obrigados a sofrer por causa das iniquidades dos culpados e também é verdade que algumas pessoas continuam a culpar os outros por coisas que elas próprias têm capacidade de mudar. Embora os filhos de Israel fossem perversos, idólatras e se tivessem afastado do caminho do Senhor, eles achavam que os seus castigos tinham sido resultado dos pecados dos seus pais. Neste sentido, apresentam um ditado popular que está em Ezequiel 18, 2 que diz: “Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que ficaram embotados”. Embora haja um fundo de verdade nesta afirmação porque os pais não tinham ensinado adequadamente os seus filhos no caminho do Senhor, nem tinham criado um ambiente para que os seus filhos pudessem crescer sendo mais fiéis às leis de Deus, este provérbio era usado como desculpa esfarrapada para a sua própria condição de pecado. Assistimos assim à tendência humana de transferir a responsabilidade e culpas para as outras pessoas, ficando o culpado isento. Isto vem desde o Eden em que Adão culpa Eva e esta a serpente e assim nenhum assumiu o seu pecado e transferiu a responsabilidade para o outro.
Deus é injusto Como consequência da insensibilidade de não reconhecer os seus pecados, o povo de Israel atira a culpa ao próprio Deus pelos seus métodos e castigos, chamando-Lhe injusto, como diz o texto desta oração. Há pessoas que procuram sempre culpar Deus pelos problemas das suas vidas, esquecendo-se que em muitos casos os problemas são fruto dos próprios erros. É sempre mais fácil apontar o dedo a Deus que assumir as próprias culpas. Que coisa terrível é questionar se Deus é injusto ou não, quando somos nós que erramos. Na verdade, todos queremos a misericórdia de Deus mas poucos queremos a sua justiça.
O ensino No capítulo 18, Ezequiel responde a esta visão do povo de Israel e insiste em dois pontos: convite à responsabilidade individual e ao arrependimento.
Responsabilidade individual Ezequiel diz que ninguém é castigado pelos pecados alheios e que cada um é dono dos seus atos. O profeta deixa claro que não existe uma teologia de transferência de culpa ou culpa hereditária. Cada um responderá pelos seus atos diante de Deus, sejam bons ou maus, e é desta forma que Deus o julgará. Isto acontece porque nos foi dada a capacidade de escolha. Posso escolher o caminho do bem ou o caminho do mal; posso escolher o caminho do Senhor ou o caminho para longe dele mas a responsabilidade será sempre minha.
Arrependimento Deus almeja para o seu povo uma mudança genuína, uma transformação, uma mudança de comportamento e de caminho. Deus ama a todos e a todos quer salvar por isso Ele espera de nós conversão, arrependimento, para poder dar vida ao pecador e não a sua morte. Como diz o texto: o que se converte da maldade que fez, muda de vida, pratica o direito a e justiça, viverá. O que não se converte, morrerá. Deus sabe se estou a tomar medidas adequadas para mudar o que está mal na minha vida. Não é fácil mas só assumindo os erros e os pecados posso arrepender-me e mudar o que está mal.
No nosso tempo – no tempo da cultura do plástico, do “light”, do efémero – há alguma tendência a não assumir responsabilidades, a não respeitar os compromissos e a ilibarmo-nos de culpas perante o próximo. Mas, com Deus, não há meias tintas: ou se assume, ou não se assume, pois não bastam palavras e declarações de boas intenções. Analisemos como nos comportamos.
Faço o que está ao meu alcance para melhorar o mundo e a situação menos boa dos meus irmãos?
Tendo a assumir responsabilidades pelo que acontece na minha vida ou considero mais fácil culpar os outros e as circunstâncias?
Quando rezo, limito-me a enunciar uma lista de desejos ou peço que se faça a vontade de Deus?
Permito que o arrependimento que sinto ou digo sentir pelos pecados que cometo leve a uma mudança efetiva de atitude ou mantenho tudo tal como está porque “sou vítima das circunstâncias”?
Seguir Jesus no caminho de amor e de entrega ou construir, com gestos concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade e de perdão, nem sempre é fácil… Somos frágeis e, irrefletidamente, distraímo-nos, ficamos abatidos ou desistimos… Confiantes na mão de Deus, que afaga as nossas vidas e na Sua misericórdia, façamos-Lhe os nossos pedidos.
Com humildade e obedientes a Deus, rezemos de mãos dadas.
Senhor, cultiva em nós a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a perseverança e a mansidão para com todos, seguindo o exemplo do Teu filho amado e iluminados pela presença do Espírito Santo. Que reconhecendo os nossos erros e a nossa culpa, fortaleças a nossa intenção de conversão para sermos genuinamente transformados a Tua imagem.
Convertidos e transformados pela ação de Deus, benzemo-nos