Semana de 23 a 29 de abril de 2023 III DOMINGO DA PÁSCOA – Ano A
A oração que alimenta, brota do silêncio e do exercício da verdadeira escuta conduz-nos no caminho da transformação e deixa-nos revigorados pelo amor e a presença do Senhor ressuscitado… Com isto em mente, preparemo-nos interiormente, tenhamos a Bíblia aberta em Lc 24, 13-19.27-32 e acendamos uma vela quando nos sentirmos prontos para iniciar a oração.
Restaurados por Cristo Vivo que Se revela no “partir do pão”, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Na intimidade, escutemos a “fonte de água viva” que nos sacia e deixa o coração a arder:
Jesus, tenho sede de Ti Jesus, venho junto de Ti Tu, fonte de água viva Só Tu podes saciar esta sede sem fim.
Na mesma estrada, Jesus, a caminho de Emaús não te reconheci. Na intimidade escuto a Tua voz O coração fica a arder… Só podes ser Tu, Jesus!
No mesmo poço Jesus, Sou samaritana, à procura da Tua água. Falas comigo, sabes bem quem sou E o coração fica a arder… Só podes ser Tu, o Senhor!
Na mesma casa Jesus, Como Marta e Maria, quero acolher-Te Presa ao teu olhar, fico a escutar E o coração fica a arder… Só podes ser Tu, o meu Senhor!
Cristo vivo e ressuscitado, caminha ao nosso lado, ensina-nos as Escrituras, enche-nos o coração de esperança e senta-Se connosco à mesa… É aí que nós O podemos reconhecer e ser testemunhas da grandeza do amor de Deus Pai. Em voz alta, mostremos-Lhe fervorosamente quão gratos estamos pela Sua presença assídua e pelas bênçãos que Lhe reconhecemos.
Conheçamos, na voz de um de nós, a vivência e o ensinamento ardente do texto de Lc 24, 13-19.27-32
Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a sessenta estádios de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?» (…) Depois, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram se lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Empenhados em acolher a mensagem que escutámos, prestemos atenção à sua explicação…
Jesus realizou um caminho para a restauração e cura interior de Cléofas e do seu colega em vários passos.
Primeiro: Jesus aproximou-se e interagiu com os discípulos “Jesus aproximou Se deles e pôs Se com eles a caminho”. Jesus alcançou-os na estrada do desânimo, no caminho da desistência, na peregrinação do desespero e da revolta. O nosso Deus alcança-nos, aproxima-se de nós e anda connosco da hora de maior dor. Os nossos olhos podem não o ver mas ele caminha connosco. Além de caminhar, Jesus falou com eles, instigou-os ao diálogo e provocou-os a recomeçar. Na hora do sofrimento, como estes dois discípulos, somos tentados a falar com quem pensa como nós, ficamos a remoer os problemas e deixamos de falar com Deus. Nesta hora, precisamos de falar com o Senhor, isto é, orar. A oração é o fôlego da alma e sem ela a alma vai-se asfixiando aos poucos. O Senhor aproxima-se e interage connosco. Aproveitemos para falar com Ele.
Segundo: Jesus levou-lhes a Palavra de Deus Depois de se ter aproximado e interagido com os discípulos, Jesus levou-os para a Bíblia. Jesus explicou-lhes as Escrituras. Não haverá restauração ou cura interior se não nos voltarmos para a Palavra de Deus. A raiz de muitos dos problemas está no coração que se blindou para os raios de luz que emanam das Escrituras. Quanto mais amedrontada, deprimida e angustiada estiver a alma, mais ela precisa da Palavra de Deus. Como cristãos, devemos, diariamente, rezar com a Bíblia, devemos conhecê-la, ruminar os seus ensinamentos. A Palavra de Deus é capaz de fortalecer a nossa fé e devolver-nos a esperança.
Terceiro: Jesus aceitou o convite para ficar “Eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, Senhor.»” A restauração e cura interior passam por lutar para permanecer na presença de Deus, forçar a que fique connosco. Aqueles homens ainda não tinham percebido que era o próprio Jesus que estava junto deles, mas mesmo assim desejavam ficar com Ele. Eles forçam Jesus a ficar com eles. Nos momentos em que nos faltar a fé, em que não tivermos desejo algum pela oração é ai que nos devemos colocar na presença de Deus e rezar. Reza mesmo sem vontade, persevera na oração, procura os sacramentos, visita o Santíssimo Sacramento, mesmo que não tenha motivação alguma, faça-o com amor.
Quarto: Jesus levou-lhes a Eucaristia Foi a eucaristia com o Jesus que fez os discípulos abrir os olhos, os restaurou e os fez regressar a novamente a Jerusalém. É à volta do altar que recebemos os sinais da entrega de Jesus por todos nós. Penso que não nos falta oportunidades para termos encontro com o Senhor Jesus porque, na realidade, não faltam eucaristias e outro género de celebrações e encontros, mas falta uma experiência viva de Alguém que não pode ser substituído por nada e ninguém: Jesus. A restauração e cura interior vêm pela intimidade com o Jesus. Não é suficiente ler textos bíblicos de qualquer maneira. É preciso escutar a voz de Jesus que nos faz arder o coração. Não basta celebrar missas como quem cumpre uma obrigação ou preceito. É preciso sentar-se à mesma mesa, como amigos, para descobrir juntos que é o próprio Jesus que nos alimenta, dá sentido e faz caminhar na esperança.
Muitas vezes vivemos voltados para nós mesmos, para os nossos interesses pessoais, para a realização imediata dos nossos sonhos, desejos e prioridades… Caminhamos sós!…
Ousemos e esforcemo-nos por aceitar e vivenciar a companhia de Jesus na nossa caminhada, por meditar na Sua Palavra de onde brota vida verdadeira e fazer experiência da Sua presença e encontro na Eucaristia… Reflitamos:
Convido Jesus a permanecer no meu caminho? Como?
As minhas atitudes e palavras para com os outros revelam o meu testemunho de amor pelo Jesus Vivo?
Reconheço e sinto que Jesus está na hóstia consagrada?
Como experiencio o encontro com Jesus, no pão da Eucaristia?
Ainda que por vezes vivamos a experiência do desencanto, do desalento ou do desânimo, aceitemos que Jesus fale ao nosso coração e nos inflame de amor verdadeiro e entrega aos outros.
Confiantes na Sua misericórdia e no Seu cuidado, entreguemos-Lhe, em voz alta, os nossos pedidos.
Com fé e esperança em Cristo ressuscitado, rezemos confiadamente
Bendito Senhor Jesus, Tu que caminhas nos nossos caminhos, ao nosso lado, mostra-nos o sentido da vida, torna-nos atentos à Tua presença, cura os nossos corações, tão lentos a crer; fica connosco quando se aproxima a noite, ilumina o nosso caminho, sacia-nos com o “Teu pão” e derrama sobre nós o Teu Espírito.
Entregues à presença, alimento e ação de Cristo Vivo em nós, aceitemos as Suas bençãos