Semana de 18 a 24 de dezembro de 2022 IV Domingo do Advento – Ano A
Escolhemos um lugar confortável e silencioso do nosso lar, onde possamos aquietar o nosso coração para que nada o ocupe a não ser o amor de Deus. Preferencialmente, estejamos junto do presépio, tenhamos a Bíblia aberta em Mt 1,18-24 e uma vela. Quando sentirmos que estamos preparados, acendemos a vela e começamos.
Entregues nas mãos de Deus com humildade e confiança, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Dispostos a responder ao “chamamento”, consagremo-nos a Deus e, em silêncio, entreguemo-nos ao Seu amor, louvando-O
Firmados nas bênçãos com as quais Deus agracia diariamente cada um de nós e reconhecendo a Sua verdadeira dádiva: uma fonte inesgotável de amor, manifestemos-Lhe, a nossa gratidão, em voz alta.
Contemplemos a ternura do Pai Celestial e atentemos, de coração despojado e atento, ao texto de Mt 1,18-24, que pode ser lida em voz alta, preferencialmente pelo pai da nossa família.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Acolhamos as palavras que escutámos e tentemos compreender melhor quem é este José, que aceitou cumprir, com humildade, discrição a vontade de Deus
No domingo antes do Natal, a liturgia apresenta-nos a figura de José. Uma das coisas que chama a atenção é que José não pronuncia palavra alguma em nenhum relato dos Evangelhos nos quais aparece. José é apresentado como um homem do silêncio, a sua existência é atravessada pelo silêncio. Na verdade, José é o homem que vive e atua no silêncio. Este silêncio não advém dum José de caráter introvertido, isolado ou fechado em si mesmo mas trata-se dum silêncio interior, intenso, cheio de conteúdo e significado. Alguns aspetos do silêncio de José.
Silêncio de reflexão Diz-nos o texto: “Tinha ele assim pensado.” (Mt 1, 20) É no silêncio que este homem bom, justo e de fé decide deixar a sua noiva e deixá-la em “segredo” para a proteger, defender, salvar a vida e não lhe causar danos morais porque se a expusesse seria apedrejada. A reflexão fez José adquirir a iluminação que precisava para curar as feridas interiores da alma e compreender a vontade de Deus a seu respeito. Para ser justo é necessário refletir com profundidade antes de tomar decisões. Quantas vezes nos arrependemos por tomar decisões muito rapidamente e por vezes com a “cabeça quente”? Quantas vezes nos precipitamos e escolhemos caminhos que não são os corretos? José, mais do que ter cuidado para não decidir com a “cabeça quente”, manteve o seu coração aberto para ouvir a voz do Senhor. É importante aprender com José a arte de pensar, refletir e rezar no silêncio para não sermos levados pela emoção, pelo que parece e por sentimentos pouco dignos.
Silêncio que acolhe a revelação Por meio do Anjo, Deus revela-se a José, consagra-o e capacita-o para a missão de tutor de Jesus. O sono na Bíblia tem o valor de revelação. É no silêncio que José assume o compromisso de acolher Maria, é no silêncio que José acolhe o compromisso de dar o nome a Jesus, como diz o texto: “Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus”. Não conseguimos acolher e obedecer ao Senhor se não estivermos preparados para ouvir o que Ele tem para nos dizer e nos pedir. Apesar da situação tão adversa, José retirou-se em silêncio para refletir e manteve-se atento ao que Deus tinha para lhe dizer sem qualquer tipo de condicionalismo.
Silêncio que cumpre o dever “Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.” (Mt 1, 24) José colocou em prática o que tinha percebido na sua consciência como sendo a voz de Deus. José não pede explicações nem sinais confirmadores; obedece e pronto. As suas ações são as suas palavras e as suas palavras não pronunciadas convertem-se em gestos eloquentes que manifestam a grandeza da sua alma. O texto destaca a atitude de disponibilidade, obediência, prontidão e confiança de José. José arrisca como resultado duma reflexão que se realizou graças a um silêncio que escuta, valoriza e discerne. A atitude de José contribui da forma fundamental para a realização das promessas de Deus ao seu povo e tudo isto graças a um silêncio que gerou ação e cumprimento do dever.
Aprendemos com José a fazer silêncio para ouvir o que Deus tem para nos pedir neste momento. Situações adversas necessitam de um esclarecimento e aconselhamento divino. Coloquemo-nos diante do Senhor com as nossas dúvidas, aflições e deixemos que Ele nos indique o caminho.
José, homem justo, fiel e humilde, é, para nós, modelo de disponibilidade, obediência, prontidão e confiança. E no silêncio que reflete, busca discernimento e encontra a presença de Deus. Reflitamos e encontremos a voz de Deus no nosso coração:
Medito e pondero antes de tomar decisões importantes?
Sirvo-me da oração para pedir aconselhamento ao Senhor?
Quando foi a última vez em que obtive resposta na oração?
Que decisões tomei de forma precipitada por agir sem refletir?
Já fiz silêncio e calei para defender o outro mesmo tendo sido prejudicado?
Contemplando o rosto de S. José, presente no nosso presépio, dediquemos-Lhe um pouco da nossa atenção, e rezemos juntos:
Oração a São José Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amen. (Papa Francisco, Patris Corde)
Nos momentos de profunda angústia e confusão, a exemplo de José, experimentemos uma atitude de silêncio interior, e, fortalecidos como esse tempo de meditação, de intimidade profunda com Deus, deixemos que Ele fale por nós. Confiantes, entreguemos ao Pai os nossos pedidos, em voz alta, e saibamos esperar no Senhor que tudo pode.
Rezemos juntos para regozijo do coração de Deus
Senhor, queremos-Te dizer o “Sim” de José: acolher a Tua vontade, mesmo sem entender, com docilidade, fé e obediência; renunciar aos nossos próprios planos, num verdadeiro despojamento interior, fazendo a oblação de nós mesmos, ao Teu serviço e dos nossos irmãos, alimentados apenas, pela vontade de gerar amor.
Inspirados e motivados pela força eloquente do testemunho de José, benzemo-nos