Semana de 20 a 26 de novembro de 2022 XXXIV Domingo Comum – Ano C
A oração em Família é um espaço e um tempo de reflexão e partilha especial se assim todos o desejarmos. Somos família! Somos família com Jesus! Podemos ter uma Bíblia aberta em Lc 23, 35-43 e uma vela para acender quando for para começar.
Acolhidos por Deus no Seu Reino de amor, perdão e dom da vida, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Confiantes e obedientes, louvemos e sigamos Jesus que nos ilumina e ensina a servir, a amar e a dar a vida
Cristo, a “imagem de Deus invisível” é, em tudo igual ao Pai (no ser e no agir) e n’Ele reside a plenitude da divindade. No Seu reinado de unidade, de paz e de felicidade, reconhecemos que tem a supremacia e a autoridade sobre toda a criação…Gratificados pelas maravilhas que Deus nos oferta, digamos-Lhe, em voz alta, as que mais percebemos como presentes na nossa vida.
Expectantes e atentos, escutemos na voz de um de nós, a mensagem manifesta em Lc 23, 35-43
Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro:«Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
Jesus é crucificado entre dois “malfeitores” que têm diferentes perspetivas de Jesus.
O primeiro malfeitor deixa-se levar pela ideologia dominante e repete o insulto dos chefes e dos soldados. É perturbador que este malfeitor, do alto da cruz, tenha reforçado o coro de escárnio que dirigiam a Jesus, uma vez que ele mesmo se encontrava também preso ao madeiro. Este malfeitor não assume a sua culpa, não se arrepende do que fez e procura qualquer tipo de justificação para se ver livre de ser condenado. Este malfeitor pode representar todas as pessoas que escondem, mentem, enganam e até julgam os outros mas não reconhecem que elas precisam de se arrepender e confessar os seus pecados. Há pessoas que não encontram razões para amar o Senhor mas apenas para zombar dele. Se ele é o Cristo que traga a paz ao mundo mas, se o mal ainda existe, é claro que ele não é Cristo. Se ele é Cristo, salvará a todos dos seus males, independentemente da religião que professam; no entanto, o sofrimento, a dor, e tantos males não acabam e por isso ele não pode ser Cristo. A estrutura do nosso discurso não é diferente da utilizada pelo malfeitor, Uma vez que ele não se coaduna com os nossos padrões, concluímos que ele não pode ser quem afirma ser. Se ele não for quem queremos que ele seja e fizer aquilo que queremos que ele faça, nós rejeitamo-lo. O malfeitor crucificado, baseado numa conceção errónea a respeito da natureza e missão do Messias, julgou que Jesus, para que fosse o Cristo, deveria descer da cruz e salvar-se do suplício da morte, mas não somos nós quem definimos quem o Senhor é nem somos nós os responsáveis pela sua agenda.
O segundo malfeitor tem uma perceção diferente. As palavras deste malfeitor indicam que ele, nos momentos finais da sua vida, reconheceu que Jesus era o Cristo, e reprova o seu colega por não o fazer. Além disto, este malfeitor, ao afirmar que tinha sido condenado com justiça, reconhece-se pecador e admite o seu erro. A confissão da culpa é o primeiro passo da conversão. Este homem constatou que era mau, pecador mas, simultaneamente, reconheceu que quem estava pendurado ao lado na cruz era o próprio Cristo, o perdoador dos pecados. Sendo Lucas o evangelista que melhor apresenta os traços misericordiosos de Deus em Jesus Cristo, ele apresenta esta característica divina também no calvário, ao acolher a súplica de misericórdia de um dos malfeitores. Se queremos acertar com Deus, é preciso admitir os erros e pedir perdão.
Este malfeitor, que não tinha obra alguma para oferecer a Deus e cujas mãos estavam vazias, faz uma invocação confidente: “Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza.” Ele pede a Jesus para ser salvo não aqui, porque isso não é possível, mas sim quando Jesus vier no seu Reino; ou melhor, ele nem sequer pede para ser salvo mas para ser recordado, o que já seria muito. Com estas palavras, o malfeitor reconheceu que, embora Cristo morresse, a vida não cessaria. Após a morte, o Senhor estava no seu reino, ao qual o malfeitor penitente solicita entrada. Esta súplica de confiança mostrou capacidade para compreender que um reino diferente dos reinos deste mundo é possível e, finalmente ele tinha encontrado, pois estava diante de um rei que não se salva a si mesmo mas aos outros.
Jesus não nos salva como nós gostaríamos mas salva-nos se nós, que nem sempre somos justos e bons, soubermos reconhecer os nossos erros, assumirmos as nossas culpas, soubermos acolher o perdão que Deus nos oferece, que Jesus nos oferece.
Consagremo-nos a este “rei” cujo trono é a cruz, símbolo da Sua entrega e do Seu Amor levado até às últimas consequências. Na Sua presença paciente e silenciosa, Deus expressa, através de Jesus, o Seu Amor Misericordioso e salva de forma compassiva todos os Seus filhos, no seu seio regenerador. Ponderemos sobre as seguintes questões:
Tenho um olhar misericordioso e compassivo ou considero que tenho autoridade para julgar o que é justo e aquilo que é injusto?
Qual foi a última vez que me deixei levar pela carneirada, pelo grupo de amigos, pelo que está na moda?
Em que situações erro e é mais difícil perceber e admitir que errei?
Tenho facilidade em assumir os meus deslizes e a pedir perdão?
Jesus, inocente de qualquer pecado, foi zombado, troçado e injuriado… Resistiu ao sofrimento e às tentações… Com Seu agir divino, revelou o verdadeiro rosto de Deus Pai ao amar os seus inimigos, mesmo quando eles O rejeitaram e crucificaram… Reconhecendo-nos pecadores (“malfeitores”) e admitindo a nossa culpa, damos o primeiro passo da conversão para sermos admitidos no “reino”… Digamos em voz alta as preces que queremos dirigir a Deus.
Ansiosos por estar com Jesus, no “reino” do Pai de Amor e de misericórdia, rezemos com fervor
Senhor, com humildade, assumimos a nossa condição de “malfeitores”… Queremos esvaziar-nos de nós, para nos enchermos do Teu amor puro e paciente. Ilumina o nosso caminho e alimenta a nossa esperança de renascer para uma vida nova.
Abençoados pelo “rei” que preside, da cruz, a um “Reino” de serviço, de amor, de entregar e de dom da vida, benzemo-nos