Semana de 13 a 19 de julho de 2025 XV DOMINGO COMUM – ANO C
Para a oração de hoje, não preparemos nada do que costumamos preparar. Se costumamos colocar umas almofadas no chão, não coloquemos; se ajeitamos o sofá, não ajeitemos; se tiramos a toalha da mesa, não tiremos; … A Bíblia pode estar por perto, mas não a coloquemos no centro nem a preparemos antecipadamente para a leitura. A vela também pode ficar apagada. Porquê? Para pensarmos sobre esses hábitos.
Desafiados a olhar o mundo com os olhos e o coração compassivo de Cristo, benzemo-nos.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Com os olhos da fé e escutando o Seu chamamento, louvemos a Deus que tem para nós um caminho que é vereda de paz e de luz!
Cumpra-se em mim teu querer E abra os meus olhos pra ver Que o caminho que tens pra mim É vereda de paz e de luz
Minha alma espera no Senhor Deus de Israel e Salvador Eu não sei o que será Mas, eu sei em quem confiar Com os olhos da fé eu vou enxergar
Nada mais me impedirá de ouvir teu chamar Teu poder e teu perdão Se revelam a cada manhã No passado fostes fiel E assim será até o Céu
Meu prazer em ser e existir Está em te honrar e te servir Eu não sei o que será Mas, eu sei em quem confiar Com os olhos da fé eu vou enxergar Nada mais me impedirá de ouvir teu chamar
Minha atitude diante de Deus é me prostrar, me esvaziar Minha atitude diante de Deus é me prostrar, me esvaziar Minha atitude diante de Deus é me prostrar, me esvaziar Minha atitude diante de Deus é me prostrar, me esvaziar
Eu não sei o que será Mas, eu sei em quem confiar Com os olhos da fé eu vou enxergar Nada mais me impedirá de ouvir teu chamar
O amor de Deus mostra-se em gestos concretos! Pensemos em, pelo menos, três ações explícitas pelas quais nos sentimos gratos hoje e partilhamo-las em voz alta! Podemos começar assim: “Obrigado Pai por/porque…”
Se ainda não o fizemos, acendamos agora a vela, peguemos na Bíblia e, aprofundamos a nossa relação com Deus, escutando, na voz de um de nós, a “Palavra” anunciada em Lc 10, 29-37
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».
Debrucemo-nos sobre alguns ensinamentos desta parábola.
Na parábola do Samaritano, Jesus conta a história dum homem que é assaltado e deixado à beira do caminho. Dois homens, um sacerdote e um levita, passam por ele mas não fazem nada, eles veem o homem mas ignoram-no e seguem o seu caminho. O que se desataca aqui é a indiferença destes dos personagens que tinham a possibilidade de ajudar mas, por razões diversas, escolheram não fazê-lo. Esta indiferença é um perigo e é sobre alguns dos seus perigos que fazemos esta reflexão.
Primeiro: A indiferença leva-nos a ignorar o sofrimento do próximo A indiferença é um mal invisível mas muito presente no nosso quotidiano. O sacerdote e o levita tinham razões para justificar a sua falta de ação: talvez estivessem com pressa ou com medo de se envolver ou achassem que era responsabilidade de outra pessoa, no entanto a indiferença vai além das desculpas. Quando encontramos alguém que sofre e decidimos ignorar, estamos a perder a oportunidade de viver o amor de Cristo. Eles escolheram ignorar uma necessidade óbvia e, ao fazê-lo, distanciaram-se do mandamento no amor ao próximo. A indiferença faz com que percamos a nossa humanidade e a capacidade de nos importarmos com o sofrimento do outro. No diverso contexto social ou familiar, a indiferença manifesta-se quando somos insensíveis às necessidades físicas, emocionais e espirituais de quem está próximo de nós. Podemos estar tão absorvidos nas nossas tarefas e preocupações que deixamos de dar atenção aos que precisam do nosso cuidado, do nosso tempo ou do nosso apoio.
Segundo: A indiferença é um obstáculo à misericórdia e à compaixão As atitudes do sacerdote e do levita são um claro exemplo de como a indiferença pode ser um obstáculo poderoso para a prática da misericórdia. Quando escolhemos ser indiferentes, quando ignoramos a dor e sofrimento dos outros, estamos a bloquear o caminho para a ação da misericórdia. A indiferença não é apenas uma falta de ação mas uma falta de empatia, uma incapacidade de nos colocarmos no lugar do outro e sentir a necessidade do irmão. A indiferença impede-nos de viver a misericórdia de Deus, que nos perdoa e nos acolhe nas nossas fraquezas, e deve ser o modelo para a nossa ação. Jesus chama-nos a ser misericordiosos, a agir como o samaritano. A misericórdia nasce da compaixão, de um coração que se move diante do sofrimento do outro. Quando nos tornamos insensíveis, não somos capazes de mostrar a verdadeira misericórdia que Deus espera de nós e estamos a agir de forma contrária ao exemplo de Cristo que foi sempre misericordioso.
Terceiro: Superar a indiferença e agir com misericórdia Não podemos ser cristãos indiferentes. Somos desafiados a olhar o mundo com os olhos de Cristo, perceber as necessidades do outro ao nosso redor e responder com amor. Como cristãos, somos chamados a ser agentes de transformação. Assim, Jesus chama-nos a agir como o samaritano: não como alguém que passa ao largo mas como alguém que se aproxima do sofrimento, que se compadece e que se envolve ativamente na cura e no auxílio dos necessitados. A misericórdia de Deus manifesta-se através das nossas mãos, das nossas palavras e dos nossos corações dispostos a acolher, a curar e a restaurar.
Quando escolhemos ser indiferentes, não escolhemos apenas uma falta de ação, mas uma falta de empatia, de humanidade e vivenciamos uma incapacidade de nos colocarmos no lugar do outro e de sentir compaixão com o seu sofrimento! Como cristãos, somos chamados a ser agentes de transformação e a agir! Dispostos a romper com a nossa indiferença, sem desculpas, reflitamos:
Quem tenho “deixado de lado” e ignorado, com a minha indiferença?
Que razões me levam a evitar ajudar quem precisa? Falta de tempo? Medo? Desconforto? Preconceito? Desculpas?
Que obstáculos pessoais quero superar, para ajudar conscientemente?
Sou audaz para assumir um compromisso pessoal ou comunitário (p.ex. voluntariado, participação cívica, acolhimento)?
Cristo percebe as nossas fragilidades, as nossas necessidades e compadece-se do sofrimento dos mais necessitados, agindo ativamente, em nosso auxílio A Sua misericórdia e a Sua compaixão são desígnios de um coração que não é indiferente diante da nossa dor! Sabemos que Cristo nos carrega nos braços e nos oferece a cura… por isso, apresentamos-Lhe os nossos pedidos!
Eleitos para ter olhos atentos para ver quem sofre, ouvidos sensíveis para escutar o seu clamor e mãos generosas para agir com o amor do Pai, rezemos com fé.
Senhor, Tu que vês as nossas dores e escutas os nossos clamores, ensina-nos a sermos mais humanos, mais atentos, mais solidários e compassivos! Tira-nos o medo, a pressa, o egoísmo e a indiferença! Transforma o nosso coração endurecido em fonte de misericórdia e acolhimento, para que não passemos ao largo do sofrimento dos outros e sejamos presença viva do Teu amor!
Empenhados em sermos capazes de nos comover e de parar para servir o outro, sem esperar recompensa, aceitemos as bênçãos do Pai, benzendo-nos.