SOU FAMINTO DE QUÊ?

Ser faminto
Diz o texto: “Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados”. Sentir fome é sinal de saúde e a ausência disto é sinal de enfermidade. Esta Bem-aventurança fala dum forte desejo, fala sobre uma força que nos move, duma necessidade profundamente sentida. Não é incomum a humanidade ser intensa, apaixonada e estar à procura de algo. Na realidade, a maioria das pessoas gastam a sua vida perseguindo algo e a ambição é maravilhosa se for devidamente direcionada. Neste contexto, Jesus declara felizes não os que têm uma fome qualquer mas os que têm um desejo intenso e contínuo de procurar Deus e viver segundo a Sua Lei.

O faminto procura saciar a sua fome com todas as forças
Se há algo difícil de esconder é quando estamos com fome. Perante a fome ninguém fica indiferente porque procuramos satisfazer essa necessidade básica para que a vida possa ser possível. A fome não nos é indiferente mas é algo que nos desafia na procura e por isso o faminto tenta eliminar tudo o que o possa atrapalhar, afastar e impedir de satisfazer essa necessidade. O faminto luta com todas as suas forças para “matar” a fome porque a sua vida depende disso. Não deveríamos ser indiferentes quando se trata da fome das coisas de Deus e do Seu reino. O que está saciado não precisa de procurar nada porque já tem tudo o que precisa por isso Jesus os declara infelizes ao dizer: “Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome”.

O faminto procura saciar a sua fome como uma prioridade
Quando alguém está com fome, comer torna-se uma prioridade. A vida é orientada conforme as prioridades, conforme a fome, porque, na realidade, sempre encontramos tempo para matar essa fome que é prioritária. Há sempre tempo para a fome de televisão, de jogos, internet, futebol, ambições pessoais…e para orar, ler a Bíblia, ir à Missa? Quem tem fome de um determinado espetáculo espera horas na fila para o bilhete e para entrar porque tem fome disso mesmo e precisa de saciar essa necessidade. Eu tenho sono, preguiça, cansaço, comodismo…mas castigo o meu corpo porque tenho fome de Deus, eu disciplino a minha vida arrumando tempo porque sou faminto de Deus. Se não o for, não me esforço, não disciplino a minha vida, não dou prioridade ao encontro com Deus.

O faminto procura o lugar para saciar a sua fome
Como provo que tenho fome? Indo aos locais onde posso satisfazer essa necessidade. Se tenho fome não vou a uma livraria ou ao cinema, mas vou num restaurante ou num supermercado. O saciamento da nossa necessidade mais profunda não está em nós mas em algo e neste caso em Deus. Se queres ser satisfeito com a verdadeira justiça que vem de Deus, não te podes alimentar com coisas que não te saciam, como a tua própria justiça e a que o mundo te oferece. Uma criança que se enche de salgadinhos, doces, gomas, rebuçados…não terá apetite para comer as coisas saudáveis. O saciamento que recebes de Deus é proporcional à tua fome das coisas de Deus e de cumprir a Sua vontade. Se não tens anseio e desejo profundo das coisas de Deus nunca serás saciado por Deus mas por outras coisas. A prática regular de disciplinas espirituais (oração, leitura, celebrações, catequese) é que provocam a fome de Deus e quanto mais exercito a minha fé, o meu interior, mais fome de Deus terei, mais procurarei ser saciado pelo seu Espírito. Quem está cheio não precisa de ser saciado por Deus.