Semana de 2 a 8 de fevereiro de 2025 FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR – ANO C
Para um momento como este, precisamos sentir-nos cheios do Espírito Santo. Preparemos o espaço, o ambiente e tentemos controlar tudo o possível para nos concentrarmos e aproveitarmos esta oração. Coloquemos no meio de nós uma Bíblia, aberta em Lucas 2, e, hoje, excecionalmente, não vamos ter nenhuma vela, mas ligamos todas as luzes possíveis no espaço em que estivermos reunidos.
Dispostos a ir ao verdadeiro encontro de Jesus, a “luz” que ilumina o mundo e as nossas vidas. Benzemo-nos.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Sintamos a força, o amor do Pai e o céu abrir-se para nós, quando oramos e O Louvamos…
Viver e celebrar a fé envolvendo o nosso coração e a nossa mente é a expressão consciente do nosso amor inquieto que busca comunhão com Deus. Basta deixar que a intensidade e a radicalidade do amor do Senhor por nós nos arrebate e transforme! Então, saciados na fonte de paz e de luz, vertendo alegria, esperança e coragem, sintamo-nos gratos dizendo alto: Obrigado Pai, por…
Aquele que lê melhor é desafiado a proclamar a passagem de Lc 2, 25-35
Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor. Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito. Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo.» Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações.»
Mesmo tendo escutado bem, é provável que não tenhamos escutado tudo o que a Palavra nos quer dizer. Vamos refletir um pouco…
Quarenta dias depois do nascimento, o primogénito era apresentado no Templo e consagrado ao Senhor, em obediência à Lei de Moisés (Ex 13, 11-13). Nesta apresentação, Maria e José são acolhidos por Simeão que faz uma profecia e revela Jesus como a “Luz das nações”. Maria vai ao Templo com a “Luz” nos braços, a Senhora das Candeias, e apresenta Aquele que é a “luz do mundo” que veio iluminar as nossas vidas. Iluminar significa dar rumo, orientar e encaminhar. Quando caminhamos sem luz andamos sem rumo e perdidos e Jesus veio ser “Luz das nações”, uma “Luz” que é “sinal de contradição”.
Contradição é uma incoerência entre afirmações atuais e anteriores, é afirmar o contrário do que foi dito, é discrepância e incongruência entre palavras e ações. Será desta contradição que está a falar Simeão ou não? Se não, que espécie de sinal de contradição será Jesus?
O ser humano é paradoxal e “a contradição faz parte de nós” como escreveu Lya Luft. São Paulo desenvolveu a mesma ideia ao dizer: “Assim, o que realizo não o entendo; pois não é o que quero que pratico, mas o que eu odeio é que faço” (Rom 7, 15). Quem nunca se contradisse ou nunca desmentiu o dito com a própria vida? Quem nunca se viu “partido” diante do espelho, um ser dividido e ambíguo? Somos um ser em construção, feitos de muitas contradições ou possibilidades, sempre na procura da unidade.
Jesus foi chamado a ser “sinal de contradição” não por viver uma vida contraditória, como nós, mas porque a sua vida coerente revela as nossas contradições. A coerência de vida e sintonia com o projeto do Pai levou Jesus ao tribunal de Anás e Caifás, à corte de Herodes e ao pretório de Pilatos, pois o amor de Deus apresentado por Jesus causa desconforto às estruturas deste mundo. Os grandes do tempo de Jesus revoltaram-se com os seus ensinamentos, escandalizaram-se com o seu jeito simples de viver, escandalizaram-se com a coerência que havia entre a sua pregação e a sua vida. Nas palavras e gestos de Jesus, eles viram as suas próprias contradições e as suas incoerências vinham à tona quando se deparavam com Ele. Acostumados a pregar uma coisa e a viver outra, a impor os pesados fardos da Lei às pessoas, mas não a eles próprios, quiseram acabar com Jesus para eliminar o sinal das suas contradições. Na verdade, é bem mais fácil acabar com o “justo” que é “sinal de contradição” que eliminar as nossas contradições pois já se tornaram objeto de nossa estimação.
Ainda hoje Jesus continua o mesmo: um divisor de opiniões. É difícil ficar em cima do muro com Jesus. As suas palavras continuam a atrair ou a incomodar, a sua memória faz sentir as pessoas felizes, prontas para O seguir ou insatisfeitas consigo mesmas, duvidando das suas seguranças. Jesus não veio para que ficássemos satisfeitos com Ele mas veio para questionar a todos e confrontar a nossa vida. Somente quem não aceita nenhuma crítica, não admite defeitos, culpas ou pecados, pode eximir de confrontar-se com o jeito de falar e agir de Jesus. Ao longo da história, houve santos, santas e mártires que se deixaram interpelar e aceitaram o repto de mudar as suas vidas no confronto com Jesus. Aceitemos, como eles, confrontar a nossa vida com Jesus e que deste confronto nasça luz para um caminhar mais coerente e uma vida plena de sentido.
Deus não se conforma com a apatia, o imobilismo, o comodismo, a instalação, o derrotismo que nos impedem de avançar em direção à vida plena; e nunca desiste de nos desafiar à conversão, à renovação, à construção de uma vida mais feliz e realizada. Deixemo-nos interpelar… Confrontemos a nossa vida com Jesus… E, prontos para O seguir, reflitemos.
Tenho muitos telhados de vidro? Pratico o contrário do que digo?
Dedico algum tempo diário a rever e avaliar os meus pensamentos, palavras, atos e omissões?
Procuro diminuir estas contradições? De que forma?
Procuro também, atavés duma postura empática, não colocar os outros em situações em que tenham de ser falsos e contraditórios?
Jesus experimentou a nossa fragilidade e os nossos limites; solidarizou-se com todos, independentemente do lugar que a sociedade lhes atribuía. Esteve especialmente do lado dos mais frágeis, dos mais pequenos, dos mais esquecidos, dos mais humildes, dos marginalizados e enfrentou a maldade, a injustiça, a violência e a morte! Cheios de confiança n’Aquele que é a “luz do mundo” que veio dar rumo, orientar e encaminhar as nossas vidas, peçamos-Lhe o que mais precisamos para nós e para os nossos irmãos.
Com Jesus, que se “apresenta” no nosso coração como a luz que ilumina as nossas vidas e que nos conduz nos caminhos do mundo, rezemos
Jesus, olho para Ti e vejo o exemplo… difícil… da perfeição. E é com esta desculpa que não faço, que não luto, que não me transformo. É com a dificuldade que me escudo. E assim, vou procrastinando, de dia em dia, de domingo em domingo, de Páscoa em Páscoa… Quando eu paro, quando eu penso, quando eu oro… quando eu falo Contigo, eu sei o que tenho de fazer… eu sei exatamente o que me pedes… eu sei também o que te prometi… Contudo, preciso da Tua ajuda para ter a força necessária, para ir buscar a coragem e, sobretudo, para me confortares quando doer… porque vai doer…
Atentos à voz do Espírito e vivendo em diálogo contínuo com Deus, benzemo-nos