Semana de 29 de setembro a 5 de outubro de 2024 XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Como queremos fazer este momento de oração? Em que local? Em que condições? Devemos estabelecer os critérios e fazê-los cumprir de modo a que a oração seja enriquecedora e proveitosa. Para além do resto, devemos preparar uma Bíblia, aberta em Marcos 9, e uma vela para acender ao iniciar.
Capazes de reconhecer e aceitar a presença e a acção do Espírito de Deus em nós, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Eis-nos aqui, Pai… Tua voz ouvimos a chamar! Prontos estamos, vem-nos guiar! Por isso Te louvamos:
Meu Senhor do céu e mar Vejo o povo a lamentar É meu plano aliviar O seu sofrer Eu que fiz o Sol brilhar Quero as trevas dissipar Quem dispõe a espalhar A minha luz
Eis-me aqui, pai Um servente Tua voz ouvi a me chamar Pronto estou, pai Vem guiar-me O teu plano ao mundo irei falar
Meu Senhor da chuva e flor Suportei do povo a dor E com lágrimas de amor Os vi fugir Corações quebrantarei Com amor muda-los-ei Com a palavra livrarei Quem enviar
Eis-me aqui, pai Um servente Tua voz ouvi a me chamar Pronto estou, pai Vem guiar-me O teu plano ao mundo irei falar
Meu Senhor da terra e ar Pronto estou a me doar Quero a todos ofertar A salvação Do faminto vou cuidar E um banquete ofertar Grandes coisas proclamar Quem hoje irá?
Eis-me aqui, pai Um servente Tua voz ouvi a me chamar Pronto estou, pai Vem guiar-me O teu plano ao mundo irei falar
Capazes de reconhecer a presença de Deus nos gestos de amor, de paz, de justiça, de solidariedade, de partilha que todos os dias testemunhamos e de agradecer ao nosso Deus a Sua presença, a Sua acção, o Seu amor pelos homens e pelo mundo, dediquemos-Lhe um momento de profundo agradecimento pessoal.
Escutemos, na voz de um de nós, as instruções que Jesus dirige aos discípulos no texto de Mc 9, 42-45.47-48
Naquele tempo, Jesus respondeu: «Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo não se apaga».
Impressionados com esta mensagem, tentemos compreendê-la
Neste texto bíblico, Jesus condena dois tipos de escândalo: o escândalo dado ao próximo e que o leva a tropeçar na fé e afastar-se de Deus e o escândalo que causa prejuízo à própria pessoa, o escândalo que provém de dentro, que atenta contra a própria alma e é proveniente da própria mão, do próprio pé e dos próprios olhos. É neste escandalizar-se a si mesmo que segue esta reflexão.
O escândalo A palavra “escândalo” pode ser traduzida como “tropeço” ou “obstáculo” no sentido de que um escândalo é tudo aquilo que faz alguém cair (tropeçar) ou impede o avanço do crescimento (obstáculo). Na Bíblia, a palavra “escândalo” tem significados diferentes conforme o seu contexto, neste caso, “escândalo” é algo que leva uma pessoa a cair no pecado, a tropeçar nos princípios da Palavra, a desviar-se do caminho, ou que tem poder de impedir que uma pessoa cresça em sabedoria, conhecimento e seguimento de Jesus. Escandalizar é levar a pecar, abandonar a fé ou desviar-se do caminho do Senhor e isto posso fazê-lo a mim mesmo, tornando-me assim um tropeço ou obstáculo de mim mesmo e é isto que Jesus condena neste texto.
A cura para o escândalo é cortar As recomendações de Jesus – cortar a mão, cortar a pé, arrancar o olho – não devem ser entendidas no sentido literal, mas devem ser entendidas dentro desta frase: “quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á” (Mt 8, 35). A perda para ganhar o definitivo é ilustrada neste Evangelho apelando ao corte e, neste sentido, Jesus desafia-nos a tomar decisões radicais na vida para não nos escandalizarmos a nós mesmos. Trata-se da necessidade de seguir o Mestre cujas mãos, pés e olhos sempre estiveram voltados para a obediência ao Pai e atentos aos outros.
Por conseguinte: “se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a” A mão representa as nossas ações, os nossos atos, a nossa capacidade de construir. As minhas ações podem ser construtivas e positivas, mas também podem ser negativas e destruidoras. Se uma ação me afasta do caminho de Deus, não condiz com a minha dignidade, ofende o outro, é melhor renunciar a ela e assim estarei a cortar a minha mão, renunciando a uma ação que eu posso fazer, mas que me prejudica porque não é instrumento da ação de Jesus.
“Se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o” O pé representa o caminho, as minhas escolhas e há caminhos que é preciso renunciar e evitar. Se o pé me leva pelo caminho do vício, da má companhia, da tentação, da violência e me afasta do seguimento de Jesus, eu preciso de cortar e renunciar porque os lugares indecentes não batem certo com a condição de filhos de Deus.
“Se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deito-o fora” O olho representa os nossos projetos e tem a ver com a capacidade de observar, admirar, investigar, antever, mas também tem a ver com o cobiçar, humilhar, condenar, intimidar, desprezar… Há modos de ver o mundo e os outros que não condizem com as escolhas do Evangelho. Se o meu olhar é turvo, não me ajuda a ver a verdade e a seguir Jesus, preciso de converter e mudar o meu olhar e isto é arrancar um olho.
Quem não tem coragem de “amputar” de maneira radical as ocasiões de pecado, quem satisfaz todos os seus caprichos, quem não é austero consigo próprio, quem não controla as paixões, corre o risco de cair na Geena, “onde o verme não morre e o fogo não se apaga”.
Não podemos protelar ou adiar “cortes” importantes nas atitudes de egoísmo e de auto-suficiência que nos afastam de Deus e da vida plena. Reflitemos:
Como me escandalizo a mim mesmo?
Que decisões radicais já tomei na minha vida?
O que necessito de “cortar” da minha vida para me identificar mais com Jesus?
Quais as decisões que me falta coragem para tomar?
Deus convida-nos a não vivermos fechados em nós próprios e a usarmos os dons que nos concedeu para serem postos ao serviço de todos os homens; a amar com todo o nosso ser usando as nossas mãos para partilhar, os nossos pés para reencontrar, os nossos olhos para olhar. Na certeza que a força de Deus habita em nós e nos encoraja a superar desafios, façamos-Lhe os nossos pedidos.
Operários de um mundo mais justo e mais fraterno, rezemos
Deus, meu Pai, minha rocha firme e escudo protetor, em Ti deposito a minha fé e a minha esperança. Ajuda-me a dar o melhor de mim, entregue ao Teu amor de Pai e a ouvir a Tua Palavra que me abraça, me sustenta, me impulsiona e encoraja a superar todos os obstáculos. Ajuda-me a explorar quem sou e a discernir e usar os talentos que semeaste em mim, para que as minhas ações sejam construtivas e positivas para mim e para os meus irmãos, em Ti. Ámen
Sob o olhar atento, solícito e cheio de amor de Deus, benzemo-nos