Semana de 11 a 17 de agosto de 2024 XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Nem sempre compreendemos a mensagem na oração, porém devemos prepararmo-nos e disponibilizarmo-nos para encontrar esse tempo de intimidade com Jesus de modo a ouvir o que Ele tem para nos dizer. Para isso é necessário prepararmos o espaço adequadamente, termos a Bíblia aberta em Jo 6, 41, encontrarmos uma posição confortável e darmos início a este momento acendendo uma vela no meio de nós.
Sabendo que Jesus, descido do Céu, está presente no meio de nós, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Afastemos todas as nossas preocupações e, com a certeza que Deus nos basta, louvemo-Lo:
Tu nada temas Nada te espante Pois tudo passa Deus nunca muda A paciência tudo alcança Quem a Deus tem nada lhe falta
Só Deus basta Só Deus basta Só Deus basta Aleluia (bis)
Aleluia
Reconhecendo que nada nos falta, porque temos Deus nas nossas vidas, ousamos estender os nossos braços para Ele e digamos-Lhe, em voz alta, tudo o que Lhe queremos agradecer.
Em comunidade fraterna de amor e de partilha, fechemos os nossos olhos, e escutemos atentamente, na voz de um de nós, a Palavra Viva de Deus, no texto de Jo 6, 41-51.
Naquele tempo, os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu».
E diziam: «Não é ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe? Como é que Ele diz agora: ‘Eu desci do Céu’?»
Jesus respondeu-lhes: «Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
Que narração intensa e inspiradora para alimentar a nossa fé! Debrucemo-nos sobre os ensinamentos que nos revela.
“Os judeus murmuravam de Jesus, por Ele ter dito: «Eu sou o pão que desceu do Céu».” A autoapresentação de Jesus como “pão descido do céu” e alimento para a vida eterna foi duramente criticada e questionada pelos seus ouvintes, praticantes da religião tradicional. Para eles, a única referência do pão descido do céu era o maná do deserto, mas este era um alimento perecível. Assim, a afirmação de Jesus soara como pretensiosa e uma verdadeira afronta aos parâmetros da religião judaica. É neste contexto que vemos a murmuração dos judeus. Murmurar não significa uma simples crítica ou discordância mas trata-se dum lamento que afronta a autoridade de Jesus. Perante isto, Jesus aconselha: “não murmureis”. E porquê? Algumas razões.
A murmuração fecha o coração a Deus e aos outros Na murmuração, a pessoa blinda o seu coração, torna-se rígida, fechada nas suas posições, crenças, valores e não se abre ao encontro com o outro, com o que é diferente. Este era a atitude do povo rebelde e fechado que rejeita a libertação oferecida por Deus. No êxodo, os judeus murmuravam contra Deus, contra Moisés, contra Aarão, como diz o livro dos Números (14, 2), por causa da comida, da água, do maná, da terra. A murmuração tinha como causa a falta de fé em Deus e na sua Aliança. O murmúrio do povo contra Jesus é a confirmação do fechamento de Israel, desde o antigo êxodo, à proposta libertadora de Deus, levada ao cumprimento por Jesus. Ao apresentar-se como “pão descido do céu”, Jesus quis mostrar o fim da distância entre o humano e o divino e decretou a proximidade de Deus com a humanidade pela encarnação do Seu filho e isto eles não queriam aceitar e acreditar.
A murmuração leva a desqualificar Deus e o outro Para desqualificar Jesus e negar a sua condição de enviado de Deus, os contestadores alegam a sua origem humana e simples. Eles não aceitam a origem celeste, proclamada por Jesus, porque partem da evidência da condição humana: “Não é ele Jesus, o filho de José? Não conhecemos o seu pai e a sua mãe?” Segundo aquela mentalidade, era impossível que Deus pudesse manifestar-se através dum simples carpinteiro. Como ser imensamente superior, Deus só poderia manifestar-se através de sinais extraordinários e jamais num homem pobre e ousado como Jesus. Ao associar Jesus aos seus pais terrenos, os judeus afirmavam que ele não poderia ter descido do céu. Ao reduzirem Jesus a um homem comum, os judeus mostram que não deveriam ter uma aliança de fé com Ele nem acreditar n’Ele. A murmuração levou os judeus a falar mal de Deus e de Jesus pela desacreditação.
A murmuração destrói a amizade com Deus e com os outros A murmuração tem como objetivo tirar a amizade entre as pessoas, usando a mentira e a calúnia. Ao murmurarmos, enchemos o nosso coração de raiva, rancor, falta de amor a Deus e ao próximo e assim expulsamos Deus, que é amor, do nosso coração. Uma vez que a murmuração tem como finalidade acabar com a amizade com os outros, ao murmurar tiramos os outros do nosso coração e também podemos tirar Jesus do coração das outras pessoas. A murmuração é uma pregação do evangelho do rancor, da falta de perdão. Pessoas que perderam a amizade com Deus saem a pregar uma espécie de anti-evangelho e querem destruir a amizade que os outros têm com Deus. Desta forma, a murmuração afeta e abala a fé, como fizeram os judeus no tempo de Jesus.
A Palavra do Senhor e o aprofundamento do texto, faz-nos, certamente, questionar o nosso comportamento. Reflitamos:
Estou aberto a encontrar opiniões diferentes, valores alternativos e modos de concretizar distintos? Como reajo? Na família, no trabalho e na Igreja?
Qual foi a última vez que desvalorizei alguém pelo que fez, não reconhecendo que poderá ter sido enviado e iluminado por Deus?
O que faço quando começo a encher-me de sentimentos negativos? Sou forte o suficiente para me controlar e dar a volta?
Será que eu murmuro com frequência…?
A Jesus, o Deus de amor e de comunhão vem ao nosso encontro, que desce do céu e alimenta-nos para vencermos as adversidades, entreguemos os nossos medos, as nossas dúvidas e os nossos pedidos, sem esquecer as necessidades dos outros.
Abrigados em Jesus que nos sustenta, rezemos com fé
Iluminai o nosso ser com a vossa pureza. Ajudai-nos a acreditar em Jesus, vosso filho e nosso irmão que se faz presente na Eucaristia. Apoiai-nos nos momentos de fraqueza a sermos valentes e combativos e a não nos deixarmos esmorecer. Às vezes, não é fácil acreditar… Às vezes, a dúvida impõem-se… Mas eu sei que jesus é o nosso salvador, é o filho de Deus e nosso irmão. Só Deus basta! Só Deus basta! Só Deus basta!
Confiantes que Jesus é o pão descido do Céu, benzemo-nos