Semana de 14 a 20 de julho de 2024 XV DOMINGO COMUM – Ano B
Quem ou o que nos impele a realizarmos este momento de oração? Fará sentido preparar o espaço, promover o silêncio e minimizar as distrações? Tenhamos a Bíblia aberta no capítulo 7 do livro de Amós, assim como uma vela para acender ao iniciar a oração.
Comprometidos em ser arautos e sinais da bondade e do amor de Deus no mundo dos homens, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos Deus que nos encontra, toma os nossos erros, transforma-os em luz, dá-nos a Sua mão e fala-nos do Seu amor, para partirmos em missão…
Procurava alguém que gritasse meu nome Em melodias estragadas, de montanhas sem cume Rastejava em dor, chamava em vão E tudo o que eu tinha era o meu sangue no chão
Alguém me encontrou, tomou os meus erros Transformou-os em luz, sussurrando segredos Deu-me a sua mão, falou-me do amor Que só é possível no perdão do Senhor
Reconstruo com pedra nova
Eu ando descalça, em calçada branca O amor que me abriga, em perdão me levanta E eu canto, e eu canto
Olhando o mundo com uma visão nova Recitando poemas escritos em prosa Larguei o rancor, parti em missão De construir um poço e aos esfomeados dar O Pão
Àqueles que viajam em Teu nome abrigar Aos que na nudez se veem meu manto partilhar Pedir por aqueles que enterro em saudade E consolar os que não vivem na Tua verdade
Reconstruo com pedra nova
Eu ando descalça, em calçada branca O amor que me abriga, em perdão me levanta E eu canto, e eu canto
Que as minhas obras sejam em Teu nome. (4x)
Eu ando descalça, em calçada branca O amor que me abriga, em perdão me levanta E eu canto, e eu canto
Chamados a assumir e a transmitir com verdade, fidelidade e radicalidade a nossa pertença ao amor de Deus, deixemos irradiar a alegria e o entusiasmo do nosso coração em permanecer n’Ele, dirigindo-Lhe a nossa expressiva oração de gratidão.
Escutemos, na voz de um de nós, o apelo que nos é feito em Am 7, 12-15
Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: “Vai profetizar ao meu povo de Israel”».
Tentemos perceber melhor o grande desafio que o Senhor nos propôs
Amós era um prestigiado agricultor, súbdito de Ozias, rei de Judá. Deus chamou-o e confiou-lhe a missão de profeta no Reino do Norte, Israel. Amós partiu conforme o mandato do Senhor e assim nasceu o profeta. Deus, na sua imensa graça e soberania, chamou um simples homem do campo para levar a sua mensagem ao povo e aos poderosos de Israel e não escolheu um profeta oficial.
No Reino de Israel, reinava Jeroboão II que trouxe ao povo prosperidade e bem-estar. Apesar deste momento de esplendor político e económico, Israel estava a padecer duma grande decadência moral, havia grande corrupção, os ricos e poderosos adulteravam a justiça e oprimiam os pobres, ficando cada vez mais ricos, o povo, liderado pelo rei, pelos sacerdotes e falsos profetas, estava envolvido em falsa adoração e idolatria. Esta situação não deixa Amós indiferente e é neste contexto que ele vai pregar no santuário nacional de Betel.
Este texto descreve o confronto entre Amós e Amasias, o sacerdote oficial de Betel. A forma como Amós exerce a sua vocação e missão de profeta dá-nos algumas lições para a nossa vivência como discípulos missionários.
Primeira: Fidelidade Quando Amós começou a pregar contra a corrupção e opressão, o rei não gostou, Amasias irritou-se e expulsou Amós do templo, ao mesmo tempo, que proferia ameaças e questionava as suas qualificações de profeta. Amasias não queria ouvir a verdade de Deus porque isso ameaçava o seu poder e a sua posição. Amós não se deixou abalar e intimidar pela rejeição e humilhação. Apesar de ser proibido pelo rei, Amós continuou a pregar noutras cidades de Israel, denunciando a idolatria, a exploração dos pobres e a falta de misericórdia. Apesar da rejeição, Amós manteve-se fiel ao cumprimento da sua missão porque sabia que era uma missão divina.
Segunda: Coragem Como verdadeiro profeta, Amós falou onde tinha de falar e quando era oportuno. As suas palavras tornaram-se subversivas, duras e insuportáveis e por isso Amasias sai ao seu encontro e expulsa Amós do santuário, chamando-lhe falso profeta. Como sempre, quem diz a verdade, quem tem a coragem de meter o dedo na ferida, é forçado a calar-se. O profeta Amós sente que não se pode calar porque foi enviado por Deus. Precisamos da coragem de Amós na nossa missão de profetas para a anunciar e denunciar aquilo que é a Palavra de Deus e as injustiças que vamos assistindo. Quanta coragem falta para sermos profetas na nossa casa, no nosso trabalho, na nossa comunidade. Vamo-nos acomodando e muitas vezes tornamo-nos indiferentes. Peçamos ao Senhor que nos dê a coragem de Amós para podermos ser verdadeiramente profetas e missionários.
Terceira: Liberdade O texto fala de duas personagens: Amasias, o sacerdote de Betel, bem pago, cumulando favores e privilégios, e Amós, o pastor rude e pobre. Amasias era aclamado e respeitado, ocupava uma posição de prestígio, é amigo dos poderosos. Tem tudo mas não é livre. Pode ser resgatado a todo o momento pelo rei que lhe dá o pão e que pode tirar-lhe o lugar. Amasias deve estar sempre pronto a adular o rei, a secundar os seus jogos políticos, a fechar os olhos às suas más ações, a uma veneração incondicional. Amós, ao contrário, é pobre, mas independente. Pode dizer o que pensa, porque não tem nada a perder, nada a defender, não deve nada a ninguém. Como cristãos, precisamos de nos sentir livres para dizermos sempre a verdade e exteriorizarmos as nossas convicções. Peçamos ao Senhor que nos dê a liberdade e desprendimento de Amós para sermos verdadeiramente profetas.
Deus continua a vir ao nosso encontro, a falar-nos, a indicar-nos caminhos, a apontar-nos os nossos valores errados, a abrir-nos horizontes de esperança… Ao ser-nos confiada a missão de dar testemunho de Deus no mundo, urge responder ao Seu amor com um coração grato e disponível. Reflitamos:
Sou profeta na minha vida? Defendo a Palavra de Deus e evangelizo os outros?
As minhas atitudes são reflexo do Evangelho e avalio as situações à luz da Palavra Divina?
Sou livre na expressão da minha fé e na defesa dos valores cristãos? E dou importância a isso?
Qual foi a última situação em que pensei e defendi os valores de Jesus?
O nosso caminho de todos os dias tem obstáculos que nos fazem tropeçar, que nos mergulham no medo, que nos roubam a esperança. Sentimo-nos, por vezes, inseguros e desprotegidos, em busca de um porto seguro. Lembremo-nos nesses momentos que Deus nos abençoou, escolheu e nos capacitou com o Seu Espírito, permanecendo incondicionalmente ao nosso lado. Entregues a Deus, façamos-Lhe os nossos pedidos.
Consagrados a Deus, de forma verdadeira e radical, do mais profundo do nosso ser, rezemos
Meu Deus, enche-me de Espírito Santo e ilumina-me de modo a que as minhas atitudes e ações sejam como as que Jesus faria. Meu Deus, coloca-me as pessoas, apresenta-me as situações e deixa-me ser Teu profeta. Estou aqui, disponível para servir. Dá-me serviço!
Eleitos e abençoados para sermos profetas como Amós, benzemo-nos
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen.