Semana de 11 a 17 de junho de 2023 X DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
A oração é tão rica e proveitosa quanto a nossa vontade de estarmos com o Senhor. Preparemos o espaço, mas principalmente os nossos corações de modo a conhecer o Senhor. Tenhamos a Bíblia aberta no capítulo 6 do livro de Oseias e acendamos a vela ao iniciar esta oração.
Despertados pelo Senhor, a aurora pontual e inevitável, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Procuremos a Deus desde a aurora até ao entardecer, louvando-O fervorosamente
Desde a aurora procuro-Te Chamo-te até ao entardecer Tenho sede só de Ti Minha alma é como terra deserta.
Não pararei um só instante sempre cantarei o Teu louvor porque és meu Deus, o meu refúgio Proteger-me-ás na sombra das Tuas asas.
Não pararei um só instante sempre falarei das Tuas obras porque és meu Deus, único bem A noite não fará nada mais contra mim.
Resolutos a encetar uma verdadeira transformação do nosso coração e a assumir uma atitude interior de amor e de vontade de comunhão com Deus, comecemos por perceber o tanto que Ele nos oferece… Em voz alta, façamos a nossa oração de agradecimento, enumerando as dádivas que Lhe reconhecemos.
Busquemos o ensinamento presente no texto de Os 6, 3-6, que um e nós pode ler em voz alta
Procuremos conhecer o Senhor. A sua vinda é certa como a aurora. Virá a nós como o aguaceiro de Outono, como a chuva da Primavera sobre a face da terra. «Que farei por ti, Efraim? Que farei por ti, Judá?» – diz o Senhor – – «O vosso amor é como o nevoeiro da manhã, como o orvalho da madrugada, que logo se evapora. Por isso vos castiguei por meio dos Profetas e vos matei com palavras da minha boca; e o meu direito resplandece como a luz. Porque Eu quero a misericórdia e não o sacrifício, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos».
Explorando a mensagem do texto, façamos a descoberta das “lições” que nos ensina:
Oseias exerceu a sua missão profética num período muito complicado da história do povo de Israel. A nível político, o rei de Israel alia-se a Damasco para atacar o reino de Judá e este pede auxílio à poderosa Assíria que derrotou Damasco e destronou o rei de Israel. As alianças e o domínio de outros povos tinham sempre implicações religiosas porque a religião desses povos entrava sempre em Israel. Muitas pessoas abraçaram a apostasia e prestavam culto a Baal. Ao invés de olharem para o Senhor como soberano provedor, os israelitas olhavam para o falso deus cananeu como razão da fertilidade e prosperidade que desejavam. Os líderes religiosos também não se mostravam motivados a combater a idolatria, a corte israelita estava envolvida em corrupção, injustiça e guerra. É neste contexto que Deus suscitou o profeta Oseias para denunciar a infidelidade de Israel. Oseias profetizou sobre o juízo de Deus que inevitavelmente cairia sobre Israel por causa do seu comportamento. No texto proposto para esta oração, podemos verificar três denúncias:
Primeira: arrependimento superficial Os israelitas sabiam que o arrependimento lhes poderia trazer o favor de Deus e é neste sentido que surge o cântico de arrependimento. O problema é que o arrependimento de Israel não foi genuíno. Embora o povo estivesse correto ao dizer “procuremos conhecer o Senhor”, estas palavras foram ditas da boca para fora como parece indicar pela resposta irado do Senhor nos versículos seguintes. O povo deleitava-se na idolatria e pensava que podia enganar o Senhor com uma falsa aparência de piedade. Pelo texto, o povo pensava que mostrando fidelidade de forma automática tinha o favor de Deus, tão certo “como o aguaceiro de Outono, como a chuva da Primavera sobre a face da terra”. O povo não queria livrar-se do pecado mas das consequências do pecado, não queria um aprofundamento da sua experiência com Deus, não procurava o Senhor de verdade mas estava preocupado com o castigo pelo pecado e não com o pecado e o arrependimento em si mesmo. Eles só queriam escapar ao castigo de Deus anunciado por Oseias.
Segunda: Amor inconstante Na sua resposta, o Senhor também aplicou os fenómenos da natureza para falar da inconstância de Israel, dizendo: “o vosso amor é como o nevoeiro da manhã, como o orvalho da madrugada, que logo se evapora”. Com esta linguagem, Deus diz ao seu povo que o seu amor é como o nevoeiro e o orvalho, isto é, epidérmico, vacilante, instável e passageiro. Não dura muito tempo. Não havia sinceridade em conhecer o Senhor nem constância em amá-l’O. Deus não se impressiona com palavras bonitas porque Ele vê o coração e por isso as palavras que deveriam salvá-los são enviadas para os castigar.
Terceira: Culto fingido O falso arrependimento de Israel e a sua conversão superficial manifestava-se numa vida religiosa com abundantes sacrifícios mas desacompanhada duma vida santa. O povo de Israel cometia todo o tipo de pecado, mas para demonstrar que eram boas pessoas, entregavam a Deus todo o tipo de sacrifícios. Não havia conexão entre culto e vida, faziam muitos sacrifícios mas o coração estava vazio da prática da misericórdia. O povo de Deus substituía o amor verdadeiro por pompas rituais. Sem misericórdia, sem amor, sem arrependimento sincero, os sacrifícios não têm sentido diante de Deus e só funcionam como máscara diante dos homens. Surge assim uma adoração vazia tentativa de angariar as bênçãos de Deus.
Deus chama-nos a viver em aliança com Ele, com uma adesão verdadeira e sincera, que implica a totalidade da nossa vida… Ainda que a nossa relação com Deus seja muitas vezes pautada pela inconstância, pela rotina, pela monotonia, pelo “culto fingido” ou pelo cansaço, Ele aguarda a nossa conversão sincera. Aproximemo-nos do Pai, refletindo
Como é que respondo ao “chamamento” de Deus? Com um compromisso de “meias tintas”, sem exigência nem radicalidade?
A minha oração é um repetir fielmente uma cassete gravada de antemão, ou é um momento íntimo de encontro com o Senhor e de resposta ao seu amor?
A Eucaristia é, para mim, um ritual obrigatório, que eu cumpro, ou é esse momento fundamental de encontro com o Deus que me dá a Sua Palavra e o Seu Pão?
A salvação que Deus nos oferece resulta do Seu amor infinito e da Sua vontade de nos ver plenamente felizes e realizados. Com total confiança e com total entrega a uma relação verdadeira e forte com Deus, depositemos no Seu abraço bondoso e misericordioso, as preces que Lhe dirigimos, em voz alta
De olhos fechados, “corações ao alto” e fé em Deus, rezemos
Bendito Deus, com o Teu coração amável, sustenta as nossas fraquezas e incrementa em nós o desejo de comungar conTigo e a fidelidade dos nossos pensamentos para Ti; Que o Teu Espírito reavive a nossa fé e fortaleça o nosso amor para ser mais consistente que “o nevoeiro da manhã, ou o orvalho da madrugada, que logo se evapora”.
Revestidos das bençãos e da luz que emanam do amor do Pai, benzemo-nos