Semana de 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2023 IV DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Sentirmos vontade de estar com Jesus e querermos fazê-lo juntos em família é a condição para tirarmos o máximo proveito deste momento. Tenhamos a Bíblia preparada em Sof 2, 3 e em Mt 5, 1 e uma vela para acender quando se der início à oração.
Entregues nas mãos de Deus, com humildade, confiança e um coração puro, acolhamos as Suas palavras de amor, benzendo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos a Deus que Se aproxima para pegar na nossa mão e cuidar do nosso coração, fazendo-nos “Bem aventurados de coração puro”
Buscando ser “puros” e “humildes” de coração, numa atitude espiritual de sermos pessoas pacíficas, piedosas, simples, justas e solidárias com os irmãos, confiantes em Deus e obedientes às Suas propostas de salvação, facilmente estaremos atentos às maravilhas que Ele nos oferece… Mostremos-Lhe a nossa gratidão, em voz alta
Conheçamos O Deus que Se revela na Palavra, escutando na voz de um de nós, os textos de Sof 2, 3 e Mt 5, 1-12
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Começamos, neste domingo, a leitura do Sermão da Montanha com a proclamação das Bem-aventuranças. Segundo São Mateus, elas são oito e a reflexão desta oração fixa-se na sexta: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”.
A Bíblia estabelece que o coração é o centro de controlo da mente e da vontade, bem como das emoções. O coração é o manancial de onde fluem todas as demais coisas na vida duma pessoa. Por isso Jesus podia dizer: “Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações?” (Mt 9, 4). É de suma importância que o coração seja puro para que possamos viver em harmonia com os princípios divinos. A palavra grega para puros ou limpos é katharós que tem uma variedade de usos. Na sua origem, katharós queria dizer simplesmente limpo mas usava-se também em relação ao trigo que era depurado após ter tirado a palha e estava limpo. Refere-se a algo sem mistura, sem mescla, adulteração ou alienação, como por exemplo leite e vinho não adulterados ou o metal que possui autenticidade e não tem a mais ligeira alteração. A nível espiritual e moral, este termo refere-se à pureza ética caracterizada por um comportamento puro que é manifesto por meio de pensamentos, motivos e atitudes puras, sinceras, autênticas e sem hipocrisia no relacionamento com Deus e com o próximo.
O oposto de pureza no campo espiritual é ser inconstante. A pessoa inconstante procura seguir a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. O coração impuro é o coração dividido. É um coração que procura alcançar dois alvos incompatíveis ao mesmo tempo. É como o ouro que não foi purificado e está com impureza. Não existe pureza num coração que ainda está dividido entre as coisas de Deus e as coisas do mundo. Jesus ensinou-nos isso mesmo quando disse: “Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24).
A maior tragédia na saúde e vivência espiritual é ter um coração duplo e Jesus adverte-nos para isso: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mt 15, 8). O coração duplo engana-se a si mesmo, não deixa a sua condição e é morno. O coração dividido não está longe de Deus mas também não está perto. Dificilmente, o coração dividido se arrepende porque ele acha-se fiel. É por isso que Deus o vomita, como diz o livro do Apocalipse: “Oxalá fosses frio ou quente. Assim, porque és morno – e não és frio nem quente – vou vomitar-te da minha boca.” (Ap 3, 15-16).
O coração duplo e dividido coxeia entre dois desejos e dois mundos: quer ser misericordioso mas não perdoa ao irmão; quer partilhar mas é avarento; quer viver em paz mas semeia a discórdia; proclama a justiça mas explora e aproveita-se do próximo, diz que ama a Deus mas vive atrás do dinheiro… Numa altura em que em Israel, os chefes discutiam se seria melhor aliar-se ao Egipto ou a Assíria, Sofonias exorta, dizendo: “procurai o Senhor”. Em vez de vaguearem dum lado para o outro, virem-se para Deus, para a Sua palavra, os Seus ensinamentos.
O puro de coração é aquele que procura a Deus de todo o coração e a Ele se entrega sem reservas, sem coxear entre dois desejos porque não há ídolos a competir no seu coração, ele não está divido. Como recomenda o salmista, “Felizes os que cumprem os seus preceitos e o procuram com todo o coração” (Sl 119, 2) e não só com uma parte ou um restinho.
Comprometidos a fazer parte do “Reino”, como “bem-aventurados” que procuram cumprir fielmente a vontade de Deus, cultivemos a sinceridade e pureza de coração. Assim, dispostos a renunciar ao orgulho, à prepotência, ao egoísmo, ao autoritarismo, num caminho de conversão e regresso à comunhão com Deus, reflitamos juntos:
Alimento maus pensamentos no meu coração? O que posso fazer para corrigir essa atitude?
De que forma posso purificar o meu coração?
O meu coração tende mais para este mundo ou mais para Deus?
Como entrego o meu coração a Deus?
Procurando Deus com espírito aberto e coração disponível, poderemos conhecer o verdadeiro rosto de um Deus que Se solidariza com os pobres, com os humilhados, com os ofendidos, com os explorados e a todos oferece, sem distinção, a salvação. Sabendo-o, entreguemos-Lhe humilde e confiadamente, em voz alta, os nossos pedidos, as nossas preces…
Felizes e entregues confiadamente nas mãos de Deus, procurando fazer sempre a Sua vontade, rezemos-Lhe
Deus Pai, nós, os pobres, os mansos, os aflitos, os misericordiosos, os famintos da Tua justiça, procuramos o Teu rosto… Pedimos-Te ajuda para sermos “puros de coração” e desenvolver em nós um coração honesto e leal, capaz de compadecer-se, de amar sem limites, que se deixa tocar pelos sofrimentos e alegrias dos outros, que é capaz de ir ao encontro dos irmãos e estender-lhes a mão. Assim, seremos as testemunhas do Teu Reino.
Purificados, saciados e revigorados com a bondade e a justiça de Deus, aceitemos as Suas bençãos e benzemo-nos