Semana de 6 a 12 de novembro de 2022 XXXII Domingo Comum – Ano C
Preparemos o espaço para a oração de maneira a que fiquemos confortáveis e disponíveis para o encontro com Deus e uns com os outros. Preparemos a Bíblia em 2 Mac 7, 1-2.9-14 e uma vela que acendemos quando todos estiverem prontos para iniciar.
Com fidelidade e coragem para seguir e defender a mensagem de Deus, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Sem medos ou temor das tempestades, confiemos e louvemos a Deus que nos dá salvação e fortaleza, curando os nossos corações com o Seu perdão e amor eterno.
Contemplamos e classificamos todas as coisas à luz da nossa realidade terrena…
Reconhecemos que a nossa capacidade de compreensão dos mistérios de Deus e da ressurreição é limitada, pois ultrapassa totalmente a nossa condição humana… Ficamos deslumbrados com a magnificência de todas as maravilhas que Deus nos oferece… Em voz alta, mostremos a nossa gratidão ao Pai pelas Suas dádivas.
Ansiosos por estar mais próximos do amor do Pai, aconcheguemo-nos nos ensinamentos que nos transmite no texto de 2 Mac 7, 1-2.9-14, que pode ser lido por um de nós.
Naqueles dias, foram presos sete irmãos, juntamente com a mãe, e o rei da Síria quis obrigá-los, à força de golpes de azorrague e de nervos de boi, a comer carne de porco proibida pela Lei judaica. Um deles tomou a palavra em nome de todos e falou assim ao rei: «Que pretendes perguntar e saber de nós? Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Prestes a soltar o último suspiro, o segundo irmão disse: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». Depois deste começaram a torturar o terceiro. Intimado a pôr fora a língua, apresentou-a sem demora e estendeu as mãos resolutamente, dizendo com nobre coragem: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo». O próprio rei e quantos o acompanhavam estavam admirados com a força de ânimo do jovem, que não fazia nenhum caso das torturas. Depois de executado este último, sujeitaram o quarto ao mesmo suplício. Quando estava para morrer, falou assim: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».
Tentemos perceber a mensagem vivificadora que este texto nos apresenta
O que levou aqueles jovens macabeus a deixarem-se martirizar? Por que morreram se bastava terem comido carne de porco? Não parece ridículo? Os dois livros dos Macabeus descrevem acontecimentos e lutas travadas contra os soberanos selêucidas para obter a liberdade religiosa e política do povo judeu nos séculos II e I antes de Cristo. Antíoco IV, admirador da cultura helenística, pretende helenizar também a Palestina. Assim, o Templo, em Jerusalém, é profanado e dedicado a Zeus Olímpio, é abolida a Torá e é proibida a circuncisão. Para alcançar os seus objetivos, Antíoco IV não hesitava em recorrer a métodos violentos: perseguia, torturava, punia, severamente quem transgredisse as suas disposições. Muitos judeus abandonaram a fé, muitos sacerdotes operavam no Templo, adorando ídolos… mas muitos judeus, liderados por Matatias, preferiram morrer a profanar a aliança sagrada.
Um dia, o rei Antíoco IV, tendo detido uma mãe e os seus sete filhos, quis obrigá-los a violar a lei, comendo carne de porco. Este texto bíblico refere as respostas corajosas dadas ao rei pelos primeiros quatro irmãos e são uma profissão de fé na ressurreição. Nunca no Antigo Testamento tinham sido feitas afirmações claras sobre esta verdade. Os sete irmãos tiveram a coragem de renunciar a esta vida porque estavam certos de que Deus lhes daria uma outra. Eles estavam convencidos de que receberiam de Deus apenas uma vida parecida com a que, por causa da sua fidelidade à Lei, lhe era tirada. Não estavam à espera de algo completamente novo.
Esta ideia é partilhada pelos saduceus no Evangelho (Lc 20, 27-38), onde contam a Jesus uma história para ridicularizar a fé na ressurreição. O problema de fundo dos Macabeus e Saduceus não está ultrapassado nos dias de hoje. Muitos cristãos conservam uma visão distorcida da ressurreição, imaginando-a como um retomar da vida terrena. Parece que cada pessoa tem como interesse principal o de construir a sua família terrena num cantinho do céu, o resto pouco importa. A vida futura não pode ser vista como uma espécie de prolongamento da vida presente, mas ela é outra vida. A ressurreição não será reanimação, ressuscitação, revivificação, regresso ao passado ou reencarnação como se alguém pudesse apropriar-se do meu lugar ou eu voltasse a ocupar o lugar de outro.
A ressurreição não é uma teoria que se aceita mas ela implica sobretudo um estilo de vida que se assume. Foi isso mesmo que testemunharam os sete irmãos e sua mãe e tantos mártires ao longo da história. Movidos pela fé na ressurreição, os mártires preferiram morrer para não fazer aquilo que ao fazer-se os fazia renunciar à vida eterna, isto é, ir contra a Lei de Deus. Os mártires são um exemplo de coerência, fidelidade, constância, fortaleza no seguimento da Palavra de Deus e de como a fé na ressurreição deve transformar o nosso agir.
Se eu acredito na ressurreição, devo agir com atitudes que geram vida, movidas pela Palavra de Deus. As atitudes de bondade, de acolhimento e de amor ao próximo, de empenho em lutar por uma vida digna e por relações de fraternidade, de justiça e de paz evidenciam a ressurreição como proposta de realização na vida humana. Como diz São João, quando amamos os irmãos passamos da morte à vida e isto é ressuscitar. (Cfr 1 Jo 3, 14).
Deus, o Criador, ressuscita cada ser humano, como sinal do Seu infinito e eterno amor, fazendo de cada Homem, um verdadeiro “pedaço de eternidade”. O caminho para a nossa própria vida em plenitude é-nos revelado pela ressurreição de Jesus, após a Sua vida de fidelidade aos ensinamentos do Pai, com gestos concretos de bondade, acolhimento e amor ao próximo. Reflitamos, com o Seu testemunho.
Sou capaz de lutar, ainda que contra a corrente, pelos valores de Deus?
Confio em Deus e peço-Lhe ajuda ou deixo que o medo e o desânimo me levem a desistir?
A que estou disposto a renunciar por amor a Deus?
Será que eu amo os outros?
Muitas vezes o medo limita a nossa existência e impede-nos de defender os valores em que acreditamos… Ousemos comprometer-nos na luta pela justiça e pela verdade da nossa fé, na certeza de que as forças da morte não nos podem vencer ou destruir e devotamente, com humildade, em voz alta, façamos os nossos pedidos a Deus Pai.
Comprometidos a viver no amor, na partilha e na entrega da vida, rezemos, intimamente, ao Pai
Escuta Senhor a nossa oração, feita com sinceridade…
Queremos verdadeiramente transformar as Tuas palavras, em atitudes e gestos de genuíno encontro conTigo e com os nossos irmãos, nos caminhos da vida. Sabendo que diriges os nossos corações, aguardamos, com fé e perseverança, a vida plena da ressurreição.
Impacientes para fortalecer a nossa coerência, fidelidade, constância e fortaleza no seguimento da Palavra de Deus, aceitemos a Sua benção