Semana de 12 a 18 de setembro de 2021 XXIV Domingo do Tempo Comum – Ano B
Juntemo-nos num espaço tranquilo e que nos permita refletir em família. Folheemos a bíblia e encontremos o texto de Mc 8, 27-35. Quando estivermos prontos para iniciar a oração, acendemos a vela.
Prontos a assumir com total obediência e fidelidade, os desafios que Deus nos faz, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Expressemos o nosso louvor a Jesus que nos convida a segui-lO e apreciemos com devoção, o cântico
Toma a tua cruz e segue-Me Vive sem medo de te dares. Toma a tua cruz e segue-Me Já que tens tanto p’ra dar.
Cristo que te chama nunca te deixa só Está contigo antes que chegues a pensar Mesmo que duvides, não duvides de ti É na tua cruz que Ele está
Se Cristo te chama, Ele sabe porquê Pois sabe o que fez e o que criou em ti Pára para veres tudo aquilo que és É no teu amor que Ele está
Já que tens tanto p’ra dar Já que tens tanto p’ra dar
A Ti Messias, o Filho de Deus, que nos demonstras o dom da vida e do amor até às últimas consequências, recebe este nosso gesto sincero de reconhecimento e gratidão pelas bênçãos que nos concedes, e que vamos partilhar em voz alta.
Deixemo-nos seduzir com o texto de Mc 8, 27-35, que um de nós vai ler em voz alta, preferencialmente da Bíblia
Naquele tempo, Jesus partiu com os seus discípulos para as povoações de Cesareia de Filipe. No caminho, fez-lhes esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» Eles responderam: «Uns dizem João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas». Jesus então perguntou-lhes: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias». Ordenou-lhes então severamente que não falassem d’Ele a ninguém. Depois, começou a ensinar-lhes que o Filho do homem tinha de sofrer muito, de ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas; de ser morto e ressuscitar três dias depois. E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas. Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O. Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás, porque não compreendes as coisas de Deus, mas só as dos homens». E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».
Depois de fazer um levantamento da situação e esclarecer os seus discípulos, Jesus apresenta as condições para O seguir. “Se alguém quiser seguir-Me”, isto é, quem quiser vir atrás de Mim “no caminho” em primeiro lugar deve “renunciar a si mesmo”. Que significa isso? Desde a infância, o ser humano usa abundantemente os pronomes “meu/minha”: o meu brinquedo, os meus sonhos, a minha vida, o meu dinheiro, a minha vontade, os meus direitos, etc. O ser humano tornou-se completamente egocêntrico, ensimesmado, voltado para si mesmo, como se o mundo todo tivesse que girar ao seu redor, como se o próprio coração fosse soberano sobre todas as coisas. Cheio de si mesmo, o ser humano não dá espaço para amar a Deus e ao próximo. Jesus deu-nos a resposta em forma verbal e prática: “renunciar a si mesmo”. Não se trata de parar de comer doces, de fumar ou beber por um período de abstinência voluntária. A questão não é negar algumas coisas a si mesmo mas negar-se a si mesmo. A “renúncia a si mesmo” não é um exercício de masoquismo, não é mutilar-se, nem buscar sacrifícios, nem anular-se. Aquele que segue Jesus precisa de dizer não às tendências egocêntricas do seu coração que querem fechá-lo em si mesmo e travam o impulso de vida. É dizer não ao “eu” e sim a Cristo, é repudiar o “eu” e reconhecer Cristo como o Senhor das nossas vidas. Como podemos colocar água num copo completamente cheio? Como colocar ar num balão que não pode levar mais ar? Tirando água do copo ou ar do balão. Simples, não é? Este é o grande princípio da economia da salvação: o esvaziamento vem sempre antes do encher. Para acolher e aceitar a vontade do Senhor precisamos de nos esvaziar do orgulho, da vaidade, da presunção, precisamos de estar vazios como um poço para que o Senhor possa entrar. Para amar é preciso, em primeiro lugar, “renunciar a si mesmo” por meio duma entrega completa da vida a Cristo Jesus. Só a renúncia a nós mesmos pode abrir espaço para o amor a Deus e ao próximo. “Renunciar a si mesmo” é abrir mão do nosso “ego” porque, no mais profundo de cada um de nós, habita uma pretensão básica de querer “ser deus” – “sereis como deuses”, disse a serpente. É o pecado de raiz dos nossos primeiros pais, é a tentação de querer ser outro, de não aceitar ser dependente, de não aceitar-se como criatura, como ser humano frágil e limitado. “Renunciar a si mesmo” é não deixar que o impulso para a vaidade e soberba predomine. É não deixar que o centro seja o “eu” mas Deus. Para entrar na escola de Jesus, precisamos de nos distanciar daquela tendência que deseja possuir, dominar, usar tudo para os nossos próprios fins, que sempre gira em torno de nós mesmos e que até tenta instrumentalizar o próprio Deus. Todos os caminhos autênticos de espiritualidade começam por um esvaziamento do ego, uma “renúncia a si mesmo”, não para negar-se como pessoa, mas, pelo contrário, para crescer ao recuperar a verdadeira identidade. Quando o “meu eu diminui”, descubro que faço parte de algo maior, que pertenço a Deus. “Renunciar a si mesmo” é uma expressão que quebra e esvazia toda a pretensão de autoafirmação do “eu” mas leva a ser “pobre em espírito”, isto é, bem-aventurado.
Envolvidos pela cultura da facilidade e do comodismo temos medo de arriscar e preferimos fechar-nos no nosso “cantinho” protegido, arrumado e seguro. Deixemo-nos interpelar pelos desafios de Deus e reflitamos
Até onde consigo ir na renúncia a mim mesmo?
De que tenho de me esvaziar ou a que deve renunciar para que no meu coração haja espaço para Jesus entrar?
Já me passou pela cabeça ser missionário, religioso ou sacerdote?
Numa sociedade narcisista em que se cultiva um amor doentio por si próprio e, sobretudo, pela própria imagem, procuro ser eu mesmo ou faço tudo para ter a aprovação dos outros?
Ainda que muitas vezes vivamos fechados em nós mesmos, indiferentes aos dramas que se passam à nossa volta e insensíveis às necessidades dos irmãos, ousemos dirigir as nossas sentidas preces a Deus Pai
Contemplemos e rezemos, de olhos fechados e de mãos dadas, a oração do Pai Nosso
Messias, que nos convidas a entender que a nossa vida é um dom generoso de Deus e que oferecê-la por amor não é perdê-la, mas ganhá-la, ajuda-nos a transparecer a nossa fé através de gestos de amor, solidariedade, fraternidade, serviço, partilha e perdão na relação com os irmãos para nos aproximarmos da vida verdadeira.
Confiantes de conseguirmos seguir o nosso caminho, tomando a nossa cruz, benzemo-nos.