Semana de 9 a 15 de novembro de 2025 DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO
Se poder orar em família é uma graça, tenhamos consciência de que não podemos deixar esta graça retida em nós. Levemos a boa nova. Anunciemos Jesus Cristo! Tenhamos a Bíblia aberta no capítulo 47 do livro de Ezequiel e uma vela acesa para nos lembrarmos que Jesus está vivo e no meio de nós.
Deixando que a Palavra de Deus corra como um rio no nosso coração, trazendo vida, paz e esperança, benzemo-nos.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos a Deus, a água pura que nos ama, ilumina e alimenta a nossa fonte.
Eu voltei, não como um rei de ouro e marfins, nem como o barulho dos trovões, mas como um sussurro do vento que estão a ouvir. Vi as vossas fronteiras desenhadas com medo na areia. Vi o quanto se odeiam, sem ver que a dor vos semeia. Construíram muralhas de pedra, onde eu pedi pontes. Esqueceram a água pura que bebi das vossas fontes. Mas a luz que eu trouxe ao mundo nunca se apagou. Está em cada braço honesto que alguém hoje dê Está na mão estendida.
Amem-se uns aos outros, como eu sempre vos amei. Não há maior verdade, não há outra única lei. Vejam o divino no rosto do irmão. Essa é a nova aliança, minha canção.
Procuram-me nos templos de betão e poder. Estou no faminto que espera para comer. Estou no desespero de quem perdeu toda a fé. Eu sou o caminho. Ponham-se de pé.
A luz que eu trouxe, ela brilha em vós. Todas as cores em cada única voz. Não olhem para os seus, olhem para o lado.
Amem-se uns aos outros, como eu sempre vos amei. Não há maior verdade, não há outra única lei. Vejam o divino no rosto do irmão. Essa é a nova aliança, minha canção.
Tanto tempo perdido, tanto tempo, tanta dor desnecessária.
Mas o hoje é o dia, o agora é o momento. Deixem cair as armas, abracem o perdão. Eu sou o princípio e o fim da vossa divisão.
Amem-se uns aos outros, como eu sempre vos amei. A maior verdade, não há outra única lei. Vejam o divino no rosto do irmão. Essa é a nova aliança, minha canção.
Eu estou convosco. Amem-se!
Onde Deus passa, tudo revive! Ele é a fonte que jorra amor gratuito e transformador; é a presença viva que penetra tudo, que cura, frutifica e renova o coração humano. Cheios da Sua graça, façamos-Lhe a nossa oração de agradecimento.
Escutemos na voz de um de nós o texto de Ez 47, 1-2.8-9.12.
Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Debaixo do limiar da porta saía água em direção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar. O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora, até à porta exterior que está voltada para o Oriente. As águas corriam do lado direito. O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce para Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo alento e o peixe será mais abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente. À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto; a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».
Tentemos perceber melhor esta mensagem transformadora:
No dia 9 de novembro, em que celebramos a dedicação da Basílica de São João de Latrão, a catedral do Papa, como bispo de Roma, e a “mãe de todas as Igrejas” do mundo, a liturgia apresenta-nos uma visão do profeta Ezequiel. Desta visão, podemos tirar alguns ensinamentos:
Primeiro: A água brota do templo Nos capítulos 10 e 11 do livro de Ezequiel, o profeta fala do abandono do templo da parte de Deus. No capítulo 43, Ezequiel diz que Deus retorna ao templo pela porta oriental. Ao retornar ao templo, Deus manifesta a sua misericórdia, fidelidade, graça e amor incondicional. Apesar das infidelidades, Deus não abandona a sua aliança e promete restaurar a sua presença entre o povo. No Antigo Testamento, o templo de Jerusalém era o sinal visível da presença de Deus no meio do povo, era o coração espiritual de Israel, era o lugar onde Deus, como soberano, reinava e governava o seu povo. Quando Ezequiel vê a água a brotar dali, ele vê Deus a derramar a sua vida sobre o mundo a partir do seu lugar santo. A fonte da vida é o altar de Deus.
Esta água é símbolo da graça de Deus e do seu amor gratuito e transformador, é símbolo do Espírito Santo, a presença viva e atuante de Deus, que penetra tudo e renova o coração humano e a criação, é símbolo dos sacramentos, que são canais visíveis da graça de Deus. Hoje, nós sabemos que Cristo é o novo templo e que a Igreja é o seu Corpo, templo vivo, e cada um de nós, batizado, é também morada do Espírito Santo (1 Cor 3, 16), ou seja, de dentro do templo – de Cristo, da Igreja e da cada fiel – deve brotar uma água que dá vida.
Segundo: A água não fica no templo mas cresce, espalha-se e transforma tudo O impressionante é que esta água não fica no templo, mas corre para fora, vai além dos muros, atravessa o deserto, chega ao mar morto e transforma tudo por onde passa. A graça de Deus não é para ser guardada. O amor e os dons que recebemos no batismo, a força da Eucaristia, a Palavra que escutamos… tudo é para ser compartilhado. A graça da água é missionária, ela precisa de sair do templo, sair da sacristia, sair da zona de conforto e tocar o mundo real. A água que nasce de templo vai ao deserto e ao mar morto, dois lugares simbólicos: o deserto representa o vazio, a solidão, a sede do ser humano; o mar morto, simboliza o que está sem vida, endurecido, poluído pelo pecado e pelo sofrimento. É exatamente aí que Deus quer agir, no quotidiano. A Igreja e cada um de nós, como templo da visão de Ezequiel, somos chamados a ser fonte que jorra e não uma cisterna fechada. A água não deve ficar só em mim, ela precisa passar por mim, transformar-me e alcançar outros. É preciso que a água flua em mim, transforme o meu interior mas para isso preciso de libertar os bloqueios ao Espírito Santo porque o rio não flui onde há muros e a graça também não. Na verdade, a água só permanece viva se circular, se fluir e se for partilhada. Esta visão convida-nos a levar a vida ao mundo: onde há desespero, injustiça, frieza, descrença… ali a Igreja deve chegar, como esse rio de Ezequiel, a levar esperança, cura, paz, consolo, escuta e amor.
Que a graça que recebemos nunca fique retida em nós, mas seja como este rio: viva, em movimento, cheia de frutos e capaz de transformar o mundo.
O rio que nasce do templo, começa pequeno e cresce à medida que avança… E por onde passam as águas do Espírito, brotam fontes de amor e esperança…Assim é a graça de Deus em nós: simples, silenciosa, mas poderosa e transformadora… Querendo ser como este rio: vivo, em movimento, cheio de frutos e capaz de transformar o mundo, reflitamos.
A oração e a Palavra de Deus são fonte de vida para mim?
Há espaços no meu coração onde a “água” não chegou- zonas de rancor, medo ou desânimo?
As minhas palavras e atitudes trazem vida aos outros?
Que posso fazer para que a presença de Deus flua mais livremente através de mim?
Por vezes o nosso coração parece um deserto: árido, cansado, sem fruto… É a graça de Deus que brota em nós e purifica quem está ferido; alimenta quem está seco e faz florescer o amor a esperança e a alegria, que curam e renovam o nosso coração. Cientes da Sua presença e bondade, entreguemos ao Pai os nossos pedidos.
Querendo ser canais do amor de Deus e gotas do Seu rio, que dão visa e esperança aos outros, rezemos-Lhe.
Senhor, fonte de vida, faz correr em nós as águas puras do Espírito Santo, para que lavem o que está impuro, curem o que está ferido e façam florescer o que parece moribundo. Ensina-nos a ser, no meio dos outros, canais do Teu amor e da Tua paz. Que a nossa vida, seja como uma árvore plantada junto das Tuas águas, dando fruto a cada estação, testemunhando que onde Tu estás, há vida em abundância.
Abençoadas com a água pura que brota da fonte divina e nos transforma, benzemo-nos.