UM PROCESSO DE CRESCIMENTO

Depositar a esperança em algo ou alguém é um ato de confiança e de entrega. A esperança dá-nos força para seguir em frente, para acreditar que as coisas podem melhorar ou que algo de positivo pode acontecer. Quando tudo isto não se concretiza, surge a deceção e sentir que as nossas expetativas foram traídas ou que o que esperávamos não veio a acontecer é uma experiência bastante dolorosa. Se te fias nas tuas forças, contas com as tuas capacidades, com aquilo que possuis ou com as relações que manténs, com as pessoas com que estás ligado, mais tarde ou mais cedo, ficarás desiludido. Quem nunca ficou dececionado com algo, alguém ou até consigo próprio, porque as coisas e as pessoas são limitadas e não são perfeitas.

Neste texto, São Paulo diz-nos que a esperança que nós temos em Deus não nos engana, não nos desilude, não nos dececiona. Quem nunca se sentiu dececionado com Deus porque as coisas não aconteceram da maneira que nós imaginávamos? Para chegar ao nível de esperança de que fala São Paulo precisamos de passar por um processo, é como subir ao topo duma escada, é preciso subir degrau por degrau. Para chegarmos ao topo desta esperança em Deus que nos ama e porque nos ama não nos desilude, nós precisamos de passar por estes degraus:

Primeiro degrau: tribulação
A palavra tribulação manifesta-se em sofrimentos internos ou externos como a perseguição por causa da fé, angústias, deceções, dores, doenças, injustiças, pobreza, discriminação, preocupações com o futuro… Ao falar de tribulação, São Paulo não se refere a pequenos incómodos mas a sofrimentos reais. Por mais que não se consiga entender, por mais que não se consiga ver com os olhos naturais, há sempre uma razão por detrás das tribulações. Não foi à toa que São Paulo escreveu que ele se gloriava (alegrava) nas suas próprias tribulações e teve muitas. As tribulações forçam-nas a sair da nossa zona de conforto e a lidar com situações difíceis e isto pode resultar numa transformação interior do nosso caráter.

Segundo degrau: perseverança
Ser uma pessoa perseverante é ter firmeza, constância e paciência, não se desviar dos seus propósitos apesar dos sofrimentos, provações e tribulações. A tribulação produz perseverança porque somos desafiados a continuar em frente, mesmo quando as circunstâncias não são favoráveis. Cada vez que conseguimos superar uma dificuldade, a nossa capacidade de lidar com futuras dificuldades fortalece-se. O cristão não foge das tribulações mas enfrenta-as com coragem porque vê nelas uma oportunidade para crescer na perseverança e na resistência, virtude característica dos mártires que não se dobravam diante de nada.

Terceiro degrau: “virtude sólida”
Uma virtude sólida ajuda-nos a confiar mais plenamente no plano divino, mesmo em momentos de incerteza ou sofrimento. O conceito “virtude sólida” refere-se a um carater forte e inabalável que é cultivado na resistência diante das adversidades. O processo de perseverar transforma-nos de dentro para fora. As dificuldades testam as nossas reações e escolhas e permitem-nos cultivar virtudes como paciência, integridade, força de vontade, resiliência e uma esperança inabalável na sabedoria e direção de Deus para cada um de nós.

Eu preferia que Deus borrifasse perseverança, virtude sólida e esperança sobre mim enquanto durmo. Eu preferia acordar como um cristão melhor, mas esse não é o plano de Deus para mim ou para qualquer outro cristão. É preciso passar por um processo no qual temos a ajuda de Deus e sem processo não há crescimento na esperança em Deus.