Semana de 2 a 8 de junho de 2024 IX DOMINGO COMUM – Ano B
Este momento para “Orar Em Família” tem mais força e mais profundidade quando o aproveitamos genuinamente em vez de o fazermos apenas por hábito ou quase por obrigação. Assim, encontremos o tempo certo, preparemos o espaço e coloquemo-nos ao Seu dispor para que o Espírito Santo nos ilumine de modo a vivermos o melhor possível esta oração.
Ávidos pela instrução paternal de Deus, modelo do agir humano, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
De olhos fechados, escutemos a essência deste cântico de louvor sentindo o afago e o aconchego do Pai, que reside no nosso coração.
Porque o Teu amor é melhor do que a vida Os meu lábios Te louvarão enquanto eu viver Em Teu nome levantarei as minhas mãos A minh’alma se fartará só em Ti
Só em Ti, A minh’alma se fartará Só em Ti Só em Ti, meu Jesus Só em Ti A minh’alma se fartará Só em Ti, Só em Ti, meu Jesus.
A cada domingo – Dia do Senhor – saciados com o pão eucarístico, haurimos a força d’Ele, que é o Senhor da vida e experimentamos a comunhão dos irmãos e irmãs em Cristo. É uma alegria encontrar aí a energia necessária para enfrentar os afazeres e o cansaço do caminho. Estendamos as mãos, em sinal de gratidão pelo tanto que recebemos, e como gesto de entrega aos desígnios de Deus Pai e, em voz alta, digamos-Lhe tudo aquilo que Lhe queremos agradecer.
Escutemos, na voz de um de nós, o caminho de salvação que Deus nos indica na sua Palavra, em Mc 2, 23 – 3, 6
Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado».
Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele.
Este texto diz tanto. Vamos aprofundá-lo um pouco.
O contexto O contexto deste Evangelho é o ministério de Jesus na Galileia, marcado por uma série de polémicas que lhe valeram diversas acusações pelos fiéis observantes das tradições religiosas, como podemos ver nos capítulos segundo e terceiro de São Marcos. Este texto apresenta duas situações em que Jesus é acusado de transgredir o sábado juntamente com os seus discípulos. Com estas duas polémicas sobre o sábado, o evangelista evidencia o zelo que os fariseus tinham por este mandamento e a necessidade de Jesus em ressignificá-lo e colocá-lo ao serviço da vida.
A lei e sua aplicação Como podemos ler na primeira leitura deste domingo (Dt 5, 12-15), o sábado foi instituído por Deus como dia de descanso, de culto e convívio familiar. No entanto, as lideranças religiosas da época de Jesus fizeram do dia de descanso um dia de tormento para os seus seguidores. Não era possível fazer nada que demonstrasse a execução dum trabalho, nem alimentos para matar a fome podiam ser preparados. As pessoas passaram a ser escravas do que deveria ser um dia prazeroso e de descanso. Jesus contesta esta forma de viver a lei e as atitudes implacáveis dos fariseus. O rigorismo farisaico era tão forte a ponto de espalharem vigilantes para observar se alguém transgredia a lei de sábado.
A transgressão A fama de Jesus como transgressor da lei e dos bons costumes já se tinha espalhado e por isso Jesus é observado como um fora de lei. A palavra “transgredir” significa “ir além de”, “ultrapassar o limite”. Existem dois modos de transgredir: um é ter consciência do limite e ultrapassá-lo para agredir, para gerar violência, para ofender; o outro é quando o meu “ir além” é para gerar comunhão, é para chegar ao outro e comunicar-lhe vida. A transgressão de Jesus vai nesta linha: ele quer chegar ao coração do ser humano para lhe levar dignidade e libertação.
Ensinamentos da transgressão Primeiro: o verdadeiro sentido da lei O sentido da lei de sábado e de toda e lei é o bem do ser humano, a sua plena realização e libertação. Jesus quer recuperar o sábado como memorial de libertação, um dia ao serviço das pessoas. Por isso Jesus afirma que o sábado foi feito para servir as pessoas e não as pessoas para servir o sábado. Jesus deixa claro que a função da lei é trazer benefícios para as pessoas, superando a fome, o sofrimento e a doença. A prática de Jesus vai em favor da justiça, da dignidade, da vida e do direito das pessoas e não das escravidão e do prejuízo. Jesus dá a entender que devemos superar a omissão e indiferença em que a lei nos possa colocar e que deixar de fazer o bem já é uma forma de fazer o mal.
Segundo: resgatar o sentido do domingo Para os cristãos, o dia de descanso passou a ser guardado no domingo em memória da ressurreição de Jesus. Como no tempo de Jesus, também há o perigo de perder ou desvirtuar o sentido do domingo, como dia do Senhor. O terceiro mandamento lembra-nos que devemos santificar o domingo. O dia do descanso não deve ser concebido de modo consumista mas deve ser uma ocasião privilegiada para a participação na comunidade, na eucaristia, para a convivência em família, para a caridade e para restaurar relacionamentos baseados no amor fraterno, no diálogo e na misericórdia.
Somos chamados a abrir caminhos; a “ir além”, para gerarmos comunhão com o outro e comunicar-lhe vida, para que o pão seja farto na mesa de todos; Somos convidados a refletir sobre quais são nossas prioridades; se agimos santificando o dia do Senhor, na presença de Jesus ressuscitado, a favor da justiça, da dignidade, da vida e do direito das pessoas… Consideremos:
Avalio o sentido da tradição, ou seja, não faço por fazer, mas porque reconheço o seu valor?
Em que situações deixo de fazer o bem? Não será isso mesmo o mal?
O que faço aos domingos? E o que deveria fazer?
Jesus é o Senhor dos “sábados” da minha vida?
Sou capaz de sacrificar um dia de lazer e de descanso para ajudar alguém?
Deus imprimiu no nosso coração a lei do amor e, conforme a Sua vontade, possuímos o direito de viver com dignidade, de prover a nossa existência e sobrevivência, em comunidade, pela caridade e acolhidos pelo Seu amor fraterno e pela Sua misericórdia; Deus escuta-nos com afago, conhece as nossas necessidades e age segundo a Sua vontade. Com fé no aconchego do Pai, digamos em voz alta, os pedidos que Lhe dirigimos.
Disponíveis para seguir os ensinamentos de jesus ao nos dedicarmos à solidariedade fraterna e à humanização de cada Homem, rezemos
Querido Deus, somos gratos por nos podermos reunir em Teu nome. Transforma o nosso ser com a Tua palavra e faz-nos perceber e refletir sobre o que acontece ao nosso redor pois queremos ser mais voltados para o serviço do Teu Reino. Precisamos da Tua orientação… Que o Espírito Santo nos ajude a compreendermos, aceitarmos e vivermos no dia a dia os Teus ensinamentos, esforçando-nos para santificar o “dia de sábado”, com especial dedicação a Vós e aos nossos irmãos.
Bem aventurados com a salvação, a felicidade e a plenitude de amor de Deus para connosco
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era, no princípio, agora e sempre. Ámen.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ámen.