Semana de 10 a 16 de março de 2024 IV DOMINGO DA QUARESMA – Ano B
Estamos em plena Quarema e a oração faz parte do caminho de preparação da Páscoa. Hoje, podemos reunirmo-nos às escuras. Começamos o nosso momento de oração apenas com a luz da vela e acendemos as luzes quando lermos a Palavra de Deus. Para isso, devemos ter uma Bíblia aberta em João 3 perto de nós.
Na presença do nosso Deus da bondade e da misericórdia cujo rosto Jesus veio revelar-nos, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Neste ambiente em que a luz é a suficiente, concentremo-nos em contemplar o Seu rosto.
Se Cristo te fascina, fixa n’Ele o teu olhar. Ele é o rosto de Deus, um rosto a contemplar.
A certeza do amor de Deus ilumina cada instante da nossa vida e é um incentivo a abraçarmos uma vida nova: mais livre, mais fraterna, mais solidária, mais humana. Dispostos a colocar em prática – neste caminho que estamos a percorrer em direção à Páscoa – as oportunidades de renovação que esse amor nos oferece, manifestemos em voz alta, o tanto pelo que estamos gratos a Deus Pai.
Procuremos comportar-nos à maneira de Jesus, aprendendo com a Sua mensagem em Jo 3, 14-21
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o home
m que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más ações odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.
Tentemos explorar um pouco deste texto do Evangelho
Este texto do Evangelho é uma parte do diálogo entre Jesus e Nicodemos. Este foi de noite, sem ter luz, às escuras, visitar Jesus e iniciam uma longa conversa que se transforma num profundo ensinamento para todos os que querem ser discípulos de Jesus. Um dos ensinamentos deste texto é: Jesus veio trazer a cura e a salvação.
O versículo 14 faz alusão a um episódio relatado em Número 21, 4-9. Levado pela desconfiança, o povo revoltou-se conta Deus e contra Moisés e foi punido com serpentes venenosas que picaram os judeus e muitos morreram. Moisés intervém junto do Senhor que o convoca para levantar da terra este mal mortal sob a forma da serpente de bronze e ei-la fixada num poste. Todos os que aceitassem contemplá-la ficavam curados. Há uma assimilação de algum elemento de culto pagão mas, por ordem de Deus, num momento de desespero do povo, a serpente de Moisés tornou-se um elemento de cura do povo que estava a ser atacado pelas serpentes no deserto.
Agora, a partir na encarnação de Deus, da vinda de Deus, não é mais a serpente o símbolo da cura mas o próprio Filho de Deus é sinal para a cura eterna. Segundo S. João, também Jesus, por sua vez, fez-se serpente, levantado da terra na Cruz, como a serpente de bronze, assumiu o rosto do nosso mal. O Livro dos Números diz: “todos os que contemplarem esta serpente viverão” mas S. João vai mais longe ao afirmar que “todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna”. Não basta ver nem mesmo contemplar, como diz o livro dos Números, é preciso confiar, acreditar, é preciso uma fé que transforma toda a vida.
Jesus diz-nos que devemos olhar o sinal de Deus para nos curarmos, que devemos levantar os olhos para aquele que está no madeiro, o crucificado, para ver se ele nos cura dos envenenamentos que podem estar a contaminar o nosso coração. Levantando os olhos, vemos aquele que veio para servir e curar a nossa preguiça, vemos aquele que veio perdoar e quer curar o nosso ódio e rancor, vemos aquele que veio para acolher e quer curar a nossa intolerância e egoísmo… Ele é a cura contra o envenenamento que ataca o nosso coração.
Assim como aquele que levantava os olhos para a serpente de bronze era curado pela força salvadora de Deus, também aquele que olhar para o crucificado e acreditar n’Ele será salvo porque Ele veio para salvar e dar a vida eterna. Levantar os olhos e olhar a cruz é ver a verdade sobre nós mesmos, sobre os nossos limites e as nossas fragilidades. Contemplá-la é ousar crer que, por ela, Cristo nos pode curar e salvar. O sinal de que Deus quer salvar é Jesus Cristo, o crucificado. Acreditar em Jesus e na sua palavra é a salvação. Esta salvação é gratuita, dom de Deus que vem ao nosso encontro e que nos amou quando ainda estávamos perdidos pelo pecado.
A cruz é o último ato de uma vida vivida no amor, na doação, na entrega; a expressão suprema do amor de Deus pelos homens. Deus ama-nos com um amor total, incondicional, desmedido; e é esse amor que nos levanta da nossa condição, que nos faz vencer os nossos limites, que nos oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim a que aspiramos. Reflitemos:
Sou digno da missão, da confiança que Jesus põe em mim?
Percebo a intervenção da Santíssima Providência na minha vida?
Dou valor ao poder que Deus, Jesus e o Espírito Santo têm para me mudar, para me transformar, para me curar?
O que preciso de mudar, na minha vida, para ser sinal e arauto do amor de Deus?
A culpa de muitos dos males que nos afligem não é de Deus, mas sim das opções erradas que fazemos. Estamos conscientes disto? Neste tempo de Quaresma, dispostos a escutá-l’O e a acolher as Suas indicações, façamos um caminho de “conversão” que nos leve de regresso a Deus. Plenamente confiantes na Sua bondade, misericórdia e gratuidade da ação salvadora, façamos-Lhe os nossos pedidos para nós e para todos os nossos irmãos.
Com o olhar voltado para aquele homem levantado na cruz e dispostos a aprender com Ele o amor até ao extremo, rezemos
Em jeito de oração final, vamos contribuir, cada um à sua maneira e com o que tiver para dizer, começando por “Porque Deus enviou o seu Filho…“
Com um olhar de amor e de arrependimento em direção à cruz onde o Mestre está pregado, com propósito firme de emenda, benzemo-nos