Semana de 11 a 17 de fevereiro de 2024 VI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
Ao ler esta proposta de oração, sinto a responsabilidade de a partilhar, de chamar outros e até de rezar com eles. É verdade que nunca rezamos sozinhos, uma vez que Ele está sempre connosco. No entanto, o outro é muito importante para mim e, por isso, devo incentivá-lo a orar comigo, tê-lo presente nos meus agradecimentos e nas minhas preces, principalmente os mais excluídos.
Sedentos pelo encontro com Deus cheio de amor, de bondade e de ternura, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos a Deus que reina no nosso coração e nos dá a esperança, conforto e felicidade
Eu olho em volta e vejo dor Há gente a sofrer Sem saber porquê Já não conseguem encontrar Razão pra viver Razão pra sonhar Razão pra cantar
Mas o Sol ainda brilha Mas o céu ainda é azul Mas Deus ainda é quem reina No nosso coração Por isso há razões pra viver Por isso há razões pra sonhar Por isso
Eu louvo, eu canto ao Senhor Que por mim tudo fez Certeza, esperança El’ me dá Posso viver em paz A vida inteira eu Lhe dei E hoje sou tão feliz Salvou-me da morte e hoje sei Para sempre, pra sempre vivereiz
O vento passa e ninguém Sabe para onde vai Ou de onde vem O tempo corre sem parar Ninguém sabe porquê Ninguém pode impedir Ninguém pode entender
Tudo está nas mãos de Deus Com poder tudo Ele sustém Pois Deus ainda é quem ordena Ao vento de acalmar Por isso há razões pra viver Por isso há razões pra sonhar Por isso
O Deus que somos convidados a descobrir, a amar e a testemunhar no mundo, é o Deus de misericórdia, de bondade e de ternura que vem ao nosso encontro, nos purifica e chama de filhos, sem exclusão…Desejosos de anunciar, apregoar e cantar as maravilhas que Ele faz em nós, dirijamos-Lhe a nossa oração de agradecimento, enumerando o tanto que nos dá.
Duma forma calma, com sentido e com o respeito, quem vai ler esta história de São Marcos?
Naquele tempo, veio ter com Jesus um leproso. Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe: «Se quiseres, podes curar-me». Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo». No mesmo instante o deixou a lepra e ele ficou limpo. Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem: «Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho». Ele, porém, logo que partiu, começou a apregoar e a divulgar o que acontecera, e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Ficava fora, em lugares desertos, e vinham ter com Ele de toda a parte.
O seguinte texto ajudar-nos-á a meditar sobre a passagem bíblica anterior
O leproso, considerado impuro e não doente, tinha de abandonar a sociedade e viver à margem da comunidade em lugares afastados. Não se podia deixar ver, cara tapada, vestido com farrapos, não se penteava, tudo isto para ser reconhecido ao longe. Devia avisar a sua presença com uma campainha ou um grito “impuro” a quem se aproximasse. Estas medidas eram necessárias para evitar que a comunidade “santa” ou “pura” se contaminasse de impureza e se tornasse também ela inábil para o culto. O leproso era um marginalizado, um segregado da sociedade, um excluído. Para todos os efeitos, era considerado um morto para o povo judeu. Em termos religiosos, o leproso era alguém ferido por Deus e curar um leproso era o mesmo que ressuscitar um morto.
Além da doença física, existia um estigma moral, religioso, social e psicológico. O leproso é um símbolo do isolamento, da solidão, das desigualdades irritantes do individualismo egoísta, da exclusão e da marginalização das minorias, da ditadura das ideologias e da opinião publicada que a nossa sociedade vai criando. Indo contra todas as prescrições da Lei, o leproso toma coragem e atrevimento, aproxima-se de Jesus e lança a sua súplica: “se quiseres, podes curar-me”. Este pedido encontra resposta em Jesus e manifesta-se em duas atitudes:
Compaixão Marcos leva-nos até ao coração de Jesus e revela o que o levou a agir: Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: “Quero: fica limpo”. Em Jesus, Deus fez uma ponte entre Ele e os excluídos. Em vez de pegar em pedras para expulsar o leproso, Jesus sentiu um profundo amor por este pária da sociedade. Todos tinham medo dele e fugiam, mas Jesus compadeceu-se. Embora o corpo duma pessoa possa estar deformado pela enfermidade, o seu valor é o mesmo diante de Deus porque o real valor está no interior e não na aparência. Jesus viu um homem abandonado que queria ser acolhido, viu alguém que só queria entrar novamente na comunidade e por isso compadeceu-se, como o fez com Zaqueu, a mulher adúltera ou a pecadora em casa de Simão. Os outros viram no leproso um grande pecador que merecia viver abandonado por Deus e longe da comunidade. Mesmo que todos te rejeitem, Jesus compadece-se de ti, sabe o teu nome, os teus problemas, a tua dor, as tuas angústias, os teus medos. Ele não te escorraça.
O toque generoso Segundo a Lei judaica, quem tocasse num leproso ficava impuro, mas em vez de Jesus ficar impuro ao tocar no leproso, foi o leproso quem ficou limpo. A imundícia do leproso não pôde contaminar Jesus, mas a virtude curadora de Jesus removeu todo o mal do leproso. Devido à doença, fazia muitos anos que ninguém tocava naquele leproso. Quando ele dava um passo em frente, os outros davam um passo para trás. Aquele homem não sabia mais o que era um abraço, um toque no ombro, um aperto de mão. Jesus poderia curá-lo sem o tocar, bastava dar uma ordem, uma palavra, uma bênção. Além da doença física, Jesus viu naquele homem uma doença emocional. Com o toque, Jesus demonstra a sua autoridade sobre a lei e a doença e curou a alma, a autoestima, a imagem destruída daquele leproso. Jesus não tem medo da nossa “lepra” do nosso pecado. Ele quer curar-nos, quer estender a sua mão sobre cada um de nós. Jesus veio para libertar o que nos oprime, resta-nos saber deixar tocar por Ele. Na verdade, muitas vezes podemos andar “perdidos” porque não queremos ir até Cristo para sermos salvos por Ele.
Jesus não passa ao lado… Ele entende-nos a Sua mão, toca-nos sem embaraço, desafia-nos a abrirmos o coração à Sua mensagem e a reproduzirmos os Seus gestos, apesar das nossas impurezas… Encetando passos de humildade e coragem, de verdade e justiça, reflitemos
Que valor me atribuo? Desvalorizo-me ou valorizo-me exageradamente? E aos outros?
Procuro integrar e acolher os estrangeiros, os marginais, os pecadores, os “diferentes” ou ajudo a perpetuar os mecanismos de exclusão e de discriminação?
Reconheço que Jesus me pode ajudar, me pode curar, me pode salvar?
Qual foi aquela situação em que fui até Jesus para que me ajudasse, para que me curasse, para que me salvasse?
Mesmo que todos nos rejeitem ou excluam, Jesus compadece-se de nós, sabe o nosso nome, os nossos problemas, a nossa dor, as nossas angústias, os nossos medos; estende-nos a mão com amor e liberta-nos dos nossos sofrimentos. Com profunda fé na compaixão e misericórdia de Deus, façamos-lhe os nossos pedidos.
Fortalecendo uma atitude de proximidade, de solidariedade e de aceitação para com todos os nossos irmãos, rezemos
“Deus, nosso Pai e Pai de todos. (…) Jesus dá atenção aos mais pequenos, aos pobres, aos doentes, aos que são postos à margem da sociedade; manifestou, mesmo no meio de incompreensões, a proximidade da tua misericórdia, curando, perdoando, chamando cada um a fazer de novo parte da comunidade. Nestes tempos em que tantos pobres, marginalizados, pessoas em busca de uma vida melhor batem às nossas portas, passam nas nossas ruas, pedimos que não tenhamos um coração endurecido e indiferente às suas necessidades. A comunidade cristã é o primeiro lugar de acolhimento. Dá-nos, Senhor, a graça e a coragem de acolher a todos, como Jesus.” Papa Francisco
Abençoados por Jesus que “compadecido, estendeu a mão”, benzemo-nos