Semana de 14 a 20 de janeiro de 2024 II DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano B
É nos momentos de silêncio, de tranquilidade e de calma, quando a algazarra, o barulho e a confusão se calam, que a voz de Deus se torna mais facilmente percetível; é no silêncio que o nosso coração e a mente abandonam a preocupação com os problemas do dia a dia e estão mais livres e disponíveis para escutar os apelos e os desafios de Deus. Então, desafiemo-nos a reunir a nossa família, busquemos o silêncio no nosso lar e iniciemos a nossa oração, deixando que o elemento mais novo acenda a vela…
Com disponibilidade e generosidade, deixemo-nos desafiar por Jesus neste momento de oração, benzendo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Colocando-nos à Sua disposição, à procura do Seu amor e da Sua orientação, louvemos o Senhor
Muitas vezes, procuramos a Deus mais para pedir do que agradecer. Contudo, se estivermos atentos, facilmente percebemos que, mesmo nos dias ruins, há coisas para serem agradecidas e apreciadas, pois o nosso Pai é bom o tempo todo. “Só quem sabe agradecer experimenta a plenitude da alegria.” (Papa Francisco) Enchamos o coração de Deus, e o nosso, de uma verdadeira alegria, dizendo, em voz alta, as coisas pelas quais Lhe somos gratos.
Crentes no amor de Deus e na Sua infinita sabedoria, escutemos atentamente, pela voz de um de nós, o texto de Jo 1, 35-39
Naquele tempo, estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?» Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?» Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde.
Procuremos compreender e deixar-nos transformar pelas palavras que escutamos.
“Que procurais?”, pergunta Jesus aos discípulos que o seguiam. Buscar parecer ser a eterna sina do ser humano, algo que parece necessário mas nunca acabado. Algumas vezes buscamos apenas por termos perdido alguma coisa, algo de que tínhamos necessidade e pensávamos ser indispensável à nossa vida ou ao nosso trabalho. Por vezes, buscamos algo que ainda não encontrámos e que de certa forma sonhamos. Outras vezes, buscamos com desejos obscuros na ânsia de ter mais que os outros porque aspiramos a sobressair e dominar. Na verdade, todos buscamos algo: alguns buscam não sabem bem o quê; muitos buscam o que não precisam e outros puseram-se à procura de algo que não querem. O problema do ser humano não consiste em procurar mas em acertar no que se procura, como se deve procurar e onde o fazer.
Nos relatos evangélicos muitos são aqueles que procuram Jesus: os discípulos, os pastores, os magos, muitas pessoas anónimas, os seus pais, os famintos, os leprosos, os cegos, os pais das crianças doentes, Zaqueu, o jovem rico, a mulher pecadora… Nem todos procuravam Jesus pelos melhores motivos mas todos tinham uma motivação para buscar Jesus. Alguns procuraram Jesus para resolver os seus problemas, outros procuraram Jesus para suprir as suas necessidades, outros procuraram Jesus para obter o perdão, alguns vão ao engano e depois abandonam Jesus.
O perigo está quando seguimos Jesus apenas em busca de milagres e demais satisfações terrenas, deixando de lado a principal motivação pela qual nos deveríamos aproximar de Jesus: procurar Jesus como o caminho, a verdade e a vida, procurar necessitados de perdão e salvação, procurar Jesus como “o cordeiro de Deus” que veio trazer-nos a salvação eterna. Se a nossa ligação com Jesus se resume a procurar o que Ele tem a oferecer para melhorarmos a nossa vida, seremos facilmente abalados quando surgirem os momentos difíceis e as aflições tão comuns na caminhada cristã. Não nos devemos apegar a este mundo mas aprender a viver com perspetivas eternas, esperando Cristo, não apenas nesta vida, já que estamos aqui de passagem, mas com os olhos voltados para o céu que está preparado para nós.
Como aos discípulos, a cada um de nós é perguntado: que buscais? Que procuras em Jesus? A minha resposta determina o grau de profundidade da minha relação com Deus e com o seu Filho Jesus. Posso procurar um grau de intimidade com Jesus, vivendo o Evangelho, identificando-me com Ele, tendo-O como caminho e meta para a minha vida, tentando ser-lhe fiel, viver em comunhão na eucaristia e na oração, servindo os outros. Desta forma, Jesus é alguém que mexe comigo. Podemos também procurar uns sacramentos e pouco mais, sem qualquer ligação a Jesus, cumprir um certo número de normas de forma mais ou menos rotineira, como se fôssemos crianças.
Quem procura tem de estar disposto a correr riscos, a sair das suas rotinas, a sair das sai comodidades para poder estar aberto a uma nova forma de viver. Se procuro uma coisa diferente não posso ir sempre à mesma loja que vende sempre o mesmo tipo de coisas. Preciso de ir a lojas novas, procurar, ir, ver. É o convite feito por Jesus a quem busca do fundo do coração: “vinde ver”. Não basta procurar é preciso coragem para ir e ver, é preciso sair da rotina que conhecemos e nos dá segurança mas não nos faz crescer no amor a Jesus.
São muitas as “vozes” que ouvimos todos os dias, vendendo propostas de vida e de felicidade. Muitas vezes, essas “vozes” confundem-nos, alienam-nos e conduzem-nos por caminhos onde a felicidade não está. Como parte integrante da comunidade daqueles que encontram Jesus que passa, procuram n’Ele a verdadeira vida e a verdadeira liberdade, identificando-se com Ele, aceitando segui-l’O no caminho que Ele apontar e estando dispostos a uma vida de total comunhão com Ele, reflitamos.
Procuro Jesus para desabafar? Peço ajuda a Deus? Busco orientação na oração?
Para mim, é suficiente receber os sacramentos e cumprir os rituais?
Como procuro colocar Deus no meu caminho?
Onde e como poderei procurar Jesus duma forma que não conheço ou nunca experimentei?
A fé, uma experiência decidida e serena, que nos conduz para os braços de Deus, não é um caminho solitário, que cada um percorre isoladamente; mas é uma experiência comunitária, vivida no diálogo e na partilha com os irmãos e irmãs que caminham ao nosso lado. Dispostos a correr riscos, a sair das nossas rotinas e comodidades, buscando Deus nas nossas vidas, apresentemos-Lhe os nossos pedidos.
Saboreando com Cristo o gosto infinito da relação íntima e única que nos une ao Pai, rezemos.
Senhor, como os discípulos, quero simplesmente “seguir Jesus”, sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem “seguros de vida”, sem me preocupar em salvaguardar o futuro se a “aventura” não der certo pois Jesus não aponta meramente o caminho para a felicidade, mas está à frente do caminho, amando-nos, guiando-nos com os Seus ensinamentos, no caminho da obediência.
Com a alegria transbordante de encontrar Jesus e de receber as Suas bençãos, benzemo-nos