Semana de 7 a 13 de janeiro de 2024 SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – Ano B
O que significa para nós este momento de oração em família? Com esta pergunta no ar, preparemos o espaço e a logística conforme acharmos adequado. Fechamos a porta ou deixamo-la aberta? Desligamos o telemóvel ou deixamo-lo sem som noutro local? Temos connosco a Bíblia aberta em Mateus 2 ou lemos apenas da proposta de oração? Acendemos uma vela para termos alguma penumbra ou ainda temos a Luz da Paz de Belém? Não há escolhas erradas, são as nossas escolhas!
Dispostos, à semelhança dos “magos”, a procurar Jesus até O encontrar, reconhecer n’Ele a “salvação de Deus” e a aceitá-Lo como “o Senhor”, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos o sopro de Deus que Se fez carne e entre nós veio habitar, para iluminar terra e céus!
Experimentemos a verdadeira alegria de nos pormos a caminho, à procura d´Aquele que se quer dar a conhecer, mostrando-nos os Seus sinais… Ergamos o nosso olhar, prostremo-nos diante d´Ele e ofereçamos-Lhe os nossos humildes presentes.
Guiados pela “luz” do menino rei, dirijamos-Lhe a nossa sentida oração de agradecimento, em voz alta.
Escutemos com grande alegria, na voz de um de nós, o encontro com a “luz” salvadora de Deus, em Mateus 2, 1-2.9-12
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». (…) Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Comprometidos com os valores do Evangelho, aprofundamos a mensagem do texto que escutamos.
Toda a criança por ocasião do seu nascimento recebe presentes. Avós, tios, padrinhos e conhecidos cada um traz alguma coisa para a criança como sinal de satisfação pela chegada do bebé mas também é um reforço dos laços de amizade com a família da criança. No seu nascimento, o Menino Jesus também recebeu presentes. Diz-nos o texto que uns estranhos viajantes vindos do Oriente chegaram a Belém para visitar Jesus e, depois de O adorarem, ofereceram-Lhe presentes. Estes presentes – ouro, incenso e mirra – de pouca utilidade imediata, diga-se de passagem, mostram na figura dos Magos a adesão das nações pagãs ao Menino Deus que veio para todos.
O Evangelho não nos diz o significado dos presentes que o Menino recebeu mas a tradição tem oferecido muitas indicações. O ouro, mineral nobre e valioso, é o presente típico oferecido aos reis pois simboliza a monarquia e a realeza e pode significar o reconhecimento de Jesus como Rei, como filho de David. O incenso, uma resina vegetal usada no culto, pode representar o reconhecimento de Jesus como Deus e como o Cordeiro de Deus que seria sacrificado no altar da cruz. A mirra, um óleo amargo de resina vegetal, costuma estar associada ao ato de embalsamar e ao sepultamento, devido às suas propriedades de conservação, pode significar o reconhecimento de Jesus como Homem, sujeito à morte. Os presentes dos Magos, por um lado, revelam o reconhecimento da realeza, divindade e humanidade de Jesus, e, por outro lado, são sinal da sua adesão, submissão e aliança com o senhorio de Jesus. Ele é o verdadeiro Rei.
Jesus não quer mais presentes – ouro, incenso e mirra – como fizeram os Magos. Hoje, Jesus quer receber presentes que demonstrem o nosso compromisso e adesão para com Ele. Neste dia, vamos visitar Jesus como fizeram os Magos mas o nosso presente tem de ser diferente. O nosso ouro, incenso e mirra pode ser colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida e aprender a considerar-se necessitado e não autossuficiente, pode ser uma maior comunhão com Ele na oração pessoal e comunitária, poder ser uma maior e melhor participação na Eucaristia, pode ser dedicar mais tempo à oração e adoração do Santíssimo, pode ser uma maior prática de leitura da Palavra de Deus, pode ser uma participação efetiva na vida da comunidade paroquial, pode ser uma dedicação maior em cuidar da “casa comum” que é o nosso planeta, pode ser amar mais a família e valorizar o estar juntos, pode ter uma atitude solidária para com os irmãos e irmãs, especialmente, quem precisa da nossa ajuda…
Muitos acham que a intenção é o que mais conta quando se trata de oferecer presentes. Isto talvez se deva ao facto de que o pensamento por trás do presente o torna mais do que simplesmente um objeto útil ou interessante e faz do presente um símbolo do amor de quem o oferece ou de consideração por quem o recebe. Assim, o presente que vou dar a Jesus manifesta o meu amor, compromisso e adesão para com Ele. Hoje, Jesus quer receber de cada um de nós um presente que manifeste a minha generosidade, doação, serviço e solidariedade para com Ele.
Talvez hoje, com toda a pressão que a vida nos coloca, não consigamos ter tempo para olhar para o céu, à procura dos sinais de Deus; talvez a vida nos obrigue a andar de olhos no chão, ocupados em coisas rasteiras e materiais… Mas a aventura da existência terá mais “luz” se arranjarmos tempo para parar, para meditar, para falar com Deus, para escutar as Suas indicações, para O amar com compromisso, presenteando-O… Reflitemos:
Que presente gostei mais de receber e porquê? Valorizei o presente em si ou a intenção de quem mo ofereceu?
Que presente posso dar a Jesus?
Com que intensidade e compromisso posso entregar-me a Jesus?
Já agora… e aos outros?
Quando parecemos perdidos em becos sem saída, como é bela esta imagem de Deus como uma luz que se acende nas nossas vidas, iluminando os caminhos que temos de percorrer, aquecendo os nossos corações cansados e abatidos, transformando o nosso pessimismo e derrotismo em esperança e vida nova, Dispostos a aceitar que essa “luz” nos transforme, dirijamos-Lhe as nossas preces.
Reunidos à volta de Jesus, sentindo a comunhão, a fraternidade e os laços de família que a todos nos ligam, rezemos
Senhor, que o nosso encontro com o Menino do presépio seja um momento de confronto que nos leve a reequacionar a nossa vida, os nossos valores e opções, e a enveredar por um caminho novo, mais simples, mais humilde, mais fraterno, mais humano.
Com a certeza que temos um papel no plano do Senhor, benzemo-nos