Semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA – Ano B
O virar do ano no calendário deve fazer-nos pensar em mudar. É sempre bom mudar para melhor. Atentemos às nossas necessidades, àquilo que precisamos mudar e ponderemos também a forma como preparamos o nosso momento de oração familiar. Tenhamos connosco a Bíblia aberta em Lucas 2 e uma vela para acendermos ao iniciar a oração.
Interpelados pela fidelidade e fé da Sagrada Família e consagrados a Deus, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Mil graças e louvores para Deus, que faz de nós as Suas vasilhas de amor!
Dedico-Te, ó Pai, este poema De vida que em Ti vive feliz! Toma este pedaço de argila, Senhor, Faz dele Tua vasilha de amor!(bis)
Pela vida que me deste e celebro no Teu lar Mil graças e louvor só para Ti! Porque sempre eu te ouço constantemente a chamar, Mil graças e louvor só para Ti!
Pelos irmãos e amigos que estimulam a subida Mil graças e louvor só para Ti! Pelo espinho da roseira, o botão, a mão amiga, Mil graças e louvor só para Ti!
Pelo céu que me envolve e desafia a subir Mil graças e louvor só para Ti! Por poder voar mais alto, mesmo depois de cair, Mil graças e louvor só para Ti
Uma família que se deixa guiar pela Palavra de Deus é a escola onde se aprende o amor, a solidariedade, a partilha, o serviço, o diálogo, o respeito, o cuidado, o perdão, a atenção aos mais frágeis, o sentido do compromisso, do sacrifício, da entrega e da doação…Reconhecidos e gratos pelo valor e importância da nossa família como fonte de alegria, aprendizagem e dádiva de Deus e por tanto que recebemos do Pai, digamos-Lhe a nossa oração de gratidão.
Escutemos com ternura este texto de Lucas 2, 22-23.39-40, inserido no“Evangelho da Infância” que um de nós pode ler em voz alta.
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
E agora, vamos aprofundar o texto que acabámos de escutar
Todos queremos crescer e o crescimento é um processo natural. Diz-nos o texto do Evangelho que Menino enchia-se “de sabedoria”, Jesus não só se tornava robusto e crescia em estatura mas também crescia em sabedoria porque crescer em estatura mas não crescer em sabedoria consiste num desajuste, numa deformação. Jesus é modelo do crescimento completo e integral para todo o ser humano, daí que o texto refira que “a graça de Deus estava com Ele”, isto é, Jesus também se fortalecia espiritualmente.
Jesus crescia em sabedoria Em nenhum outro tempo, o mundo teve acesso a tantas informações e conteúdos diversos, como assuntos de religião, política ou economia, livros impressos ou digitais. São inúmeras as facilidades para obtermos conhecimento e desta forma, o ser humano tem se tornado conhecedor de quase tudo. Por meio da técnica, tem buscado explorar a natureza e tornar a vida humana menos pesada. Por outro lado, também é verdade que as pessoas têm perdido a sensibilidade com o próximo e pensam somente em si. Isso significa que elas têm crescido em conhecimento mediante as informações recebidas, mas não têm crescido em sabedoria. A sabedoria está ligada às necessidades e valores do coração: amor ao próximo, solidariedade, perdão e estes são atributos do coração. Salomão quando acedeu ao trono pediu a Deus que lhe desse um coração sábio que soubesse “discernir entre o bem e o mal” para que assim pudesse governar o povo. (Cfr. 1Rs 3, 8-14) Este pedido de Salomão agradou a Deus pois ele pediu sabedoria para fazer o correto, o que é justo, o que é solidário, o que é verdadeiro. Crescer em sabedoria é crescer nas virtudes do coração. A nossa sociedade tem adoecido e deforma-se pela síndrome da macrocefalia e da microcardia, isto é, cabeça grande e coração pequeno. É preciso crescermos em conhecimento, porém, não nos podemos esquecer de que é preciso também crescer em sabedoria. Não sejamos pessoas deformadas: se cresce a cabeça, isto é, o conhecimento, não nos esqueçamos de aumentar, da mesma forma, o coração.
A Sagrada Família ajuda a crescer em sabedoria A família é o local indicado para ajudar a crescer nas virtudes e valores do coração e por isso Jesus crescia em sabedoria no seio duma família, na cidade de Nazaré. A família ajuda a que as pessoas desenvolvam alguns valores fundamentais que são imprescindíveis para formar cidadãos livres, honestos e responsáveis, por exemplo, a verdade, a justiça, a solidariedade, a ajuda ao débil, o amor aos outros por si mesmos, a tolerância, etc..
A família é a melhor escola para criar relações comunitárias e fraternas, frente às atuais tendências individualistas. De fato, o amor – que é a alma da família em todas as suas dimensões – só é possível se houver entrega sincera de si mesmo aos outros. Amar significa dar e receber o que não se pode comprar nem vender, mas só presentear livre e reciprocamente. Como a experiência o demonstra, a família constrói a cada dia uma rede de relações interpessoais e prepara para viver em sociedade em um clima de respeito, solidariedade, justiça e verdadeiro diálogo.
Nós que estamos unido a Cristo, que vivemos “em Cristo”, devemos ser capazes de, em todas as circunstâncias, amar sem medida, amar a fundo perdido, amar até ao dom total de si, tendo principal responsabilidade para com aqueles que connosco partilham, de forma mais chegada, a vida do dia a dia: a família! Talvez nos faça bem, em jeito de exame de consciência, reservar um momento para olhar para Jesus e para confrontar os nossos gestos, as nossas palavras e as nossas escolhas.
Que importância é que Deus assume na vida na nossa família?
Preocupo-me com a formação para a fé e uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo?
Sou exemplo de coerência, nos gestos e ações, com os compromissos assumidos no dia do Batismo?
Qual é o meu papel na minha família? Passo despercebido, assumo as minhas responsabilidades ou promovo o exemplo de Jesus?
Sinto-me representante daquilo que apregoo? Assumo e defendo as palavras de Jesus no dia-a-dia?
Não podemos admitir – com a nossa indiferença ou com o nosso silêncio cúmplice – que a nossa família ou pessoas em situação de fragilidade sejam abandonadas, maltratadas ou marginalizadas. Chamados à vida para sermos instrumentos do Deus criador, unamos a nossa fragilidade á nossa esperança no consolo, na misericórdia e no amor de Deus e, em voz alta, dirijamos-Lhe os nossos pedidos.
A exemplo de Jesus que a todos ama com doação e entrega, rezemos ao Pai
Quem faz a oração final de hoje? Bastam umas palavras sentidas na conversação do Senhor.
Com a nossa família abençoada e frutificada por Deus, benzemo-nos