Semana de 17 a 23 de dezembro de 2023 III DOMINGO DO ADVENTO – Ano B
Nós somos aquilo que sai de nós, o que provocamos, o que produzimos. Preparemos o espaço para este momento de oração com esta consciência e este mote: dar-me ao outro! Tenhamos presente a Bíblia aberta em João 1, capítulo 6, a vela para acender ao iniciar a oração e uma estrela que depois iremos colocar no presépio.
Com esperança na “luz do mundo” que nos vem salvar e com o coração cheio de alegria, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Confiantes naquilo que Deus nos diz, o amanhã será diferente se abrirmos a nossa mente, louvando-O
A descoberta da presença amorosa, salvadora e libertadora de Deus na nossa vida, não pode senão conduzir ao louvor, à adoração e à alegria pela Sua proteção e ternura. Pertences, “Ungidos” e gratos ao Senhor, cujo amor repousa sobre nós, digamos-Lhe em voz alta, a nossa oração de agradecimento.
Escutemos na voz de um de nós, a proposta de vida verdadeira que nos é apresentada em João 1, 6-8.19-28
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?» Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?» «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?» Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?» João respondeu-lhes: «Eu batizo em água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além Jordão,
onde João estava a batizar.
Eis alguns aspetos a considerar de aprofundamento do texto
Sacerdotes e levitas deslocam-se de Jerusalém, o centro político e religioso, e vão até às margens pedregosas do Jordão para interrogar João Batista. A pergunta é direta e quase ameaçadora: “Quem és tu?” Naturalmente, os poderes da época estavam inquietos e começavam por fazer uma inquisição centrada nos seus próprios temores. Quem seria aquela personagem austera que atraia multidões? O Messias? Elias? O Profeta? E João nega três vezes. Eis aqui uma bela lição para nós: Se esta pergunta nos fosse feita – Quem és tu? – qual seria a nossa resposta? Como é difícil quando precisamos de falar de nós mesmos para os outros. Está na moda falar bem de si, dos títulos que se têm, dos lugares que se conhecem. O importante é estar no alto, no ponto mais alto. Talvez fosse mais fácil apresentarmo-nos duma forma cómoda, aceitável para a opinião pública, talvez fôssemos tentados a maquiar a nossa pessoa, ignorando a nossa íntima realidade. O que é que nos define como pessoa? Há quem seja definido pela profissão, por um erro ou por uma vitória. Parece pouco como definição e não diz muita coisa sobre a nossa pessoa mais profunda. Não é assim que Deus nos vê. Deus viu um pastor adolescente e escolheu-o como o novo rei de Israel. Deus viu um cultivador de sicómoros e escolheu-o para profeta. Deus viu uma jovenzinha de Nazaré e escolheu-a para futura mãe do seu Filho. João Batista responde a todas as perguntas que lhe são feitas e rejeita não só o título messiânico como também qualquer vinculação a outro importante profeta do passado. João Batista colocou-se como o servo que veio para pregar o arrependimento a fim de preparar os corações para receber o Messias. João não é a luz apenas testemunha; não é o Salvador, é apenas o Batista. Para saber quem é João é preciso olhar para o Outro, para Jesus. Fora de Jesus, João não é nada nem ninguém é. É em Jesus que João se compreende e se encontra a si mesmo, é na relação com Jesus que se define a sua identidade, a sua vocação e a sua missão. Toda a sua pessoa se projeta noutra, em Jesus, precisamente, no qual Ele é, se vê e revê. Precisamos de aprender com João a arte de nos entendermos e nos definirmos a partir da nossa relação com Outro, isto é, com Jesus. Devido a esta relação, João entende o seu ministério como um serviço humilde e por isso dirá. “A quem Eu não sou digno de desatar a correia das sandálias”. João não precisa de se colocar em bicos dos pés para se afirmar, para ser e parecer alguém, pelo contrário, dirá sempre “não ser”, quando o mais comum é toda a gente querer ser, parecer e até aparecer mesmo que tenha de passar por cima do outro. Num mundo que nos desafia a afirmar o que somos, o nosso domínio e superioridade sobre os outros, falta-nos a humildade de João que nos faça assumir a condição de servos de Deus. É preciso aprender a “perder-se” no outro, a dar-se ao outro, a morrer para o outro para que o outro possa ser mais. Na verdade, somos sempre mais quando diminuímos e ajudamos os outros a crescer. Esta vivência de humildade no nosso ser que se apaga para brilhar o outro aproxima-se do Natal em que Deus vem a este mundo, desfazendo-se da sua glória, em que Deus aparece diante dos homens, fazendo “desaparecer” a sua grandeza, na humildade dum Menino.
Atentos, vigilantes e empenhados em identificar a cada passo os projetos e os desafios de Deus, torna-se pertinente sabermos analisá-los com cuidado e discernimento, sem preconceitos, de coração aberto à novidade de Deus, guardando “o que é bom” e afastando-nos de “toda a espécie de mal”. Preparemo-nos para acolher o Senhor que vem e reflitamos para podermos responder com coerência e fidelidade aos Seus desafios.
Quem sou eu? É fácil definir-me e apresentar-me aos outros?
O que é que me define como pessoa? Que lado de mim valorizo mais ao apresentar-me aos outros?
Qual é o nível da minha humildade? Como me nivelo em relação aos outros e a Jesus?
Costumo ter a tentação de me superiorizar em relação aos outros, por vezes até diminuindo e rebaixando os outros?
Estou realmente disposto a viver em função dos outros, a servir o próximo e a Deus?
O nosso presépio precisa de luz. Hoje, colocamos a estrela no nosso presépio familiar. Senhor Jesus, o Teu Mensageiro João Baptista ensina-nos a parar para reparar na luz e para preparar os Teus caminhos de Luz. Ajuda-nos a ser Teus mensageiros, a transmitir e a anunciar a Tua Luz. Ajuda-nos a ser luz na Tua Luz. Enquanto colocamos a estrela no presépio, podemos ouvir esta música:
Deus ama, está ao lado dos que sofrem e dá sempre aos pequenos, aos explorados, aos injustiçados, aos marginalizados e aos excluídos, a força para vencer o desânimo, a miséria, as forças da opressão e da morte. Entreguemos nas Suas mãos, com fé, humildade e confiança, em voz alta, as nossas preces.
“Demos graças em todas as circunstâncias” e “oremos sem cessar”, com fé
Senhor, embora indignos “de desatar as correias das Vossos sandálias”, permite que o Teu Espírito nos deixe inquietos para nascer para “a luz” e nos dê força para abandonarmos a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, o comodismo, a autossuficiência e tudo o que desfeia a nossa vida, nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade.
Aceitando ser testemunhas de Deus e sinais vivos do Seu amor, da Sua justiça e da Sua paz,com a Sua benção, benzemo-nos