Semana de 10 a 16 de dezembro de 2023 II DOMINGO DO ADVENTO – Ano B
Por vezes, a preguiça e o comodismo dificultam a nossa decisão de orar. Cabe a cada um de nós, em família, incentivar e ajudar os outros a empenharem-se neste momento de descoberta e intimidade com o Senhor. Tenhamos presente a Bíblia aberta em Isaías 40 e uma vela para acender ao iniciar a oração.
Dispostos a percorrer um autêntico caminho de contínua conversão e transformação, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Confiantes naquilo que Deus nos diz, o amanhã será diferente se abrirmos a nossa mente, louvando-O
Deus “fala-nos ao coração”, com amor e ternura, a fim de nos consolar e convidar ao reencontro e comunhão com Ele. Elevemos a nossa voz e proclamemos a nossa oração de gratidão, ao “Senhor Deus”, que “vem com poder”, reacender a nossa fé.
Escutemos na voz de um de nós, a “boa notícia” que Deus proclama, em Is 40, 1-5.9-11
Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus trabalhos e está perdoada a sua culpa, porque recebeu da mão do Senhor duplo castigo por todos os seus pecados. Uma voz clama: «Preparai no deserto o caminho do Senhor, abri na estepe uma estrada para o nosso Deus. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas. Então se manifestará a glória do Senhor e todo o homem verá a sua magnificência, porque a boca do Senhor falou». Sobe ao alto dum monte, arauto de Sião! Grita com voz forte, arauto de Jerusalém! Levanta sem temor a tua voz e diz às cidades de Judá: «Eis o vosso Deus. O Senhor Deus vem com poder, o seu braço dominará. Com Ele vem o seu prémio, precede-O a sua recompensa. Como um pastor apascentará o seu rebanho e reunirá os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas ao seu descanso».
Eis alguns aspetos a considerar de aprofundamento do texto
A situação O texto desta oração é tirado do chamado Deutero-Isaías ou Segundo-Isaías (cap. 40-55) que tem como situação histórica o cativeiro da Babilónia. O grande rei Nabucodonosor da Babilónia governava com mão de ferro e a sua política de conquista trazia consigo a deportação do território conquistado. Após a derrota na guerra, vítima desta política, uma parte da população de Jerusalém foi deportada e levada para o exílio na Babilónia que nesta altura estava no seu auge. Com a morte do rei Nabucodonosor, iniciou-se a decadência do vasto reino babilónico e ao mesmo tempo surgia um novo conquistador, o rei Crio, da Pérsia, que derrotou os exércitos da Babilónia e incorporou esse vasto território no seu reino. É nesta época em que Ciro aparece no horizonte da história mundial que o Deutero-Isaías interpreta os acontecimentos para o povo de Israel. Na visão deste profeta, a queda da Babilónia está iminente e surge um novo poderio e com isto reacendem-se velhas e enfraquecidas esperanças de regresso dos israelitas à sua pátria.
Anunciar o consolo O profeta é enviado a anunciar o consolo de Deus e repete a ordem duas vezes. A desorientação, a frustração, o desânimo, a opressão e a desolação têm uma saída, uma esperança. Deus vem ao encontro do seu povo para o salvar, Deus “rasga os céus” e vem até nós com um anúncio de libertação. Consolar tem o sentido de animar o povo com palavras e com ações. Este povo que está desanimado, cuja fé é tímida e pequena, cuja esperança enfraqueceu, deve ser consolado. Esta expressão “meu povo” lembra a todos os que ouvem estas palavras que existe uma relação muito íntima entre Deus e o seu povo: a aliança.
O fundamento do consolo O consolo, o conforto e o alívio que o profeta anuncia têm o seu fundamento na misericórdia e no perdão de Deus. A um povo que interpretava o exílio como um castigo pelos seus pecados e que vivia atormentado pela rutura com Deus, o profeta anuncia o perdão: “está perdoada a tua culpa”. O perdão de Deus é algo que conforta, devolve a esperança, é uma espécie de “ressurreição”. Tal anúncio é feito “ao coração de Jerusalém”. Deus fala-nos ao coração e diz-nos que os nossos pecados estão perdoados. Apesar das nossas faltas e dos nossos erros, para Deus nós somos mais do que os nossos pecados. Por isso, o Senhor vem com ternura e compaixão, com a força dum libertador, com o cuidado dum pastor, com a generosidade dum benfeitor para trazer esperança, consolo e perdão e se há perdão, há perspetiva de liberdade.
Empreendimento pessoal Perante esta mensagem o povo tem de preparar um caminho no deserto. É o deserto que separa o povo exilado e cativo da sua pátria, da sua Jerusalém. Alguns exilados, movidos por estas palavras de esperança e consolo, preparam-se e, quando foi possível, puseram-se a caminho, atravessaram o deserto, caminharam para uma vida nova que Deus lhes prometia em Israel. No entanto, muitos não quiseram voltar, ficaram ou preferiram ficar na vida que tinham conseguido na escravidão, não quiseram empreender o caminho da liberdade, da esperança e ir ao encontro do Deus e por isso fecharam-se à salvação e ao amor de Deus. “Preparar no deserto” é preparar o terreno do nosso coração para receber e acolher o Senhor, isto implica assumir gestos e atitudes que permitam que Deus chegue ao meu coração, à minha mente e à minha vontade. Sem disponibilidade interior nunca me porei a caminho e a consolação de Deus não entrará na minha vida.
Hoje, todos os homens e mulheres vivem instalados nos seus espaços seguros e protegidos, ou resignados a uma vida banal, vazia, cinzenta, insípida, ou acomodados a uma religião que se esgota em práticas rituais estéreis… Precisamos de aceitar confiar em Deus, de abrir o coração e correr riscos, aceitar despojar-se do egoísmo, do comodismo, do materialismo, da escravidão dos bens… Reflitamos:
Preocupo-me como os outros se sentem e como está a sua fé?
Paro e analiso o meu estado anímico e meço a minha fé?
Faço uma introspeção honesta de modo a avaliar o caminho a fazer para melhorar, para ser melhor?
Tenho presente as metas traçadas para ser melhor, dia após dia?
Tenho consciência de que o Senhor está sempre disponível para me ajudar, se eu quiser?
Na semana passada, começámos a montar o presépio. Hoje, devemos colocar as imagem de Maria e de José no nosso presépio familiar.
Maria é modelo da Igreja como Mãe. Assim como, Maria é Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, também a Igreja a tem como modelo. Ela é o exemplo da fé, porque viveu a relação mais profunda com Jesus. É caminho e guia da fé. É Maria quem convida toda a Igreja a percorrer o caminho que leva a relação pessoal com o seu Filho e este convite é dirigido a toda a Igreja e a cada cristão em particular: ouvir a Palavra de Deus como Maria, de modo que a Palavra nos transforme. Enquanto colocamos a imagem de Maria no presépio, podemos ouvir esta música:
São José não foi capaz de entender tudo o que se passava a sua volta, mas teve a coragem de pensar, ou melhor de aceitar a vontade de Deus que, quase de certeza, não era a sua. Ao aceitar a vontade de Deus, ele aceitou tomar conta do Filho de Deus, como seu, de o guardar, proteger acarinhar e ensinar. E ao colocarmos a imagem de José no presépio, podemos ouvir esta música:
O Advento é o tempo favorável para limparmos os caminhos da nossa vida, de forma a que Deus possa nascer em nós, transformar-nos e, através de nós, libertar o mundo…Ele perdoa-nos, mostra-nos o caminho e permanece misericordioso, ao nosso lado. “Consolados” pelo Seu amor, façamos-Lhe, em voz alta, os nossos pedidos.
Sinais vivos de Deus e testemunhas do Seu consolo, rezemos:
Meu Deus, ilumina-me para que tome consciência de quem sou e para onde devo caminhar. Concede-me a força necessária para o discernimento vocacional e para analisar a minha vida. Mostra-me como posso ajudar e consolar os outros como Tu me consolas. Meu Deus, ajuda-me a perceber a Sagrada Família de forma a aprender e a seguir o caminho da fraternidade e do amor.
Na certeza do consolo, do carinho e do colo do Senhor, benzemo-nos