Semana de 3 a 9 de dezembro de 2023 I DOMINGO DO ADVENTO – Ano B
Sabemos que o Menino Jesus virá aí. Com esta alegria e esperança, preparemos o espaço físico e o nosso coração para O acolhermos no meio de nós. Tenhamos presente a Bíblia aberta em Isaías 63 e uma vela para acender ao iniciar a oração.
Com uma atitude vigilante e comprometida, pela certeza de que “o Senhor vem”, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos o Pai, de coração tão manso, humilde e sereno que manda o Seu Espírito para transformar o nosso coração.
Deus – o “pai” e o “redentor”-, protetor, defensor e salvador do Seu Povo, pede-nos que não deixemos endurecer o nosso coração nem nos afastemos dos Seus caminhos. Fortaleçamos o nosso relacionamento com Ele mostrando-Lhe a nossa gratidão por nos sentirmos amados, reconhecidos e valorizados com o Seu amor. Deixemos que o Pai ouça a nossa voz, nesta oração de profundo agradecimento por tanto que nos dá.
Através da voz de um de nós, saboreemos as palavras de Is 63, 16b-17.19b; 64, 2b-7 e deixemos que a palavra de Deus penetre no nosso coração.
Vós, Senhor, sois nosso Pai e nosso Redentor, desde sempre, é o vosso nome. Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema? Voltai, por amor dos vossos servos e das tribos da vossa herança. Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes! Mas Vós descestes e perante a vossa face estremeceram os montes. Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos. Estais indignado contra nós, porque pecámos e há muito que somos rebeldes, mas seremos salvos. Éramos todos como um ser impuro, as nossas ações justas eram todas como veste imunda. Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos.
Aprofundemos o nosso entendimento das verdades mais fundamentais deste texto.
O pedido O tempo litúrgico do advento que começa neste domingo tem sempre um sentido de espera que pode resumir-se neste grito de Isaías que também é um pedido: “Oh, se rasgásseis os céus e descêsseis! Ante a vossa face estremeceriam os montes!” Este pedido foi proferido pelo profeta que sofria pela letargia e indiferença do povo. Isaías sabia que era necessária uma visitação sobrenatural de Deus, uma espécie de um novo Sinai onde Deus rasgou os céus e veio ter com Moisés e os montes estremeceram. Isaías está a dizer: “Senhor, não podemos continuar como estamos, nesta rotina religiosa sem vida. Precisamos dum toque Teu como nunca tivemos antes”. Esta oração magnífica é tirada do chamado “Terceiro Isaías”, parte do livro de Isaías que tem como pano de fundo o regresso dos exilados a Jerusalém. Começa a reconstrução da cidade mas as condições são más. O povo não coloca Deus que o tirou do exílio em primeiro plano. Como diz o texto “ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós”. O povo tinha-se afastado de Deus e por isso Isaías pede e clama de forma sedenta por uma teofania, pela intervenção divina como “rasgar os céus, fazer estremecer os montes” para o povo acordar, ser animado. “Vem, Senhor, rasga os céus”. Como no tempo de Isaías, hoje temos um grande grupo de cristãos mas são frios, apáticos e sem entusiasmo. Empolgam-se com muitas coisas mas não com Jesus. São cristãos mas deixaram morrer o fogo do Espírito recebido no batismo e no crisma e por isso parecem fogueiras em cinzas que não são fácies de avivar. Falta ânimo porque falta amor à oração, à Palavra de Deus, à eucaristia, à conversão, ao Evangelho e quando perdermos o fogo do Espírito caímos no marasmo como uma fogueira apagada.
A justificação para o pedido Para Isaías são estas as razões: a dureza de coração e a falta de temor a Deus. O coração duro distancia-se do Senhor, das suas ordens e ensinamentos. O coração duro torna-nos desleixados, indiferentes e assim ficamos cada vez mais negligentes e descuidados com os caminhos do Senhor. Deus tem caminhos certos para nós que são caminhos de justiça, de verdade, misericórdia, compaixão, perdão, amor… mas quando o nosso coração endurece ficamos envolvidos nos nossos caminhos e deixamos de nos importar com os caminhos de Deus. Tornamo-nos cristãos apáticos e não nos importamos, passando a usar a lógica do “tanto faz como fez”. Tanto faz rezar como não, ir à missa como não, ler a Palavra de Deus como não… e este é o perigo do coração endurecido. Outra manifestação da dureza de coração é não sentir temor a Deus. Temor a Deus é ter medo de não lhe agradar, não fazer aquilo que o Senhor quer e espera de cada um de nós. O servo do talento, as virgens imprudentes, os “cabritos” da oração passada não foram tementes a Deus, o seu coração ficou duro e não se importaram se agradaram a Deus ou não. Não fizeram o que Deus esperava deles mas isso também não lhes importava porque o seu coração ficou duro e indiferente. Olhando para as nossas comunidades paroquiais, percebemos que muitas coisas estão mal e queixamo-nos mas falta-nos o fogo do Espírito para sairmos do marasmo, falta-nos um coração sedento de Deus, como diz o refrão do salmo deste dia.
Ao iniciar o advento, é tempo de pedir ao Senhor que rasgue o nosso coração e o desperte da indiferença, do marasmo e da dureza espiritual para que Ele possa entrar em nós.
Não podemos, simplesmente, cruzar os braços em atitude passiva, à espera que o Senhor venha… Com coragem e perseverança, devemos dar o nosso contributo para a edificação do Reino; ser testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus nos confiou. Reflitamos:
Como está a minha fé e a minha relação com Deus?
Entusiasmo-me, vibro, tenho aquele arrepio quando rezo, quando vou à missa, quando comungo, quando sinto Deus na minha vida?
Faço algum esforço para me aperceber das situações em que digo ou penso “tanto faz”?
Invisto algum tempo a aprofundar esta relação e a torná-la mais forte, mais íntima e mais intensa?
Peço a Deus que me ilumine e me ajude a sair da apatia espiritual?
Começámos o Advento, tempo de preparar a vinda de Jesus a começar pelo nosso coração. Nesta semana, o desafio é construirmos a base do nosso presépio familiar que irá, nas próximas seguintes acolher Maria, José, a estrela, a manjedoura e o menino Jesus. Enquanto preparamos a estrutura do presépio, podemos ouvir esta música:
Conscientes de que a meta do nosso peregrinar é o encontro definitivo com “O Senhor que vem”, deixemos que esta certeza nos anime e de esperança, sobretudo nos momentos de crise e confusão, de perseguições e tentações. Mesmo que tudo pareça ruir à nossa volta, não podemos perder a esperança, pois cremos na intervenção do misericordioso Deus Pai. Conversemos com Ele e em voz alta, façamos-lhe os nossos pedidos.
Porque iniciamos o tempo do Advento, podemos fazer esta oração e até ao término do momento de joelhos. Cheios de confiança, sinceridade e de esperança, rezemos:
Senhor Deus, Pai do Céu que estais comigo, ajuda o meu coração a abrir-se às formas como Jesus atua na minha vida. Concede-me a paz hoje e ajuda-me a viver cada dia na esperança eterna, sabendo que Jesus vai voltar; concede-me, também, força para ter a mesma confiança em Ti que Maria teve, enquanto aguardava o nascimento de Jesus. Rezo hoje por humildade, Pai. O nosso Salvador entrou neste mundo numa manjedoura com animais. Quando me sinto muito orgulhoso, lembra-me da Sagrada Família, do humilde nascimento de Jesus e que me chamaste para ser instrumento de paz e de cura em Teu nome. Amén
Abençoados pelo Espírito Santo que nos desperta, para que o Senhor não nos encontre a dormir ou adormecidos, benzemo-nos