Semana de 5 a 11 de novembro de 2023 XXXI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Onde vamos fazer hoje a oração? Escolhamos um espaço confortável, acolhedor, calmo e sem distrações. Preparemo-lo com cuidado e amor, pois iremos estar reunidos com O Mestre. Abrimos a Bíblia em Mateus 23 e, quando todos estivermos preparados, acendemos a vela.
Testemunhas fervorosas e comprometidas com os valores do Evangelho, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Descansados em Deus, confiantes no Seu amor e no socorro que vem da Sua forte mão, louvemo-Lo
Elevo os olhos para os montes De onde vem o meu socorro Senão da tua forte mão Meu pai, grande é o teu poder Sentado num alto trono estás No mundo és tu minha porção Descansarei em ti Confiarei no teu amor
Sei que tens o melhor p’ra mim A tua graça é sem fim Quero aprender a confiar As tuas promessas são reais Não falharão jamais Quero aprender a confiarem Ti
A minha vida entrego em tuas mãos Descansarei em tua provisão Aba Pai
Evangelizadores atentos, prevalentes num esforço missionário feito com amor, humildade, simplicidade e gratuidade, para nutrir e construir com os dons de Deus, uma comunidade viva e fervorosa, somos felizes e orgulhosos obreiros do Pai. Com entusiasmo, façamos-Lhe a nossa reconhecida oração de agradecimento.
Façamos a redescoberta dos fundamentos da nossa fé prestando atenção ao texto de Mt 23, 1-12, que um de nós vai ler
Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam os filactérios e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
Tentemos perceber este texto que nos ajuda a revitalizar o nosso compromisso com Deus e com os irmãos.
O grupo dos fariseus, palavra que significa “separado”, nasceu no século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo nas suas prescrições de pureza. Os fariseus eram grandes estudiosos da Lei e por isso acabaram por se tornar aos olhos do povo judeu os guardiões da Lei. O povo costumava recorrer a estes “doutores” da Lei para tirar dúvidas e saber se alguém estava ou não a transgredir os mandamentos divinos. Com o passar da tempo, foi-se criando uma “mentalidade farisaica” que se caraterizava por amor ao poder, um legalismo que aprisionava as pessoas numa “camisa de força” com muitas regras de comportamento, uma vivência que primava pela aparência e hipocrisia. É contra esta “mentalidade” que Jesus está indignado e nos adverte neste texto do Evangelho. Vejamos algumas características do espírito farisaico que nos podem atacar:
Ser o que não se é “Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus.” Esta não é uma expressão puramente figurada porque este móvel existia na sinagoga e representa a autoridade magisterial de Moisés. Com isto Jesus afirma que os escribas e fariseus reivindicam para si a última instância em termos de estipular o padrão da verdade e do comportamento. Ao ocuparem este lugar, eles substituem a mensagem profética pelas suas normas, regras e interpretações rigorosas, chamam Palavra de Deus e vontade de Deus ao que são as suas prescrições e argumentos, acabando por confundir as pessoas.
Incoerência “Eles dizem e não fazem.” Jesus disse aos seus discípulos que eles poderiam aprender com os fariseus mas a sua falta de ação para fazer o que diziam aos outros para fazer é que estava errado. Os fariseus ensinavam mas não faziam, eram bons a dizer aos outros o que fazer mas nunca cumpriam as mesmas ações. Um conhecimento correto sem um desempenho correto é o resultado dum hipócrita. É importante saber o que fazer mas é muito mais importante fazer o que se sabe. Uma aceção da palavra fariseu é hipócrita e aplica-se a uma pessoa que diz uma coisa e faz outra. Na vivência da minha fé, devo meditar se sou consequente entre o que digo crer e o que realmente faço.
Exibicionismo Neste texto, Jesus apresenta alguns truques praticados pelos fariseus para mostrarem que eles eram diferentes dos outros. Tudo o que eles faziam tinha como objetivo o reconhecimento público. Cada ser humano deve agradar a Deus e amar o próximo não por reconhecimento mas deve amar a Deus e ao próximo porque é certo fazer isso mesmo. Se eu só rezo ou pratico o amor ao próximo quando os outros observam tudo não passa duma miragem. Deixa de fazer as coisas porque os outros veem e começa a fazer o que é certo porque o Senhor está a ver. Os fariseus estavam muito interessados em posições e títulos. Nunca ficarás desapontado em servir os outros se o teu propósito de serviço for ajudar e não ganhar o aplauso ou reconhecimento dos homens. Posições e títulos devem ser uma recompensa de fazer o que é certo e servir os outros nas sombras e não um resultado de exibicionismo ou herança.
No fundo, este texto é uma denúncia para nos prevenirmos e não cairmos nas aparências, no exterior, nas formas, no faz de conta, nos privilégios, nas incoerências de dizer que somos cristãos e vivermos como se não o fossemos.
Escutar a Palavra de Deus não significa apenas “ouvir com os ouvidos” mas, acima de tudo, acolhê-la ativamente no coração, disponíveis para nos deixarmos interpelar e transformar por ela. Deus Pai, notifica-nos para prestarmos serviço aos irmãos, com simplicidade e humildade, sem insinuação de títulos, lugares de honra, privilégios ou a importância hierárquica… Reflitamos:
Já me senti mais importante que o outro? Em que circunstância?
Costumo mentir ou dar motivos falsos para ter protagonismo?
Sou sempre coerente com o que digo e faço?
Em que situações abdico do protagonismo por sincera humildade?
Como assumo ou não assumo a participação nos serviços pastorais?
Rezemos juntos esta oração para a semana dos seminários
Senhor nosso Deus, Envia-nos o Espírito de fortaleza Que afaste do coração de todos o medo que paralisa: O medo de escutar a Palavra que desinstala; O medo de ser chamado a dar passos novos e exigentes; O medo de caminhar juntos, com os que pensam diferente.
Senhor Jesus Cristo, Envia-nos o Espírito de discernimento Que torne o coração capaz de se decidir pela vontade de Deus: Os jovens arrisquem com generosidade a dar a vida pelos irmãos; Os seminaristas amadureçam em humanidade, compaixão e serviço; Os cristãos conheçam e amem os Seminários e deles cuidem.
Vem, Espírito Santo, E dá-nos pescadores de Homens: Que lancem a rede do Evangelho, sem apontar nem acusar ninguém; Que levem às pessoas a proposta de vida de Jesus; Que convidem todos para a festa do banquete do Senhor; Que levem a proximidade do Pai às situações de precariedade e pobreza; Que espalhem o amor de Cristo onde a família é frágil e as relações estão feridas; Que sejam presença feliz de Jesus Servo e Pastor. Virgem Maria, nossa mãe, Ensina todos os seminaristas a responder com confiança e abandono, E intercede pelos jovens tocados pela Jornada Mundial de Juventude Para que respondam com generosidade, radicalidade e sem medo.
Ámen
A mentira de vivermos para as aparências e a incoerência de vendermos uma imagem de nós próprios “corrigida e aumentada”, para obtermos o aplauso e a admiração dos outros, destroem a paz do nosso coração, roubam-nos a alegria e a serenidade de um compromisso simples e humilde com o Evangelho. Abrigados no amor e misericórdia do Pai, com humildade, façamos-Lhe os pedidos que queremos para nós e para os nossos irmãos.
Reparemos hoje, de modo particular, na oração do Pai Nosso: oração daquelas e daqueles que se sabem irmãs e irmãos em Jesus Cristo.
Senhor Jesus, livra-nos da tirania do orgulho e da vaidade. Ensina-nos a ser humildes como Vós e a amar os outros de forma generosa e incondicional, dando testemunho genuíno da Vossa presença no nosso coração e ações.