Semana de 29 de outubro a 4 de novembro de 2023 XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Quem prepara, fá-lo com amor. É assim que deve acontecer ao organizar o espaço e o que for necessário para realizar este momento de oração. Com amor a Deus e aos irmãos. Abrimos a Bíblia em Mateus 22, 34 e acendemos a vela para dar início.
Com o coração inundado pelo amor a Deus e aos irmãos, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Porque a nossa felicidade é n’Ele e com Ele, louvemo-Lo
Felizes os que amam o Senhor, felizes os que andam seus caminhos. Felizes são os pés daqueles que vivem e anunciam a verdade.
Felizes aqueles cuja a vida é pura e caminham na vontade do Senhor. Felizes os que observam os Seus preceitos e O procuram de todo o coração.
Promulgaste Senhor os vossos mandamentos Para serem observados fielmente Oxalá se firmem os meus passos Na observância da vossa lei
Mostrai-me Senhor o Vosso caminho Para que O siga na fidelidade Ajudai-me a obedecer à Vossa lei E a guardá-Ia de todo o coração
Confiantes em Deus, entregues nas Suas mãos e com verdadeira intenção de amadurecermos o nosso empenho e o nosso compromisso com o amor que Lhe dedicamos e ao próximo, oremos, em voz alta, com palavras de agradecimento por tanto que nos dá.
Na voz de um de nós, escutemos a excelsa mensagem de Mt 22, 34-40
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
Este texto do Evangelho é mais uma controvérsia entre Jesus e os fariseus e vem na sequência dos textos anteriores. Os fariseus eram os especialistas da Lei, eles consideravam-se autossuficientes na sua interpretação e cumprimento, por isso a controvérsia está cheia de malícia e ironia. Com esta pergunta, os fariseus não pretendem aprender nada com Jesus mas procuram mais uma oportunidade para acabar com Jesus e desacreditá-l’O.
“Qual o maior mandamento da Lei?” Os judeus mais piedosos tinham relacionado todas as leis do Pentateuco e chegaram a catalogar 613 leis. Uma quantidade tão grande de leis era difícil para o povo cumprir ou porque não as conheciam ou não havia condições para cumprir as leis em todos os seus pormenores. O que é importante, o que é inegociável? A primeira leitura deste domingo (Ex 22, 20-26) fala duma aplicação prática do Decálogo: não prejudicar, não maltratar, não explorar…
Qual o mais importante, qual a raiz de tudo? Jesus não citou dois da lista dos “Dez Mandamentos” do Antigo Testamento. Talvez os fariseus esperassem que ele destacasse o sábado ou alguma lei sobre o comportamento externo do homem, mas Jesus respondeu de outra maneira. Jesus responde com o fundamento do credo de Israel, o “Shemá, Israel”, (“escuta, Israel”) e cita o livro do Deuteronómio 6, 5 para o primeiro mandamento e o segundo mandamento vem do meio duma lista de instruções sobre o tratamento das outras pessoas em Levítico 19, 18.
As palavras “de todo(a)” são deliberadamente repetidas três vezes porque o amor deve ser com tudo o que somos e de todo o coração. Do ponto de vista da antropologia bíblica, coração, alma e mente não se excluem mutuamente, antes se sobrepõem. Juntos exigem que o nosso amor a Deus venha de todo o nosso ser, de todas as nossas habilidades e capacidades. Jesus deseja que amemos a Deus com tudo o que somos, tudo o que temos e em cada área da nossa vida. Deus deve ser o nosso primeiro e único amor. Este é o maior e mais importante mandamento. Esta é a raiz de tudo, diz Jesus: viver o “Shemá”, a origem, raiz de todos os preceitos da Lei.
Ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus caso tiverem como motivação primeira o amor. Neste sentido, todas as leis que dizem respeito ao próximo também têm a sua raiz no amor como Paulo bem explica na carta aos Romanos ao dizer: “De facto: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, bem como qualquer outro mandamento, estão resumidos numa só frase: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. Assim, é no amor que está o pleno cumprimento da lei.” (Rom 13, 9-10).
Ao afirmar que “nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas” e os fariseus tinham uma grande devoção por estas partes da Escritura, embora se aproximassem dela de forma estéril, Jesus diz que estes mandamentos não vêm da Lei mas a Lei vem destes mandamentos. Desta forma, entendemos que o amor ao Senhor inclui obediência a todas as instruções que Ele nos deu. Não é mais decisivo a quantidade de preceitos a cumprir mas a qualidade e os motivos da obediência. A obediência a Deus é uma questão de amor. Só quando se escolhe com amor para obedecer é que se realiza a vontade de Deus.
O rosto de Deus reflete-se em numerosos outros rostos, pois na face de cada irmão, especialmente do mais pequenino, frágil, indefeso e necessitado está presente a imagem do próprio Deus. Comprometidos com o apelo de Deus a abrir-lhes o nosso coração, a acolhê-Los com dignidade e respeito, reflitamos:
Qual é para mim a maior Lei de Deus?
Sou capaz de dizer de forma sincera que amo Deus?
Por princípio, amo toda a gente?
Qual tem sido a minha relação com “o próximo”?
O que é isto de amar com todo o coração?
Comprometidos com o apelo de Deus a abrir-lhe o nosso coração, a acolhê-Lo e a deixar que encontre em nós uma terra boa onde possa frutificar e dar fruto, conseguimos ver em cada homem ou mulher, um irmão que Deus colocou ao nosso lado e que temos de cuidar, respeitar, proteger e amar, Entregues ao Deus de amor, façamos os nossos pedidos, não apenas para nós, mas para os nossos irmãos, em particular, os mais débeis, os mais carentes ou os mais abandonados em situações difíceis.
Capazes de um amor sem limites, sem medida e que não distingue entre bons e maus, amigos e inimigos, rezemos
Peço-Te, Senhor, que me ilumines de forma a seguir o Teu caminho, a amar-Te e a amar os irmãos de forma genuina e de todo o coração. Peço perdão, Senhor, por todas as vezes em que não amei, em que não tive a força e o discernimento de amar acima das minhas fraquezas.