Semana de 17 a 23 de setembro de 2023 XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
O espaço para a oração deve ser preparado tendo em conta a tranquilidade e o conforto adequados ao momento. Tenhamos a Bíblia aberta em Mt 18, 21 e uma vela para acender ao iniciar.
Na presença de Deus de bondade que derrama sobre nós o Seu perdão de forma total, ilimitada e absoluta, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos o Senhor que nos ama sem cálculos, sem limites, sem medida e nos convida a assumir uma atitude semelhante para com os irmãos que, dia a dia, caminham ao nosso lado.
Perdoa, Senhor, o nosso dia, a ausência de gestos corajosos, a fraqueza dos actos consentidos, a vida dos momentos mal amados.
Perdoa o espaço que Te não demos, perdoa porque não nos libertámos, perdoa as correntes que pusemos em Ti, Senhor, porque não ousámos.
Contudo, faz-nos sentir, perdoar é esquecer a antiga guerra. E, partindo, recomeçar de novo, como o sol, que sempre beija a terra.
No nosso coração, que nos esforçamos para que seja um lugar de amor, de respeito pelo outro, de aceitação das diferenças e de perdão, reconhecemos a infinitude do amor do Pai pelas dádivas e bênçãos que nos concede. No Seu coração, depositemos a nossa sentida oração de gratidão.
Na voz de um de nós, escutemos a Palavra que ensina, guia e ilumina, no texto de Mt 18, 21-35
Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo de começo, apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido, com a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, para assim pagar a dívida. Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo: ‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’. Cheio de compaixão, o senhor daquele servo deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo: ‘Paga o que me deves’. Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo: ‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’. Ele, porém, não conseguiu e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto devia. Testemunhas desta cena, os seus companheiros ficaram muito tristes e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido. Então, o senhor mandou-o chamar e disse: ‘Servo mau, perdoei-te, porque me pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’ E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração».
Empenhadamente, tentemos compreender a mensagem deste texto
Deste texto do Evangelho, retirado o “discurso da comunidade”, retiramos algumas verdades bíblicas para a vivência do perdão e como gerir as ofensas recebidas.
Primeiro: O perdão tem como referencial a graça de Deus “Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?” A chave para o verdadeiro perdão é deixar de focalizar no que os outros fazem ou fizeram e começar a olhar para aquilo que Deus faz por nós. O perdão não é merecimento, é graça. O rei da parábola (Deus) perdoou uma dívida impagável, não pelos méritos do devedor, não por quem nós somos, mas por aquilo que Ele é: misericórdia e compaixão. A base do perdão não é o mérito humano, mas a graça divina. Na parábola, a misericórdia do rei foi superior à justiça. O perdão que gratuitamente recebemos de Deus, somos gratuitamente desafiados a dar e libertar aos outros; os que são perdoados devem perdoar; os que receberam de graça devem ser canais de misericórdia; os que recebem o perdão não podem sonegar o perdão. Foi por isso que o rei ficou irado: o servo perdoado recusou-se a perdoar ao seu irmão. Não há lugar para a misericórdia para com os outros enquanto não nos reconhecermos incapazes de saldar a nossa dívida para com Deus.
Segundo: O perdão não é uma opção É comum escolhermos aquilo que perdoamos e a quem perdoamos baseados em julgamentos daquilo que é perdoável ou não para nós. É comum pensarmos que alguém que errou várias vezes connosco, não merece o nosso perdão porque tudo tem limites e o perdão também o tem. Foi esta a lógica de Pedro ao propor a Jesus um teto de vezes a perdoar. Desta forma, montamos uma escala de valores e damos ou não o perdão quando achamos que devemos dar e a quem devemos dar. A verdade bíblica mostra que perdoar não é facultativo, é antes obrigatório, um mandamento. “Não devias, também tu…”, diz o texto. Nas Bem-aventuranças, Jesus diz-nos que devemos ser “ misericordiosos” como o Pai do Céu, isto é, dá-nos um imperativo de perdoar sempre com compaixão mais do que com justiça.
Terceiro: O perdão não pode ser fingido A parábola fala de alguém que recebeu um grande perdão mas quando chegou a sua vez de perdoar não o fez. Por isso Jesus diz e frisa que devemos perdoar ao nosso irmão “de todo o coração”. O perdão precisa de ser algo que ecoa da nossa razão e ecoa por todo o nosso ser. Perdoar não é um sentimento, não é esquecer tudo, não é ter uma amnésia. Perdoar não significa que as feridas provocadas pelo agressor passam e se curam imediatamente. Perdoar é uma decisão. O que sente não interessa porque a decisão está no coração e se perdoas de todo o coração e de forma verdadeira, então ficas livre e avanças. Muitas pessoas recusaram perdoar e ficaram doentes, prisioneiras e amarradas ao passado. Perdoar de todo o coração é fazer o que Deus faz, é libertar-se das amarras do ódio, da raiva e da vingança.
Com os olhos postos no exemplo e nas palavras de Jesus, reflitamos:
Entendo que o perdão não é merecimento, mas é graça? Como?
Perdoo por compaixão, perdoo sempre ou seleciono?
Para mim, o que é mais difícil decidir perdoar?
Como faço para perdoar quando ainda me dói?
Demonstro o perdão e faço saber que perdoei?
Fazer a experiência do amor de Deus transforma-nos o coração e ensina-nos a amar os nossos irmãos, nomeadamente aqueles que nos ofenderam. Ao agir com compreensão e perdão, estamos disponíveis para acolher a misericórdia, a bondade e o amor de Deus. É com o coração exposto ao Pai, que Lhe dirigimos, em voz alta, os nossos pedidos.
Construtores de uma realidade nova, de amor, de comunhão e de fraternidade, rezemos com fé
Jesus, Tu que deste testemunho, em gestos concretos de amor, de bondade e de misericórdia e que, na cruz, morresTe pedindo perdão para os Teus assassinos… ensina-nos a superar a exigência mais difícil que nos fazes: perdoar, sem meias tintas, dúvidas, evasivas ou desculpas… Ajuda-nos a renunciar ao nosso orgulho, auto-suficiência e frutifica em nós gestos de amor, de partilha, de diálogo, de acolhimento e de comunhão, com os nossos irmãos.
Com a força do Espírito Santo e as bênçãos de Deus, cultivemos uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão e pelo perdão, benzemo-nos