Semana de 10 a 16 de setembro de 2023 XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Preparemos o espaço o melhor possível para se realizar o momento de oração. Tenhamos a Bíblia aberta em Ez 33, 7 e uma vela para acender quando todos estivermos prontos.
Como vigilantes que perscrutam o horizonte, atentos e resolutos aos desafios do mundo que nos rodeia, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Filhos eleitos de Deus, enviados a anunciar a alegria e o perdão, sejamos luz para o mundo e abracemos o coração do Homem, com o sorriso de Deus em nós, a quem louvamos.
Fui Eu que te escolhi e te chamei desde o seio da tua mãe. Eu sou teu Pai, tu meu filho eleito. Eu te envio ao Mundo, meu mensageiro.
Faz das tuas mãos rios de graça, Da tua palavra esperança. Faz da tua vida um sorriso de Deus, Que abraça o coração do Homem.
Sou Eu que te envio a anunciar A Palavra da liberdade. Eu sou o teu Pai, tu meu filho eleito. Sê luz para o Mundo, fogo de Amor.
Eu peço que tu sejas testemunha da alegria e do perdão. Eu sou o teu Pai, tu meu filho eleito leva a todo o Homem consolação.
É Deus que nos chama e envia em missão, dando-nos coragem para testemunhar e apoio nos momentos de crise, de desilusão e de solidão… Potenciemos a nossa relação com o Deus de bondade, meditando na Sua Palavra, conversando intimamente com Ele e, acarinhados pelo Seu amor inabalável, digamos-Lhe em voz alta, todas as coisas pelas quais Lhe estamos imensamente gratos.
Escutemos na voz de um de nós, os apelos e os conselhos que o Pai nos dirige no texto de Ez 33, 7-9
Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao ímpio: ‘Ímpio, hás de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida».
Hoje, encontramos muitas pessoas que se perderam na estrada da vida, não sabem para onde caminhar, não sabem porque entraram nesse caminho e em alguns casos não sabem em que caminho estão a caminhar. Alguns vivem tão desorientados que entram em desespero e procuram estradas totalmente erradas que só servem para se afundarem ainda mais na perda do sentido da vida. Gente que muitas vezes mora connosco, trabalha connosco, estuda connosco, convive connosco. Será que, como Caim, não temos responsabilidade sobre eles? Este texto de Ezequiel diz que sim e, se temos responsabilidade, não podemos ir pelo caminho da omissão. Ezequiel entende a sua missão de profeta como se fosse uma sentinela. A sentinela é a pessoa que fica num lugar alto, como torres, postos e grandes rochedos para ver mais longe e ao longe. São colocadas nesses lugares estratégicos para avisar de ataques de inimigos que tentam invadir as fortalezas, de ladrões que tentam roubar as colheitas e de qualquer outra coisa estranha que venha a acontecer. A sentinela não se pode calar quando vê o perigo a aproximar-se da cidade. A verdadeira sentinela é sobretudo espiritual e por isso ela vê com os olhos espirituais, alertando para os perigos de viver longe de Deus e de praticar o mal. Ezequiel é sentinela, vigia, no meio do seu povo deportado para o exílio da Babilónia. Na sua missão, Ezequiel percebe que o perigo e ameaça do povo não vem dos caldeus e do seu rei, como supostamente se pensava, mas o perigo vem de outro lado, vem do alto, vem de Deus. Deus enfureceu-se com o seu povo e quer puni-lo, castigá-lo porque o povo não adora mais o Senhor, não lhe é fiel e virou-se para a idolatria. O povo de Israel deveria estar atento porque tinha colocado a sua esperança e confiança na política errada de Sedecias. Cada israelita deveria reconhecer o perigo que o ameaçava por ter abandonado o Senhor e ter colocado a sua confiança em instituições caducas. Como vigia, Ezequiel ocupa-se e preocupa-se com isto, adverte para os perigos e aponta o caminho da salvação: “a conversão” (Ez 33, 11). Diante da ameaça, Ezequiel deu o alerta sem se importar se esse aviso perturba, irrita, zanga ou aterroriza. Se é atacado ou repreendido por causa disso, não importa. À sentinela cabe cumprir a tarefa de alertar o povo na hora certa, sem medo, com competência, amor pelo seu povo e com verdade. Depois disto, tudo fica a cargo de quem ouviu a advertência. O aviso foi dado e agora é a vez de quem foi advertido. Para alguns o melhor teria sido não ouvir o alerta do vigia porque agora se morrerem foi por culpa própria. A missão de sentinela aplica-se a todas as pessoas que têm obrigação de orientar outras a seu encargo. Não podemos ignorar a missão e função de sentinelas que o Senhor nos confiou. Na realidade, muitas pessoas escondem-se no “politicamente correto” e não querem assumir riscos, não querem ter aborrecimentos e por isso deixam-se levar pela cultura dominante. Numa sociedade em que se diz o que as pessoas querem e gostam de ouvir, em que há uma preocupação constante de não contrariar as pessoas, em que reina a bajulação torna-se difícil ser sentinela porque a sentinela é sincero, direto e diz a verdade. Não é isto que nos falta hoje: pais, professores, catequistas, padres, avós, educadores, políticos… sentinelas?
Podemos, todos os dias, realizar gestos de partilha, de serviço, de acolhimento, de reconciliação, de perdão… mas é preciso ir sempre mais além. Há sempre mais um irmão que é preciso amar e acolher; há sempre mais um gesto de solidariedade que é preciso fazer; há sempre mais um sorriso que podemos partilhar; há sempre mais uma palavra de esperança que podemos oferecer a alguém. Reflitamos:
Sinto responsabilidades sobre o próximo, o outro?
Qual é o meu papel na evangelização e alerta na minha comunidade?
Sou sincero e direto ou prefiro calar, escamutear ou florear as mensagens de aviso e chamadas de atenção?
Prefiro que me orientem e ajudem nas minhas falhas ou prefiro que não me aborreçam e continuar no caminho errado?
Com que espírito aceito a correção que me fazem?
Deus, A sentinela que nos conduz e guia, não nos condena antecipadamente… dá-nos a possibilidade de nos defendermos, de nos explicarmos sem nos restringir o direito de apelar à Sua misericórdia e à Sua capacidade do nosso perdão e dos outros irmãos. Por essa razão digamos em voz alta os pedidos que queremos fazer ao Pai.
Ambicionando ser sentinelas que, como Cristo, amam sem cálculo, sem contrapartidas, sem limite e sem medida, rezemos
Deus de amor, justo e bom, que o Teu Espírito nos purifique das más condutas que desvalorizam o nosso testemunho. Que o teu Espírito seja para nós fonte de discernimento e de coragem e nos torne conscientes da dívida de mútuo amor de uns para com os outros. Nós Te louvamos pelos profetas que nos envias como sentinelas, para vigiar o nosso caminho e para nos guiar e pelo convite a sermos, também, sentinelas.
Sentinelas abençoados com coragem para falar, denunciar e agir, benzemo-nos