Semana de 13 a 19 de agosto de 2023 XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Nem sempre compreendemos a mensagem na oração, porém devemos prepararmo-nos e disponibilizarmo-nos para encontrar esse tempo de intimidade com Jesus de modo a ouvir o que Ele tem para nos dizer. Para isso é necessário prepararmos o espaço adequadamente, termos a Bíblia aberta em Mt 14, 22, encontrarmos uma posição confortável e darmos início a este momento acendendo uma vela no meio de nós.
Peregrinos ao encontro de Deus, com humildade, simplicidade e interioridade, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Naveguemos com fé em Jesus que nos abre caminhos seguros e nos revela o Seu amor. Com alegria, louvemo-Lo:
Oh, por que duvidar sobre as ondas do mar Quando Cristo caminho abriu? Quando forçado és contra as ondas lutar Seu amor a ti, quer revelar
Solta o cabo da nau Toma os remos nas mãos E navega com fé em Jesus E então tu verás, que bonança se faz Pois com Ele seguro serás
Trevas vêm te assustar Tempestades no mar Da montanha, o Mestre te vê E na tribulação, Ele vem socorrer Sua mão bem te pode suster
Quando pedes mais fé, Ele ouve, oh crê Mesmo sendo em tribulação Quando a mão de poder, o teu ego tirar Sobre as ondas poderás andar
Deus manifesta-Se no silêncio, na intimidade, na simplicidade, na humildade, na interioridade do coração do homem que vai ao Seu encontro. Confiantes na Sua presença amorosa que nos faz sentir seguros e confortados, estendamos os nossos braços para Ele e digamos-Lhe, em voz alta, o tanto que Lhe queremos agradecer.
Em comunidade fraterna de amor e de partilha, fechemos os nossos olhos, e escutemos atentamente, na voz de um de nós, a Palavra Viva de Deus, no texto de Mt 14, 22-33.
Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco e a esperá-l’O na outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Logo que a despediu, subiu a um monte, para orar a sós. Ao cair da tarde, estava ali sozinho. O barco ia já no meio do mar, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar, assustaram-se, pensando que fosse um fantasma. E gritaram cheios de medo. Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo: «Tende confiança. Sou Eu. Não temais». Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas». «Vem!» – disse Jesus. Então, Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas, para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento e começando a afundar-se, gritou: «Salva-me, Senhor!» Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o. Depois disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» Logo que saíram para o barco, o ventou amainou. Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus, e disseram-Lhe: «Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».
Que narração intensa e inspiradora para alimentar a nossa fé! Debrucemo-nos sobre os ensinamentos que nos revela.
Mateus escreve o seu Evangelho quando a comunidade, a Igreja, estava a passar por momentos de desânimo e frustração motivados pelo crescente número de perseguições e o adiamento da segunda vinda de Cristo. Por isso, muitos cristãos estavam com medo e a sua fé vacilava. A comunidade era como uma barca açoitada pelos ventos e ondas, no meio duma tempestade, sem a presença de Jesus que parecia estar longe. No meio da travessia e da caminhada da comunidade, surgem as tempestades e as adversidades. Como manter a fé? Alguns aspetos que o Evangelho nos pode ajudar.
Primeiro: Acreditar na promessa de Jesus Jesus mandou os seus discípulos passar para a outra margem. O destino deles não era o naufrágio mas a outra margem, onde deveriam esperar Jesus. Jesus não prometeu aos seus discípulos uma viagem calma, fácil, não prometeu a ausência de luta, mas garante a meta segura: “a outra margem”. A tempestade provoca medo aos discípulos e a nós também porque ela é maior do que nós e maior que as nossas forças. Os discípulos esforçavam-se para contornar o problema mas este era maior que a sua capacidade para o resolver. Perante esta situação de impotência e de medo, surge também a falta de fé. A causa do desespero não é a tempestade mas a falta de fé. Havia deficiência de fé na convicção do cuidado de Jesus. Quando o medo, a impotência, as contrariedades nos assaltarem e dominarem a nossa fé, agarremo-nos à promessa de Jesus que é chegar à outra margem e não morrer no meio do mar.
Segundo: Ter Jesus como segurança Pedro clama: “Salva-me, Senhor”. Passar por dificuldades foi normal no percurso do povo de Deus e é normal no nosso percurso. Quando estamos no sufoco, sabemos que podemos contar com o Senhor Jesus. É importante clamar quando nos estamos a afundar mas é preciso também agir e é por isso que Pedro estende a mão e segura na mão de Jesus. Quando alguém se está a afundar o que mais quer é algo onde se possa segurar para não morrer. Pedro encontra ajuda e socorro na mão de Jesus. Pedro não pediu aos companheiros do barco que o viessem ajudar e dar apoio, também não pensou em confiar nas suas próprias forças e habilidades para escapar daquela situação, apesar de estar habituado ao mar. Pedro recorreu a quem lhe podia valer: Jesus. Como Pedro, é importante também ter a humildade necessária para estender a mão e ser ajudado.
Terceiro: Sentir a presença de Jesus Os discípulos entregaram-se ao medo porque se sentiram abandonados e à sua sorte no meio da tempestade. Um dos sentimentos que nos assaltam na hora da tempestade da vida é que Deus não se importa connosco. Somos apressados em concluir que Ele não se importa com a nossa dor e a nossa tormenta. O mar agita-se e ameaça a vida aos discípulos. Ao longe, Jesus vê o sofrimento dos discípulos e sai ao seu encontro, em seu auxílio, caminhando sobre as águas, porque se preocupa com eles e não os abandona à sua sorte. Ser cristão não é viver numa redoma, numa estufa espiritual. Jesus foi a uma festa e mesmo lá estando o vinho faltou. A tempestade ajudou os discípulos a perceberem que podem confiar em Jesus nas tempestades da vida porque Ele prometeu estar connosco todos os dias até ao fim dos tempos e acompanhar-nos na nossa travessia. Sentir a presença de Jesus é o nosso amparo.
Por vezes, vivemos uma fé cómoda, instalada e pouco exigente… Quando o nosso “barco” é açoitado pelas ondas e navega dificilmente, com vento contrário, ficamos inquietos e sentimo-nos perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos e incapazes de enfrentar as tempestades… Tornemos Jesus presente, com as Suas palavras “tende confiança, não temais”. Reflitamos:
Eu perco a fé? Em que momentos? Quando foi a última vez que me senti a ir abaixo na fé?
Peço ajuda? Em momentos de necessidade e nos de falta de fé, peço ajuda?
Sentir a presença de Jesus é essencial para mim? Porquê?
Como lido com a dificuldade em sentir a Sua presença?
Através de Jesus, o Deus de amor e de comunhão vem ao nosso encontro, estende-nos a mão e dá-nos a força para vencermos as adversidades, as desilusões e as hostilidades do mundo. Dispostos a reconhecê-l’O, a acolhê-l’O e a aceitá-l’O como “o Senhor”, Deus de misericórdia, entreguemos-Lhe os nossos medos, as nossas dúvidas e os pedidos que Lhe queremos entregar.
Abrigados em Jesus que nos sustenta, rezemos com fé
Cada um de nós, independentemente da “tempestade” que nos assola, façamos um momento de silêncio e, em intimidade com Jesus que nos estende os braços, falemos-Lhe e oremos-Lhe, como amigo e guia que é.
Confiantes e sem temor, seguros pela mão de Jesus e pelas bênçãos do Pai , benzemo-nos