Semana de 6 a 12 de agosto de 2023 FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR – Ano A
A oração tem um grande propósito: sermos tocados pelo Senhor. É verdade que isto pode acontecer quando menos esperarmos, porém, se nos prepararmos e dispusermos a recebê-Lo, é mais fácil e mais frequente. Preparemos a Bíblia em Mateus 17, acendamos uma vela e, sobretudo, convidemo-Lo para este momento.
Contemplando a divindade de Cristo que se manifesta aos olhos dos homens, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Diante de Jesus, aqui estamos, em silêncio, para O amar e o Seu rosto contemplar. Fascinados e de olhos fixos no Seu olhar, louvemo-Lo.
Se Cristo te fascina, fixa n’Ele o teu olhar. Ele é o rosto de Deus, um rosto a contemplar.
Seu amor é eterno, amou-nos sem medida: é o pleno sentido de toda a nossa vida. É a fonte que mata tua infinita sede; Ele é o Senhor da fonte, Ele é o Senhor da sede.
É a maior referência de vida na fé segura, é o Homem do encontro, é o Homem da procura. Quando estás só com Deus, Sua presença é estranha, anuncia na cidade os segredos da montanha.
Celebremos o instante de Luz no qual Jesus se fez conhecer e admiremos a visão do Senhor transfigurado, Ele que mostra o caminho do dom da vida, da entrega total e do amor até às últimas consequências. Agraciados pela luz de Cristo presente em nós, diirijamos-Lhe, em voz alta, a nossa oração de agradecimento.
Escutemos na voz de um de nós, a mensagem expressa em Mt 17, 1-9, que é motivo de esperança e incentivo que sustenta o nosso caminho.
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João seu irmão e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. Pedro disse a Jesus: «Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e da nuvem uma voz dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O». Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram-se muito. Então Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais». Erguendo os olhos, eles não viram mais ninguém, senão Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-lhes esta ordem: «Não conteis a ninguém esta visão, até o Filho do homem ressuscitar dos mortos».
Reflitamos no texto que escutámos, para melhor conhecermos e amarmos a Deus.
Ao longo dos tempos, o ser humano sempre ambicionou descobrir qual a aparência terrena de Jesus. Em muitos quadros e filmes a pessoa de Jesus foi retratada e com várias aparências que podem ir desde uma imagem de cabelos louros e olhos azuis até um aspeto desfigurado e sofredor. Neste texto do Evangelho, Jesus mostra aos seus discípulos a sua verdadeira aparência, não a aparência terrena mas a sua aparência gloriosa, a aparência como Filho de Deus. Era importante que eles descobrissem esta aparência gloriosa para assim pudessem suportar o escândalo da cruz e a humilhação da Paixão e não fosse esta a imagem a prevalecer mas a imagem gloriosa. Se queremos conhecer o verdadeiro rosto de Jesus, se queremos que Ele se nos revele e se transfigure diante de nós, precisamos de seguir alguns aspetos deste texto do Evangelho.
Primeiro: Oração “Jesus levou-os, em particular, a um alto monte.” Jesus andava rodeado de grandes multidões mas só três tiveram o privilégio de estar a sós com Jesus. Jesus quer revelar-nos a nós a Sua glória, o seu rosto, mas precisamos de estar com Ele “em particular”, a orar em segredo. A condição para contemplar o rosto de Jesus é o silêncio. Deus não está no barulho, na algazarra, porque aí não se pode ouvir a Sua voz, mas é preciso subir ao monte. Só com esforço conseguimos encontrar espaço na nossa vida para orar e somente quem em vida de oração pode conhecer o rosto de Jesus mais profundamente. Tudo começa na oração.
Segundo: Palavra de Deus “E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele.” Os discípulos sempre ouviram falar de Moisés e Elias que representam a Lei e os Profetas, respetivamente. A presença destas duas personagens serve como testemunha da divindade de Jesus. Se queremos conhecer o verdadeiro rosto de Jesus temos de ler, meditar e compreender a Sagrada Escritura. Fazê-lo com fé e não como quem lê um livro qualquer. Desconhecer a Sagrada Escritura é desconhecer Jesus Cristo, como dizia São Jerónimo. A Palavra de Deus ajuda a que o rosto de Jesus se revele diante de nós.
Terceiro: Prazer na presença “Como é bom estarmos aqui!”, disse Pedro. Pedro sentiu-se tão bem que não queria ir embora; ele queria permanecer naquele clima de oração, de Palavra de Deus em que Jesus se revelara. A pessoa que cumpre ritos ou cerimónias por obrigação ou por algum motivo utilitário nunca chegará a ter o prazer da presença de estar diante de Deus. Quando conhecemos Jesus verdadeiramente passamos a ter prazer em estar na sua presença, começamos a dar prioridade a estar com Deus para melhor o conhecer e amar. O maior prazer do cristão deve ser conhecer mais sobre Jesus para assim conhecer melhor o seu rosto e quem reconhece o rosto de Jesus cai por terra e adora porque sente o poder de Deus e a sua pequenez.
Quarto: Tocados “Jesus aproximou-se e, tocando-os, disse: «Levantai-vos e não temais».” Jesus tocou nos discípulos para os despertar. Este toque foi, ao mesmo tempo, uma chamada de atenção e um fortalecimento. É preciso deixar que o Senhor Jesus nos toque, nos transforme e nos fortaleça com a sua presença, mas, em muitas circunstâncias, não sentimos nada e a nossa oração não nos leva a uma maior intimidade com o Senhor. Como os discípulos, deixemo-nos tocar pelo Senhor.
Jesus, o Filho amado de Deus, pela transfiguração, demonstra-nos que a vida plena assenta numa sentida comunhão íntima com o Pai e que, se deixarmos que Ele nos toque e transforme, a capacidade de pôr a própria vida ao serviço dos irmãos será fortalecida e conheceremos o Seu rosto. Reflitamos juntos.
Quando falo com Jesus, como o imagino… fisicamente?
Onde e quando oro? Procuro o recolhimento frequentemente?
O que já me disse a Bíblia? Qual foi aquela passagem bíblica que me tocou profundamente?
Para além da Palavra do Senhor, como aprendo a conhecer o rosto de Jesus?
Como é sentir Jesus ou como acho que irá ser?
A transfiguração de Jesus “grita-nos” do alto daquele monte: não desanimeis, pois o amor de Deus conduz à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim. Iluminados e aconchegados pelo amor de Cristo transfigurado, de rosto resplandecente e transbordante de compaixão e misericórdia, dirijamos-Lhe, em voz alta, os pedidos que Lhe queremos fazer.
Experienciando uma vida vivida como dom, com humildade e simplicidade, rezemos
Maria, doce Mãe, Serva, Discípula do Senhor e intimamente unida a Ele na Encarnação, na Paixão e na Glória, “levantaste-te e partiste apressadamente”… Tu conheces e amas Jesus na intimidade, e és para nós, o modelo insuperável na contemplação do Seu rosto. Caminha connosco, terna mãe e ajuda-nos a “ver o Pai, em Jesus”.
Tocados, abençoados, transformados e fortalecidos com a presença de Cristo transfigurado, benzemo-nos