Semana de 23 a 29 de julho de 2023 XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
A preparação do espaço para o momento de oração é muito importante. Pode ser um cantinho de oração que se tenha em casa, pode ser no sofá ou no chão da sala ou até à mesa da refeição, o importante é que se prepare adequadamente. Para além da Bíblia aberta em Mateus 13, 24 e uma vela que se acenderá no início da oração, pode-se juntar uma espiga de trigo ou um ramo de espigas de trigo para embelezar e lembrar a parábola de hoje.
Na presença de Deus, o semeador paciente e cheio de misericórdia, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Muitas vezes sentimo-nos fatigados e ansiamos por escutar a voz de Deus; caminhamos em silêncio e exultamos ao sentir a Sua presença, nos nossos corações. Sentindo-O, louvemo-Lo com o cântico:
Uma noite de cansaço, sobre o barco em alto mar Enquanto o céu se aclara já Estão vazias as tuas redes. Mas a voz de quem te chama Um outro mar te mostrará Sobre cada coração As tuas redes lançarás.
Oferece a tua vida Como Maria, diante da cruz. E serás, servo de cada homem, Servo por amor: Sacerdote da humanidade.
Avançavas no silêncio, esperavas que a semente Que se espalhava diante de ti Caísse numa boa terra. Mas agora estás em festa Porque o grão loureja já Maduro pelo sol, pró celeiro levarás.
Deus tem um coração indulgente, justo e misericordioso pois a Sua essência é amor, compreensão, tolerância, bondade e dádiva. Maravilhados e reconhecidos com as bençãos que o Pai semeia em nós, sejamos terra fértil da Sua Palavra e saibamos agradecer-Lhe, em voz alta, o tanto que nos dá.
O Espírito de Deus, vivo e actuante em nós, leva-nos ao encontro do Deus de amor e faz com que a Sua voz chegue ao nosso coração. Escutemo-la, na voz de em de nós, no texto de Mt 13, 24-30
Naquele tempo, Jesus disse às multidões mais esta parábola: “O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram dizer-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem então o joio? Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez isso’. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ ‘Não! – disse ele – não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; e ao trigo, recolhei-o no meu celeiro’”.
A Palavra é simples, porém a sua extensão é imensa. Aprofundemos o texto que acabámos de escutar…
Na parábola do trigo e do joio, encontramos dois senhores: o proprietário e o seu inimigo. Eles separam-se por várias razões. Nesta reflexão, fixamo-nos em duas: a sementeira e o acompanhamento da sementeira.
A sementeira Os dois senhores semeiam mas não da mesma forma. O proprietário semeia o trigo bom e o inimigo semeia o joio mau. O proprietário, Deus, semeia por amor e o inimigo semeia por vingança e por ódio. Deus semeia para colher e o inimigo semeia para confundir porque o trigo e o joio são muito semelhantes no início. Dentro do campo missionário existe o trigo, semente de Deus, e o joio, semente de satanás por isso a Igreja não é um “grupo” de gente perfeita e onde ninguém erra mas um campo onde há trigo bom e também há joio. Não há “trigais maravilhosos” mas uma junção de trigo e joio até ao final da ceifa. Trigo e joio estão juntos nos vários órgãos e movimentos da Igreja: nas comissões, catequistas, grupo coral, mordomias, acólitos, leitores…
O trigo e o joio não são só semeados no campo da Igreja mas também no campo interior de cada um de nós que é o nosso coração. Na realidade, todos temos algo de bom e de mau no coração. Como arrancar o mau e ficar só o bom? A nossa vida deve ter como preocupação constante o crescimento do trigo e eliminação do joio, isto é, não deixar que o inimigo semeie joio no nosso coração, não deixar que a semente do ódio, da inveja, da vingança, da maldade, na mentira… entre no nosso coração e cresça. Na verdade, isto poderá sempre acontecer porque somos frágeis e vulneráveis. Peçamos ao Senhor que nos ajude a estar despertos para não sermos surpreendidos pelo inimigo porque ele semeia de noite e de forma encoberta de modo a nos iludir.
Acompanhamento da sementeira O inimigo do proprietário semeou e foi-se embora. Ele não tem qualquer preocupação em acompanhar a sementeira. Ele semeia e espera que no nosso coração ela possa florescer, conta connosco e com as nossas ambições. O proprietário do campo preocupa-se com a sementeira, não quer que o seu trigo se perca, dando oportunidade ao joio para crescer junto com o trigo porque quer que todos os seus filhos se salvem e nenhum seja arrancado pela raiz, não seguindo por isso o espírito impetuoso dos servos que queriam arrancar o joio numa ação que poderíamos chamar de “tolerância zero”. Como seria bom que nos formássemos na tolerância e na paciência de Deus e a aplicássemos nas nossas relações uns com os outros mas muitas vezes seguimos o espírito impetuoso dos servos pensando que a humanidade se pode dividir em bons e maus quando, na realidade, todos temos o coração às riscas.
Numa fase inicial, o trigo e o joio são muito semelhantes mas no amadurecimento ocorrem mudanças significativas, daí a decisão do proprietário ao afirmar: “deixai-os crescer ambos até à ceifa”. Esta frase é a voz sábia da Palavra de Deus que conhecer os enganos das nossas verdades e os desenganos das nossas certezas. Diante da complexidade da rapidez humana que quer tudo para ontem, aparece um Deus que nos ama com amor paciente, compassivo, tolerante e sabe esperar. Deus não se precipita nos seus juízos e castigos e dá-nos a vida toda para darmos bons frutos, bom trigo. Por ser indulgente, Deus espera que, ao longo da nossa vida, vamos eliminando o joio do nosso coração com atitudes de arrependimento e conversão para que, ao chegar a altura da ceifa, sejamos verdadeiro trigo de Deus.
O Deus de Jesus Cristo é um “proprietário” paciente e misericordioso, lento para a ira e rico de misericórdia, que dá sempre ao homem todas as oportunidades para refazer a sua existência. Deus perdoa-nos o laxismo, a falta de entusiasmo e empenho para vivermos de forma empenhada e comprometida a nossa fé. Reflitamos juntos, para percebermos que “proprietário” queremos no nosso coração.
Consigo identificar situações em que “o trigo e o joio” estão misturados na paróquia, na comunidade, na minha família e na minha vida?
Em que circunstâncias tenho permitido que o joio seja semeado no meu coração e porque o deixo crescer?
Já agi de forma impetuosa, precipitada e sem tolerância como os servos da parábola?
Como posso aplicar na minha relação com os outros a tolerância, paciência e compaixão de Deus?
Deus paciente, quer que os Seus filhos amados, frágeis e vulneráveis. se convertam e vivam os caminhos da felicidade e da vida definitiva. Nos momentos de crise, de derrota, de falência, é preciso conservar os olhos postos nesta certeza: Deus ama-nos; por isso, oferece-nos, de forma gratuita e incondicional, a salvação. Confiantes, façamos-lhe a nossa prece.
Em silêncio, acolhamos a vontade de Deus e juntemos a nossa voz ao Espírito Santo, rezando
Senhor, que o Teu Espírito nos torne curiosos de Ti, pacientes, receptivos e cheios de admiração por tudo aquilo que és. Mantem-nos confiantes e atentos à Tua presença, introduz no nosso coração um dinamismo de conversão, de transformação, de renascimento e de vida nova. Ajuda-nos a moderar a nossa dureza, a nossa intolerância, a nossa intransigência e a contemplar os irmãos com olhos benevolentes, compreensivos e pacientes para nos tornarmos semelhantes a Vós.
Favorecidos pelas bençãos de Deus bom e indulgente, cheio de misericórdia, benzemo-nos