Semana de 19 a 25 de março de 2023 IV DOMINGO QUARESMA – Ano A
No meio de todas as ocupações e preocupações, façamos uma pausa consciente para, em plenitude do coração, nos oferecermos a Deus e desfrutarmos em família, de um momento de oração. Tenhamos connosco a Bíblia aberta em Jo 9, 1-9.35-38 e, se assim entendermos, uma cruz ou crucifixo, para nos relembrar o propósito desta caminhada quaresmal. Quando estivermos prontos, acendemos uma vela.
Chamados a viver na “luz”, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Bendigamos e louvemos o Senhor, pela luz terna e suave do Seu olhar sobre nós…
Que importa, Senhor, se é tão longe para mim a praia onde tenho de chegar, se sobre mim levar pousada a clara luz do teu olhar.
Hoje te peço, Senhor, para seres a luz que me ilumina na plenitude da Tua luz divina.
Luz terna e suave no meio da noite, leva-nos mais longe. Não temos aqui uma morada permanente. Leva-nos mais longe, Luz terna e suave no meio da noite.
Que importa, Senhor, os meus passos mal andados e o desamor, perdoa os meus pecados. Eu sei que vais raiar a madrugada e não me deixarás abandonado. Se Tu me dás a mão, Senhor, os meus passos serão firmes no andar. Leva-me mais longe para até Ti chegar.
Somos escolhidos, chamados e convidados por Deus a olhar mais além… Podemos perceber a Sua luz por detrás de cada gesto de amor, de bondade, de coragem, de compromisso com a construção de um mundo melhor. Participantes nestes gestos, sintamos gratidão pelos dons e graças que o Deus de amor e de luz nos dá, e digamos em voz alta, o tanto que Lhe queremos agradecer.
Atentos à Palavra de Deus, escutemos a mensagem que hoje nos é dirigida em Jo 9, 1-9.35-38
Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem é que pecou para ele nasceu cego? Ele ou os seus pais? Jesus respondeu-lhes: «Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus. É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai cegar a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo». Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e ficou a ver. Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que antes o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?» Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu». (…) Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?» Ele respondeu-Lhe: «Senhor, quem é Ele, para que eu acredite?» Disse-lhe Jesus; «Já O viste: é Quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor».
Quantas vezes escutamos as palavras, sem tentar verdadeiramente entender o que transmitem? Façamos o verdadeiro esforço de descobrir esta mensagem do Pai
Ao apresentar-se como “luz do mundo”, Jesus deixou-nos alguns aspetos de reflexão.
Jesus, como luz do mundo, gera vida A luz é indispensável para gerar vida. Tirando raras exceções, animais e plantas precisam de luz para viverem e desenvolverem a sua vida. A luz é fonte de vida, permite-nos viver em comunidade, saber onde estamos e com quem estamos. Sem luz a vida na terra seria extinta ou, pelo menos, muitas espécies desapareceriam. Ao acolhermos Jesus como “luz do mundo”, recebemos uma vida nova gerada em nós pelo Evangelho, no entanto, aquele que não recebe o Filho de Deus, está nas trevas e vive nas sombras da morte (cfr Mt 4, 16). Nesta cura, Jesus gera uma vida nova no cego de nascença. Com esta vida nova o cego começa o seu processo de autonomia, desafia de forma irónica as autoridades, tem a ousadia de questionar o conceito de pecador imposto pelos fariseus, afirma que, se “aquele homem” não fosse de Deus, nada poderia fazer, indo contra as autoridades que queriam desacreditar Jesus. A consequência de ter sido curado, de abrir os olhos, é uma vida nova que leva à não-aceitação da opressão.
Jesus, como luz do mundo, indica caminho e direção Uma das características da luz é abrir caminho, iluminar o que vem adiante. Todos sabemos da utilidade dum foco ou lanterna para iluminar na escuridão. A falta de luz deixa-nos desorientados, perdidos e podemos tropeçar. Precisamos de luz para andar confiantes, para ter sentido no caminho. Se dependemos da luz natural para nos dar direção e iluminar o nosso caminho, muito mais dependemos da luz divina para sermos conduzidos a um relacionamento produtivo com Deus. Jesus é a “luz do mundo” que veio para abrir os nossos olhos, tirar-nos das trevas, mostrar-nos o caminho e fazer-nos andar em conformidade com a Sua Palavra. Observe-se a frase de S. João “quem me segue não anda nas trevas” (Jo 8, 12). Andar nas trevas é caminhar sem a luz de Deus, é caminhar sem orientação de Jesus, da Sua Palavra, do Evangelho. O cego caminhava nas trevas, sem orientação e sem luz. Com a cura, ele tem uma “luz” que o guia física e espiritualmente. A adesão do cego à luz de Jesus manifesta-se no final do relato quando ele diz: “Eu creio, Senhor” e prostra-se diante de Jesus. Todo o relato é um caminho que o cego percorre desde a cegueira até aceitar Jesus como a Luz que guia a sua vida e este deve ser também o nosso percurso como cristãos.
Jesus, como luz do mundo, transforma a pessoa Outra caraterística da luz é revelar o que está escondido e com isto transformar o ambiente. Ao receber um raio de luz aquilo que estava encoberto aparece e revela a verdade das coisas que estavam na penumbra. Tudo fica diferente com a presença da luz. Nós gostamos de esconder aquilo que nos causa constrangimento e vergonha, porém, muito do esconde-esconde das nossas vidas precisa de receber um raio da luz de Jesus. Ao trazer luz à vida do cego, Jesus transforma a vida do cego de tal forma que se torna irreconhecível. A pessoa que é iluminada por Jesus passa a viver de maneira diferente, de tal modo que os vizinhos e familiares já não o conhecem. A pessoa que adere ao apelo do Evangelho comporta-se de maneira diferente: pratica a bondade, a generosidade, a ajuda ao próximo, torna-se gentil, delicado, verdadeiro… Se ainda pareço o mesmo de antigamente pode ser mau sinal.
Não podemos ficar de braços cruzados diante da maldade, do egoísmo, da injustiça, da exploração… Vinda dos outros… e nossa! Dispostos a deixarmo-nos transformar por Deus e a seguir o Seu caminho de Luz, numa atitude de vigilância atenta, reflitamos juntos
Para mim, o que significa, em concreto, “viver na luz”?
O que é que isso, em termos práticos, implica?
Quais são os comportamentos e valores que devem ser definitivamente saneados da minha vida para que eu seja um testemunho da “luz”?
Serei capaz de dizer o mesmo que o cego disse: «eu creio, Senhor»?
Reconheço algum milagre na minha vida ou na vida de alguém que conheço?
A vida é conversão… É uma caminhada de reconciliação , de receber o perdão e acolher sempre a luz de Deus que nos espera com amor e que jamais se afasta de nós! Voltados para Deus, expressemos em voz alta, os pedidos que Lhe queremos fazer, não esquecendo os nossos irmãos.
Com vontade de renascer, feitos Homens Novos, que vivem na “luz” e que dão testemunho da “luz”, rezemos confiadamente
Cristo, Luz do mundo, Tu que não nos julgas segundo as aparências, mas olhas o nosso coração e nos iluminas desde o nosso baptismo, permite que o Teu Espírito nos faça viver como filhos e filhas da luz, e que Ele produza em nós frutos de bondade, de justiça, de verdade e nos torne capazes de agradar a Deus.
Fechemos os olhos e meditemos um pouco com o apoio deste cântico:
Iluminados com a Luz de Cristo, aceitemos os dons do Espírito Santo e as Suas bênçãos.