Semana de 26 de fevereiro a 4 de março de 2023 I DOMINGO QUARESMA – Ano A
A Quaresma é tempo de introspeção e aprimoramento por excelência. Este momento de oração é um das melhores oportunidades para, em família, nos apercebermos e nos comprometermos com a mudança. Coloquemos uma Bíblia preparada em Gen 2,7-9; 3,1-7 e uma vela acesa no meio de nós.
Conduzidos pelo Mestre e fortalecidos pela Sua voz, prossigamos no caminho da conversão consciente, benzendo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Entregues a Deus, andemos nos Seus caminhos, seguremos a Sua mão e recebamos o Seu perdão, louvando-O
Nos teus caminhos quero andar E segurar a Tua mão, e receber o Teu perdão E vou cantar que não há distância Que te possa afastar
Desde quando eu era criança ouvi falar de um Deus Que abriu o Mar Vermelho, lutava pelos seus Contra feras e gigantes, reinos e nações E eu me encantava cantando Suas canções Mas o tempo foi passando e eu não quis ouvir Preferi seguir meus rumos, tentei de Deus fugir Mas no final do meu caminho não conseguia mais andar Eu senti a Sua presença convidando-me a voltar
Senhor, quero me entregar Nos Teus caminhos quero andar E segurar a Tua mão, e receber o Teu perdão E quero ser a voz que ouvia em minha infância E vou cantar que não há distância que Te possa afastar
E pra quem estiver cansado, sofrer de solidão Pra tua vida fracassada meu Deus é solução Pois deixou as Suas ovelhas para vir te procurar E se sentes Sua presença porque hoje não cantar?
Desde quando eu era criança Ouvi falar de um Deus.
Fomos criados para sermos felizes em comunhão com Deus… Por Ele fomos modelados e d´Ele recebemos o “sopro” que dá vida. Sentindo-nos fortalecidos e agraciados pelo amor divino do Pai, digamos-Lhe, em voz alta, algumas das tantas coisas que nos dá, e pelas quais Lhe estamos gratos.
Benzendo-nos, preparemo-nos para escutar na voz de um de nós, a Palavra “verdadeiro pão que dá vida”, “verdadeira resposta nas tribulações”, em Gen 2,7-9; 3,1-7
O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, insuflou em suas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivo. Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, a oriente, e nele colocou o homem que tinha formado. Fez nascer na terra toda a espécie de árvores, de frutos agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. Ora, a serpente era o mais astucioso de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: «É verdade que Deus vos disse: “Não podeis comer o fruto de nenhuma árvore do Jardim”?» A mulher respondeu: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus avisou-nos: “Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão morrereis”». A serpente replicou à mulher: «De maneira nenhuma! Não morrereis. Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal». A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer e agradável à vista, e precioso para esclarecer a inteligência. Colheu o fruto e comeu-o; depois deu-o ao marido, que estava junto dela, e ele também comeu. Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam despidos. Por isso, entrelaçaram folhas de figueira e cingiram os rins com elas.
A liturgia do primeiro domingo da quaresma fala-nos das tentações. Alguns aspetos que podemos observar partindo do texto bíblico.
A tentação não vem de Deus Adão e Eva tinham tudo à sua disposição mas têm um limite: não podem comer do fruto daquela árvore. Eles não se conformam com esta condição e desejam a satisfação plena dos seus desejos. A tentação é sempre um engano e o tentador conta com as nossas debilidades interiores, com as nossas ilusões e com as nossas ambições. Assim, o ser humano é seduzido pelo possuir, pelo poder, pelo domínio sobre os outros, pelo prazer, pela beleza, pela glória pessoal, pelo desejo de ser deus. Não foi esta a tentação fundamental: “sereis como deuses?” Em cada dia da nossa vida, todos nós sentimos necessidade de optar, decidir, renunciar e resistir ao mal e à tentação que nos afasta do caminho de Deus e escolher o caminho do Evangelho.
A tentação cresce com o tempo Inicialmente, a tentação tem um certo ar tranquilizador, como se não houvesse nenhum mal naquilo que se pensa fazer. A mulher começou por ver que o fruto era agradável à vista, bonito, atraente, depois veio a serpente com a sua astúcia e a tentação foi crescendo no coração da Eva, como cresce o joio no meio do trigo sem praticamente nos darmos conta disso. Em vez de bloquear a tentação, Adão e Eva ficaram a conversar com a serpente e deixaram-se levar pela conversa do tentador. No Evangelho, Jesus não dá conversa ao tentador. A certa altura a serpente deu a entender que não tinha mal nenhum comer daquela árvore, dizendo: “de maneira nenhuma! Não morrereis… sereis como deuses” E assim foi: a tentação cresceu, cresceu e cresceu no coração da Eva que não foi capaz de resistir. Se não bloquearmos a tentação, ela invade tudo e acaba por nos dominar totalmente, tornando-se uma espécie de obsessão.
A tentação contagia Depois de crescer vem o contágio. A tentação cresce mas não gosta de estar sozinha e por isso procura companhia, contagia o outro, arrasta outros e assim vai acumulando pessoas. A Eva comeu do fruto e “depois deu-o ao marido, que estava junto dela, e ele também comeu”. Também nós podemos ser contagiados e nos deixarmos levar pela tentação de outros ou podemos ser nós a contagiar outros para aquilo que são as nossas tentações e ambições.
A tentação justifica-se Para estarmos mais tranquilos, justificamo-nos. A tentação justifica-se desde sempre, desde o pecado original, quando o Adão passou a culpa para a Eva e esta para a serpente. Na verdade, tudo não passa dum momento de fraqueza, de algo que correu mal ou seja qual for a justificação que encontremos para atirar a culpa para os outros. Em geral, cada um de nós está pronto para acusar os outros e justificar-se; é um instinto que está na origem de muitos desastres. A primeira coisa que deveríamos aprender e fazer não é passar a culpa para o outro mas é pedir perdão a Deus e ao irmão: pedir perdão por levantar a voz, perdão pelo atraso, por falar muito e não escutar, por esquecer do outro, por não ser paciente…quando somos humildes e pedimos perdão, Deus e o irmão encontram lugar no nosso coração. Só os erros assumidos podem ser corrigidos.
Muitas vezes escolhemos viver à margem de Deus e das Suas propostas; optamos pelo caminho do orgulho, da auto-suficiência, deixamo-nos interpelar pelas tentações e justificamos os nossos erros, atribuindo culpa aos outros.
Deus nada impõe, mas como Pai amoroso, insiste em mostrar-nos o caminho da vida plena, em comunhão com Ele. Aceitando o Seu chamado, busquemos a nossa conversão, e reflitamos:
Qual a minha pior tentação?
Como faço para me controlar e melhorar?
Que atitude consegui melhorar e me lembro disso?
Como reajo às “escorregadelas” dos outros?
Peço perdão e perdoo com facilidade?
Quantas vezes nos sentimos perdidos e sem referências… Quantas vezes sucumbimos à tentação de ignorar os caminhos de Deus e escolhemos os caminhos mais fáceis… Nesta semana, decidamos dar um passo ao encontro de Deus; confiemos-Lhe o nosso coração e, em voz alta, enumeramos os pedidos que verdadeiramente necessitamos para nós e para os outros.
Numa atitude de intimidade com o Pai, rezemos, com as mãos ao alto
Pai, estende as Tuas mãos… Pela Tua bondade, compadece-Te dos nossos pecados, converte e purifica os nossos fracos corações.
Comprometidos com o Pai e guiados pelo Espírito, aceitemos as Suas bênçãos.