Semana de 19 a 25 de fevereiro de 2023 VII DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Com a certeza da nossa imperfeição, tentemos preparar um espaço físico e espiritual o mais perfeito possível para aproveitarmos o nosso momento de oração em família. Coloquemos uma Bíblia aberta em Mt 5, 38-48 e uma vela acesa no meio de nós. Enquanto nos ajeitamos e preparamos, troquemos sorrisos entre nós! Vamos orar em família!!!
De olhos postos em Deus, sentindo um compromisso sério e radical de caminhar com Ele, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos o Senhor, pois só o amor é a solução…
Somos Templo de Deus, pois o Espírito de Deus habita em nós.
Somos capazes de um amor que é dom da vida, que não marginaliza nem discrimina ninguém (nem mesmo os inimigos) e que é vida em plenitude.
Agraciados com esta benção de amor divino, sejamos gratos… por esta, e por tantas outras bênçãos que, em voz alta, depositaremos no coração de Deus Pai.
Façamos a leitura da Palavra de Deus, em Mt 5, 38-48
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».
Continuamos com o Sermão da Montanha e, neste texto do Evangelho, Jesus dá-nos uma ordem, dizendo: “sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito”. Esta frase é incómoda e talvez possamos dizer: “Isso é uma utopia”. Na verdade, constatamos que nem nós nem os outros somos perfeitos e não somos capazes de viver de modo perfeito. O “credo” da perfeição é um peso indevido, uma “tortura inútil” porque conspira contra a vida interior e ameaça o ser humano. Quantos, em busca dum ideal de perfeição, acabaram sucumbindo no meio do caminho ou ficaram paralisados diante de um sentimento de culpa? A perfeição é uma falsa orientação, um caminho que vai contra a nossa realidade humana. Assumindo a perfeição como objetivo de vida entro em contradição comigo mesmo que sou limitado, frágil e finito.
Jesus não está a falar de uma pessoa ser impecável, sem erros, sem falhas pois somos seres humanos e temos uma natureza finita. O padrão não é um perfecionismo irrealista porque a nossa sabedoria e poder são sempre finitos. Ao dizer que devemos ser perfeitos, Jesus quer dizer que devemos amar a Deus e ao próximo de forma perfeita, de todo o coração, entendimento, alma e forças. Ser perfeito é buscar constantemente a maturidade espiritual, é pensar, amar e agir como Jesus o fazia. É interessante observar que esta frase de Jesus aparece depois dum logo discurso sobre o amor ao próximo. Isto indica que a perfeição exigida por Cristo não é uma exortação a sermos impecáveis não errando mas é uma exortação a crescermos constantemente no amor que se concretiza por um novo modo de nos relacionarmos com Deus e com os irmãos. A perfeição à qual Jesus nos chama não é a de pessoas sem pecado mas de pecadores que fazem o melhor que podem para ser como Ele. Não chegamos à perfeição de ser sem defeito mas podemos chegar à “perfeição” de ser tudo o que fomos destinados a ser: fiéis a Jesus.
Para vivermos este amor amadurecido, completo e misericordioso, que caminha constantemente para a perfeição, Jesus dá-nos algumas orientações que passam por rejeitar a violência, não pagar ao mal com o mal, perdoar, usar de misericórdia, resistir à maldade, dar sem medida, resistir ao ódio, amar os inimigos, dar outra oportunidade a quem erra, orar pelos inimigos, em suma, amar ao jeito de Deus que “faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos”, isto é, ama a todos por igual e com amor infinito.
Diante dos enfrentamentos humanos, o primeiro movimento costuma ser a vingança, o ódio. Parece justo retribuir o mal com o mal, destruir o agressor. É preciso ter consciência dos movimentos do nosso coração com a clareza de que somos capazes de agredir, vingar, bater e até matar. A consciência de que somos também agressores ajuda-nos a crescer no Amor. É preciso que tenhamos consciência de que é muito fácil e espontâneo viver uma vida narcisista e egoísta e esta é uma fraqueza que nos faz tender sempre para o mal. Só lutando contra esta tendência todos os dias, a todo o instante eu posso não somente amar os que me amam mas até os inimigos. Se assim for, resta mais alguém para eu amar? Não. Se eu amar a todos, chego à “perfeição” no amor, como o Pai celestial. Atingir esta meta não é fácil e não se alcança num de um dia para o outro mas é uma luta de toda a vida.
Jesus, ao longo de toda a sua vida e, de forma privilegiada na cruz, mostrou-nos que só o amor, a doação, a entrega, o serviço, geram vida plena e fazem nascer o Homem Novo.
Empenhados em viver num contínuo processo de conversão, que elimine do nosso coração as raízes do mal, responsáveis pelo egoísmo, pelo ódio, pela injustiça, pela exploração, propondo-nos e sermos perfeitos no amor, reflitamos.
Faço da minha vida um caminho que aspira à Perfeição, isto é, a Deus?
Quando amo alguém, amo sem limitações, ou coloco entraves a esse amor?
Tenho Jesus como o meu modelo de vida perfeita? Se não, quem coloco nesse patamar?
Cresço no amor e com o amor que dou e recebo?
Concebo a fidelidade a Cristo como um gesto de amor ou como uma obrigação que me foi imposta?
O que posso fazer para lutar apenas pelo amor de Deus?
Deus não faz discriminação no Seu amor universal… Somos Seus Filhos, mesmo fracos e pecadores e Ele convida-nos a sermos sinal vivo do Seu amor, com gestos concretos de partilha, de doação, de serviço…
Nas adversidades, escutemos a Sua voz e confiantes no Seu auxílio, digamos em voz alta, os pedidos que Lhe queremos dirigir.
Em comunhão total com Deus, permitindo que o Seu amor encha o nosso coração, rezemos com fé.
Senhor, sustenta o nosso caminho na perfeição do Amor, firmados nos Teus ensinamentos e no exemplo vivificador de Jesus. Sê nosso auxílio na construção de uma vida de verdadeira relação com os irmãos, banindo do nosso coração qualquer tipo de agressividade, vingança ou rancor, numa preocupação real com a felicidade e a realização do outro, amando-o como a nós mesmos.
Resolutos a sermos perfeitos no amor, conduzidos pelo Pai e pelo Espírito, aceitemos as Suas bençãos.