Semana de 12 a 18 de fevereiro de 2023 VI DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
O espaço da oração deve ser descontraído, confortável e sem distrações. Coloquemos uma Bíblia aberta em Mt 5,17-20 e uma vela acesa no meio de nós. Que tal começarmos a oração com um abraço?
Numa verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às Suas propostas, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Com todo o coração, entreguemo-nos a Deus, seguremos a Sua mão e, louvemo-Lo
Eu te abro a minha casa Eu te entrego minhas mãos meu sorriso, meu desejo minha dor, meu trabalho Eu te ofereço minha força e também a fraqueza minha alegria e a festa minha riqueza e pobreza. O encontro na Tua mesa com o pão, com o vinho que te entrego, Senhor como oferenda, aceita-a
Toma o pouco que sou toma o pobre que sou ama, preenche este coração
Deus escolheu-nos desde sempre, veio ao nosso encontro, indicou-nos os caminhos da vida e da felicidade e revelou-nos o Seu amor e a Sua sabedoria. Acolhendo com alegria e entusiasmo as “Leis” de Deus que nos conduzem à felicidade, ao bem estar, à abundância e à paz , entreguemos-Lhe, em voz alta, a nossa gratidão por tantas graças que nos concede, diariamente.
Pela voz dum voluntário, escutemos a Palavra do Senhor, em Mt 5,17-20
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».
Na sequência das semanas anteriores, continuamos com o chamado Sermão da Montanha. Neste texto do Evangelho, Jesus diz aos seus discípulos qual deve ser a postura correta perante a Lei, como devem vivê-la e praticá-la, apresentando para isso duas formas: a forma autêntica e a forma legalista.
A forma autêntica Uma lei é como um caminho bem traçado pelo qual é possível avançar de modo seguro mas pode-se transformar numa corrente ou numa “corda” que nos prende e nos impede de sair do lugar. Pela sua atuação, Jesus era acusado pelos escribas e fariseus de desrespeitar a Lei porque, na perspetiva deles, Jesus não cumpria o que estava determinado. Neste Evangelho, Jesus diz-nos que não veio abolir nem desrespeitar a Lei antiga mas veio para “completar”, isto é, aperfeiçoar. Jesus não quer que fiquemos presos à letra da Lei mas que vamos mais longe. Para Jesus, a Lei não é uma camisa de 12 varas que nos pode escravizar, como faziam os mestres de então, mas é para dignificar o ser humano. A Lei de Deus, mais do que uma regra ou código, é um modo de nos relacionarmos uns com os outros. Jesus aperfeiçoa a Lei, colocando o outro, o irmão, no centro da Lei. O centro e o espírito da Lei que vem do Evangelho não é “proibição versus permissão” mas a pessoa humana e o amor ao próximo. A justiça que ultrapassa a Lei dos antigos é o amor e o respeito pela dignidade da pessoa humana e sempre que atento contra isso estou a ir contra o espírito da Lei. Por isso, nos exemplos que apresenta, Jesus diz que pode-se matar com ira, irritação, difamação, insultos, desprezo, ódio, indiferença, agressividade de palavra e, mesmo sem tirar a vida física à outra pessoa, estamos a ir contra o espírito da Lei. Um exemplo clássico era a lei do sábado. Se para cumprir o mandato do descanso sabático não atendemos a quem precisa de ajuda, não estamos a respeitar o espírito da Lei porque o que dá sustento a tudo isto é o mandamento do amor a Deus e ao próximo. (Cfr Lc 6, 6-11; Mt 12, 9-13) O espírito da Lei é um caminho para a comunhão e para o amor com Deus e com os outros.
A forma legalista Os fariseus eram cumpridores escrupulosos dos preceitos legais, davam esmola, rezavam, jejuavam, iam assiduamente à sinagoga, pagavam o dízimo, levavam a lei aos outros. Ao afirmar “Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus”, Jesus deve ter deixado todos os discípulos e ouvintes perplexos. Como poderia alguém ter uma justiça superior aos escribas e fariseus? Na verdade, faltava-lhes o autêntico espírito da Lei: a prática do amor, a misericórdia, uma justiça baseada no amor e não em preceitos legais. Dominava-os a preocupação pelas aparências, a boa fama, a justiça de fachada, o cumprimento legalista. A sua vivência e observância da Lei eram externas. Não se envolviam em adultério, roubo, idolatria e assassinatos mas tinham muitos pensamentos impuros, cobiçavam como loucos, odiavam com todas as forças e tinham o coração longe de Deus, desprezavam os outros a quem consideravam impuros e colocavam “cargas” insuportáveis que nem eles queriam carregar. Por isso Jesus lhes chamou de “hipócritas”.
Se queremos seguir Jesus, temos de superar este género de vivência da Lei de Deus e viver o sentido autêntico da Lei: amor a Deus e ao próximo.
Dia a dia, interpelados por diversos caminhos, assumimos o supremo desafio de fazer escolhas. Deus coloca-nos diante das diferentes opções, diz-nos onde elas nos levam, aponta o caminho da verdadeira felicidade e da realização plena e… deixa-nos escolher. Vivendo numa escuta permanente de Deus, num diálogo nunca acabado com Deus e numa descoberta contínua da Lei de Deus, reflitamos.
Esforço-me por viver na escuta de Deus e por descobrir os “sinais” que Ele me deixa?
O cumprimento das leis (de Deus ou da Igreja) é, para mim, uma obrigação que resulta do medo, ou o resultado lógico da opção que eu fiz por Deus e pelo “Reino”?
O amor é ao próximo é uma imposição que me fazem, ou sinto genuinamente uma necessidade de amar o meu irmão?
Sou capaz de amar o outro, isto é, aquele que é radicalmente diferente de mim?
As minhas ações são feitas com autenticidade e de coração ou são feitas para parecer bem?
Caminhamos com os nossos defeitos e fracassos, mas também, com o coração cheio de confiança, que nos permite enfrentar sem medo nem dramas as crises, as vicissitudes e os problemas do dia-a-dia, porque Deus segue no nosso encalço. Revestidos do Seu amor e clarificados com as Suas “Leis”, dirijamos-Lhe, em voz alta, as nossas preces para nós e para os que “não crêm, não adoram, não esperam e não O amam”.
Exaltados, favorecidos e amados por Deus, rezemos-Lhe confiadamente
Senhor Jesus, enviado pelo Pai ao mundo, com a missão de libertar os oprimidos, derrama sobre nós a Tua bondade, a Tua misericórdia e a Tua salvação e aceita a nossa simplicidade, humildade, disponibilidade e despojamento, pois somos “bem-aventurados”, disponíveis para acolher a Tua “Lei”.
Dispostos a seguir a “Lei” do Pai, aceitemos como benção, o Seu Espírito vivificador