Semana de 5 a 11 de fevereiro de 2023 V DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Hoje, a oração poderia ser num local diferente: na cozinha, talvez. Após a refeição, depois de todos participarem a arrumar e a preparar o espaço. Vamos precisar da Bíblia aberta em Mt 5, 13-16 e uma vela acesa no meio de nós.
Comprometidos a sermos cristãos intentos em tornar-nos no “sal da Terra” que transforma e dá sabor ao mundo, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos a Deus presente e paciente, que nos conquista e exorta a sermos “sal da terra” e “luz do mundo”
Senti-Te mesmo no nada Experienciei a loucura da solidão das trevas Sabia-Te presente, Sabia-Te paciente
Por Ti eu quero ser sal da Terra Por Ti eu quero ser luz do mundo Percebi que sem Ti não sou eu Percebi que conTigo posso ser eu
Quando por fim já quase num grito Chamei por Ti, já me tinhas conquistado És aquele que espera Aquele que sempre alcança
Por Ti eu quero ser sal da Terra Por Ti eu quero ser luz do mundo Percebi que sem Ti não sou eu Descobri que conTigo posso ser eu
És aquele que não desiste Aquele que vive em mim. Aquele que vive em mim.
Identificados com Cristo, a “luz” que ilumina o mundo e que nos conduz a um “Reino” de liberdade e de esperança, aceitemos o compromisso de sermos um sinal vivo do Seu amor e sejamos gratos pela Sua manifestação nas nossas vidas, com tantos benefícios que nos concede. Agradeçamos-Lhe, em voz alta
Entregues confiadamente nas mãos de Deus e iluminados com a sabedoria do Espírito, escutemos a Palavra, em Mt 5, 13-16
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».
Tentemos compreender a “Palavra” que nos transforma e alimenta o coração.
Continuamos a ler o Sermão da Montanha e, neste trecho do Evangelho, Jesus apresenta a identidade dos seus discípulos e diz: “vós sois o sal da terra”. Estas palavras não são formuladas no imperativo mas Jesus faz uma afirmação, dando claramente a entender que não há distância nem distinção entre ser cristão e “ser sal da terra”, isto é, a identidade do cristão é ser sal. O que Jesus quer dizer com esta metáfora?
O sal conserva os alimentos da corrupção Jesus não procura discípulos fortes, ricos ou inteligentes mas procura pessoas que não se deixem corromper, que mantenham os valores do Evangelho no mundo em que vivemos. Ser sal é manter-se fiel a Deus, é conservar na vida o alimento que é a Palavra de Deus e viver os seus ensinamentos. Um dos problemas dos hebreus desde o deserto era a inconstância, a mania de coxear entre dois ou vários pensamentos. Esta instabilidade levou-os a inúmeros desvios e à infidelidade a Deus, levou-os a não conservar e viver os ensinamentos do Senhor. Para ter eficácia, o cristão precisa conservar a sua semelhança com Cristo, permanecendo ligado a Ele e guardando os Seus mandamentos, como referem os capítulos 14 e 15 do Evangelho de São João.
O sal transforma e dá gosto às coisas O que é uma comida insossa? É aquela sem gosto, sem sabor. Experimenta cozinhar sem sal. É o sal que acrescenta e extrai o sabor dos alimentos. Assim também, os cristãos devem acrescentar o sabor do Evangelho no mundo ao seu redor. Como sal, devemos viver a nossa vida de maneira que levemos o melhor aos que nos rodeiam porque foi isso que Jesus fez uma e outra vez. Para Jesus, o cristão não pode viver na indiferença nem na omissão porque Deus chamou-o para fazer a diferença neste mundo, no lugar onde está e na vida das pessoas com quem se relaciona. O cristão deve ser um agente transformador. Não se trata de viver uma vida diferente, mas de ser diferente, de fazer a diferença na vida que vivemos.
O perigo do sal sem sabor. Jesus alerta para as consequências nefastas dos cristãos deixarem de ser sal com sabor: “Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se?” Como não tem sentido o sal sem sabor também não tem sentido um cristão sem fome e sede de justiça ou com ódio no coração. Jesus quis dizer que um discípulo que não pratica as Bem-aventuranças é como o sal sem sabor. Como se recuperará no cristão a fé que ele perdeu? A realidade mostra que é mais fácil despertar a fé em quem a não tem do que recuperá-la em quem a perdeu. A advertência de Jesus é em relação ao cuidado que o próprio discípulo deve ter com a sua fé pois, perdendo-a, resultará numa grande perda para o mundo.
A metáfora aplica-se perfeitamente àquilo que o Papa Francisco chama de acédia, isto é, “preguiça espiritual” que leva a viver uma vida cristã “sem motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação” (EG82), uma fé com pouca identidade, misturada com todo o tipo de mundanismo espiritual, acanhado espírito missionário e isenta de martírio. Assim é a denúncia do Papa: “É verdade que, em alguns lugares, se produziu uma ‘desertificação’ espiritual, fruto do projeto de sociedades que queres construir sem Deus ou que destroem as suas raízes cristãs. Lá, o mundo cristão está a tornar-se estéril e esgota-se como uma terra excessivamente desfrutada que se transforma em poeira” (EG86). Isto é a consequência do sal que perde o seu sabor.
Somos humildes instrumentos de Deus, animados pela fé e conduzidos pelo Espírito…
Ousemos empenhar-nos em ser o “sal” que dá sabor ao mundo, que traz uma mais valia de amor e de esperança à vida daqueles que caminham ao nosso lado, testemunhando o amor e a misericórdia em gestos concretos de libertação, de partilha, de amor e de paz. Reflitamos:
Sou uma personagem insípida, incaracterística ou sou uma nota de alegria, de entusiasmo e de esperança numa vida nova vivida ao jeito do Evangelho?
Alguma vez perdi a minha fé? Se sim, o que fiz para a recuperar?
Soube cultivar a fé de alguém que não a tinha?
De que modo posso ser sal da terra?
Conscientes da nossa fragilidade, adotemos uma atitude de humildade, de dependência e de entrega a Deus… Reconheçamos que o Espírito de Deus está sempre presente e age no nosso coração e deixemo-nos tocar pela Sua sabedoria e misericórdia, dizendo-lhe em voz alta tudo aquilo que tanto necessitamos, não esquecendo aquelas pessoas insossas e sem fé.
Com um coração capaz de compadecer-se, de amar, de perdoar e de se comover, rezemos ao Pai, de mãos dadas
Pai Nosso que estais nos céus, “Eis-nos aqui”! Enche-nos do Teu Espírito de generosidade, purifica-nos, fortifica a nossa fé e ajuda-nos a ser “Sal da terra”com o gosto do acolhimento, da misericórdia e da caridade. Abre as nossas mãos para a partilha e inspira-nos com palavras de esperança e de coragem, para os mais necessitados de Ti.
Iluminados e entusiasmados em tornar-nos “sal da Terra”, aceitemos a benção de Deus.