Semana de 15 a 21 de janeiro de 2023 II DOMINGO DO TEMPO COMUM – Ano A
Com humildade de quem vai orar, escolha-se e prepare-se o espaço de modo a que nos sintamos confortáveis e sem distrações. Preparemos a Bíblia em Jo 1, 29-34 e tenhamos uma vela para se acender quando estivermos todos prontos
Chamados por Deus a viver realmente comprometidos com “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Sintamo-nos na graça e na paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo
É Deus que escolhe, que chama, que envia, que estabelece connosco uma relação especial de comunhão e de aliança, que pressupõe missão e testemunho… Conscientes de que somos escolhidos por Deus, resgatados e salvos pelo amor do “Cordeiro” que tem a plenitude do Espírito, reconheçamo-nos verdadeiramente gratos pelas maravilhas que nos concede e manifestemo-lo em voz alta.
Um de nós irá ler a passagem bíblica da oração de hoje: Jo 1, 29-34
Naquele tempo, João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Era d’Ele que eu dizia: “Depois de mim virá um homem, que passou à minha frente, porque existia antes de mim”. Eu não O conhecia, mas para Ele Se manifestar a Israel é que eu vim batizar em água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e repousar sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a batizar em água é que me disse: “Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e repousar é que batiza no Espírito Santo”. Ora eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
Na companhia de Deus vivo e presente em nós, tentemos compreender o texto que escutámos
No seu percurso, pelo compromisso e experiência, João apresenta Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Esta descrição, usada e cantada na Eucaristia antes da comunhão, precisa de ser aprofundada no seu significado mais profundo. Alguns aspetos:
O cordeiro é submisso A palavra “talya”, em aramaico, significa ao mesmo tempo servo e cordeiro. No Livro de Isaías, são apresentados os quatro cantos do Servo de Iavé. Este servo também é cordeiro, como podemos ver em Isaías 53, 7: “Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador”. Aqui o servo sofredor é aquele que leva sobre si todas as nossas dores e enfermidades silenciosamente, como Jesus fez na sua Paixão, submetendo-se à vontade do Pai para cumprir a Sua missão.
O cordeiro é substituto Em Génesis 22, encontramos o relato do sacrifício de Isaac e verificamos que o cordeiro é imolado no lugar de Isaac, cordeiro esse que tinha sido providenciado por Deus. O mesmo aconteceu no Egipto: o cordeiro pascal deveria ser morto no lugar das suas vidas. O povo escravizado em sem poder militar não tinha como escapar do Egipto e o preço a pagar pela escravidão era a morte. Somente um sacrifício poderia salvá-los, uma vida substituída pelas suas vidas. O cordeiro foi imolado para que eles pudessem ter vida, para que pudessem deixar para trás a escravidão do Egipto e a morte e entrassem na terra prometida. Esta é a mensagem da cruz de Jesus.
O cordeiro é salvação e libertação Moisés e Arão dizem aos israelitas que em breve estarão livres da escravidão do Egipto, em breve sairão do cativeiro. Como seria operada a libertação? Qual o plano? Como podemos ler em Êxodo 12, cada família deveria imolar um cordeiro e pintar as ombreiras das portas das casas com o sangue do cordeiro nas casas onde comessem o cordeiro. Se uma família fosse pequena deveria juntar-se a outra família para comer o cordeiro todo. Este era plano militar para a libertação do povo e por isso nenhum israelita deveria ignorar a ordem de sacrificar e consumir o cordeiro. Aqueles que falhassem seriam mortos. O preço das salvação e da liberdade deles envolvia um sacrifício de sangue e o sangue do cordeiro era o que faria a diferença entre os que haveriam de ser poupados ou mortos. O cordeiro tinha se ser sem nenhum defeito, uma figura do cordeiro de Deus encontrado em Jesus Cristo, sem pecado. Um sacrifício perfeito e inocente era necessário para pagar o preço da salvação e da libertação de Israel, para que Deus pudesse livrá-los do anjo da morte e isto é encontrado no sacrifício perfeito de Jesus Cristo que pelo seu sangue nos liberta da morte e temos acesso à vida eterna.
O cordeiro é reconciliação “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João encontra Jesus e testemunha que Ele veio para reconciliar o mundo com o Pai. Qual é o pecado único que oprime toda a humanidade? Para João, o pecado é a atitude de rejeição de Jesus enquanto resposta definitiva do amor do Pai. Aqueles que não O reconhecem e rejeitam estão no pecado e vivem nas trevas. Desse pecado único e fundamental é que nascem os demais pecados que são fruto da rejeição de Jesus e da Sua prática libertadora enquanto cordeiro e Servo. Estar em pecado é aderir ao sistema e à lógica que o mundo nos propõe e que nos afasta do amor de Deus e do Evangelho. É deste pecado que o Cordeiro nos quer tirar e resgatar para nos reconciliar com o Pai.
Seguros que as nossas forças vêm de Deus e que só Deus é capaz de transformar o mundo estejamos dispostos a lutar contra “o pecado” instalado no nosso coração e permitamos que Deus se sirva da nossa fragilidade, caducidade e indignidade para actuar no mundo… Reflitamos juntos:
Na Missa, quando o sacerdote diz “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, sinto que Jesus está presente na Hóstia consagrada?
Qual é a maior dificuldade que tenho para reconhecer que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo?
Jesus é a minha referência e quem tento imitar, sabendo que nunca serei capaz de igualar?
Que situações mundanas me afastam de Deus e do Evangelho?
Como seria a minha vida sem Jesus?
Em certos momentos da nossa vida, parecem erguer-se muros intransponíveis que nos impedem de contemplar com esperança os horizontes da nossa caminhada… Sintamo-nos conscientes, animados e confiantes na presença salvadora e amorosa do “Cordeiro” e, com o olhar e o coração iluminados pela força do Espírito, dirijamos a Deus, em voz alta, as nossas preces.
Cantemos de mãos dadas, com fervor, a Deus, verdadeira fonte da vida e da liberdade.
Alguém (ou um de cada vez) pode fazer uma oração final, terminando com “agraciados pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, benzemo-nos”.