Semana de 11 de dezembro de 2022 III Domingo do Advento – Ano A
Esqueçamos tudo! Esqueçamos as preocupações, as tarefas, o que há para fazer… tudo! Concentremo-nos na preparação da vinda do menino Jesus, concentremo-nos na nossa relação com Jesus. Preparemos esta oração. Preparemos o nosso coração. Vamos estar com Ele no meio de nós! Precisamos também de uma vela e de uma Bíblia aberta em Mt 11, 2-11. Quando estivermos todos juntos e unidos, acende-se a vela.
Aguardando a vinda do Senhor, com paciência e confiança, benzemo-nos.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
“O caminho do Advento faz-se com muitos pequenos gestos de paz, todos os dias: gestos de hospitalidade, compreensão, proximidade, perdão, serviço… Gestos feitos com o coração, como passos rumo a Belém, rumo a Jesus, Rei da paz”
Papa Francisco, 6 de dezembro de 2022
Querendo ser morada do Amor de Jesus, ver como Ele vê e ser como Ele é, louvemo-lO
Dá-me os Teus olhos quero ver dá-me as Tuas palavras para falar faz-me ser como Tu Dá-me os Teus pés, eu quer ir dá-me os Teus desejos para sentir faz-me ser como Tu Dá-me tudo o que preciso para ser como Tu dá-me a Tua voz, dá-me alento toma o meu tempo, é para Ti
Dá-me o caminho que devo seguir dá-me os Teus sonhos, Teus desejos Teus pensamentos, Teu sentir Dá-me a Tua vida para viver deixa-me ver o que Tu vês Dá-me a Tua graça, Teu poder dá-me o Teu coração Deixa-me ver o teu interior para ser morada do Teu amor Dá-me o Teu coração dá-me tudo o que preciso para ser como Tu
Façamos um “hino à alegria”, acordemos a esperança e revitalizemos o nosso ânimo, certos da grandeza de Deus, da sua capacidade para fazer brotar vida e da magnificência e beleza das Suas criações. Em voz alta, manifestemos a nossa gratidão ao Pai, por tanto que nos concede.
Escutemos na voz de um de nós. a Palavra verdadeiramente transformadora e geradora de Vida, no texto de Mt 11, 2-11
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há de vir ou devemos esperar outro?» Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
Deixemos que o Espírito nos inspire a perceber estas Palavras do Deus presente e amoroso, que quer morar no nosso coração
A inquietação O relato diz-nos que João estava na prisão. Nesta situação crítica de cativeiro, a dúvida, a perplexidade, a inquietação ou até a surpresa surgiram no coração de João ao “ouvir falar das obras de Jesus.” De facto, as obras de Jesus eram preocupantes porque João esperava um Messias potente, guerreiro e juiz que viesse para recompensar os bons e castigar os maus. Ele esperava que Cristo viesse mais para condenar do que para salvar. Ao invés de condenação, Jesus cumpria somente obras de salvação, como cura de doenças, inclusive leprosos, libertação de demónios, e o pior: ao invés de condenar os pecadores, como João tinha predito, Jesus gostava de se misturar com eles. Noutras palavras, João anunciou um Messias severo demais, enquanto Jesus veio misericordioso demais. Portanto, a dúvida e a inquietação apresentadas no evangelho devem-se ao facto de que Jesus não correspondeu, como Messias, às expectativas alimentadas por João Batista.
A fonte João foi direto à fonte para resolver as suas dúvidas e inquietações. João enviou os seus discípulos a Jesus para lhe fazerem uma pergunta: “És Tu Aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” Esta pergunta demonstra um coração inquieto e perplexo. Para João, tudo estava em jogo. Será que foi tudo em vão? Será que desperdiçara a sua vida num engano? Parece que temos medo de falar com Deus e apresentar as nossas dúvidas e desilusões, mas Deus não tem medo das nossas inquietações e dúvidas. Cerca de metade dos Salmos da Bíblia são de lamento e, como os salmistas, João expressa abertamente a Deus as suas dúvidas e inquietações. Abraão, Job, Ana, David, Elias e tantos outros levaram as suas deceções e angústias diretamente a Deus e Deus veio em direção aos seus servos que viveram na prisão da dúvida e do desespero. Jesus convida-nos a levar o nosso cansaço, deceção, amargura e sobrecarga a Ele: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”… (Mt 11, 28) Honramos a Deus quando nos agarramos a Ele nos momentos de escuridão, de deserto e isolamento. Em momentos de dúvida e desânimo, corre até Deus e expressa abertamente as tuas angústias, como fez João.
A resposta A resposta de Jesus a João foi serena mas cheia de vida e de convicção. Jesus não responde com o tradicional “sim ou não” mas responde com o seu legado e por isso trouxe à tona as obras que realizava, obras essas claramente ligadas à ação do Messias no mundo. Deste modo, recorrendo à Sagrada Escritura e citando Isaías, Jesus quis mostrar a João que a agenda de Deus estava a ser cumprida, apesar de não estar a ser feita como João desejava. Deus age conforme a Sua vontade soberana e João deveria estar atento a isso. Temos de aprender a equilibrar as nossas expectativas e submetermo-nos à vontade do Senhor, ainda que ela pareça contrária àquilo que esperamos. Foi o que João fez depois de ser instruído por Cristo.
A resposta de Jesus foi: “voltem a João e digam que chegou o amor de Deus.” Deus não age de uma forma intervencionista, desrespeitando a liberdade que nos deu. Jesus afirma que o seu messianismo consiste em restaurar, resgatar o que parecia perdido, ao invés de destruir com o fogo. Deus age com o único fogo que é o do amor e um amor que nos abre à salvação de Deus e nos encoraja a viver e lutar por um mundo de amor, justiça e paz para todos.
Vivemos um tempo de desafios, de interpelações, de procura, de risco… Muitas vezes, somos acometidos por dúvidas e inquietações e não é frequente reconhecermos os nossos desvios, os nossos erros, a nossa fragilidade, a nossa vulnerabilidade.
Com profunda honestidade, procuremos as respostas às questões que a vida todos os dias coloca, refletindo:
O que o Messias representa para mim?
Tenho medo de falar com Deus e apresentar as minhas dúvidas, inquietações e desilusões?
Aceito a vontade de Deus quando ela parece contrária àquilo que espero?
Com a certeza da presença de Deus e com a convicção de que Ele não nos abandona, mas que tem o poder de transformar o desespero em alegria e o imobilismo em luta empenhada por um mundo melhor, humildemente, peçamos-Lhe o que mais precisamos para nós e para os nossos irmãos.
Sentindo-nos fortalecidos pelo Amor de Deus que nos concede a salvação e nos encoraja a viver com amor, justiça e paz, rezemos de mãos dadas
Deus nosso Salvador, gritamos a nossa alegria que vem de Ti, porque vens até nós, fortificas as mãos cansadas, tornas firmes os joelhos dobrados e iluminas os nossos rostos. Enche os nossos corações com o Teu amor, para podermos levar a Tua alegria àqueles que encontrarmos.
Com a certeza que continuaremos com Ele no meio de nós, com Deus connosco, benzemo-nos