Semana de 27 de novembro a 3 de dezembro de 2022 I Domingo do Advento – Ano A
Que precisamos para iniciar este Advento a Orar em Família? Talvez um local confortável, um ambiente tranquilo, mas sobretudo uma abertura de espírito para preparar o que aí vem… Podemos ter uma Bíblia aberta em Rom 13, 11-14 e acender uma vela para dar início ao momento.
Despertos e vigilantes, preparemo-nos para acolher o Senhor que vem, benzendo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos e exaltemos Jesus, a luz do mundo, amável, digno, maravilhoso e humilde Rei
Com alegria, despertos e revestidos da luz de Jesus Cristo, queremos acolher a Sua proposta no nosso coração, na nossa vida e caminhar ao Seu Encontro. Dispostos a renovar, com sentido entusiasmo, a gratidão que experimentamos pelas maravilhas e bênçãos com que Deus nos presenteou, partilhamo-las em voz alta.
Escutemos na voz de um de nós, a Palavra viva de Deus, no texto de Rom 13, 11-14, que nos desafia e desperta para avançarmos ao Seu encontro.
Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal, para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
Tentemos perceber este texto do Evangelho que nos convoca a estarmos vigilantes e preparados
O perigo do sono A sonolência pode ter efeitos muito sérios, daí o ditado popular “quem muito dorme pouco aprende.” Todos os anos milhares de pessoas morrem a conduzir um veículo porque ficam sonolentas ou adormecem; outros perdem o emprego porque não acordam a tempo ou porque adormecem no trabalho. São Paulo diz-nos que “chegou a hora de nos levantarmos do sono”. Chega! Chega de dormir. Despertar é a palavra de ordem. A Palavra de Deus alerta-nos várias vezes para o problema da sonolência espiritual. Muitos homens foram negligentes na hora de dormir ou dormiram na hora errada. Por causa do sono, Sansão ficou com os seus cabelos cortados e perdeu a sua força; os discípulos foram repreendidos por dormirem no Getsémani; as virgens não foram comprar azeite e por isso não entraram no banquete; enquanto dormiam, os trabalhadores da vinha foram surpreendidos e o inimigo semeou o joio. Quem dorme no tempo perde rumos, descarrila. Dormir é ficar estático, parado, ser surpreendido. O “sono” é essa dormência interior que impede que as nossas virtudes, dons e talentos acordem, floresçam por inteiro e produzam frutos em todo o seu potencial. O “sono” é a falta de lucidez e clareza que pode contaminar os nossos pensamentos, sentimentos, emoções, intenções, palavras e ações. Paulo exorta os cristãos a acordar, a deixarem a sonolência espiritual, a deixarem de ser frios, sem vida, parados, indiferentes, sem rumo e alienados por uma espécie de sonambulismo social. Despertar é tomar plena consciência e desenvencilhar-se dos padrões, pensamentos e modelos mentais que regem a sociedade, é não agir de forma alucinada seguindo e praticando tudo aquilo que nos é imposto, é pensar e agir por si mesmo. Despertar é usar a mente de Cristo em nós e não viver numa espécie de “Maria vai com as outras”.
Além do perigo do sono temos o perigo dos sonhos Normalmente, quando uma pessoa dorme está inativa e fica vulnerável a qualquer tipo de sonho que a mente dela produza. Os sonhos podem ser bons, maus ou, inclusive, pesadelos, mas são fruto de diversas influências que se receberam. O sonhador é arrastado como mero espetador para qualquer lugar ou direção sem que tenha qualquer poder ou liberdade para tomar o controlo do sonho quer seja bom ou mau e decidir se quer ou não viver tal experiência surreal. Assim, a única maneira de tomar o controlo da situação em qualquer sonho é “saltar” para fora dele, ou seja, despertar, acordar. Da mesma forma que o sono natural produz sonhos, bons ou maus, que nos dominam durante o período em que dormimos, assim também o “sono social” produz sonhos sociais que nos aprisionam em todo o tempo que permanecemos imersos na condição sonolenta da sociedade. Os sonhos produzidos pelo “sono social” são as ilusões que estão a seduzir e a flagelar multidões com tanta força que estão a destruir a sua saúde física, mental, espiritual, profissional, familiar e existencial. Refiro-me à ilusão da beleza, das vaidades, da fama, do status, do poder, da autoridade, do sucesso, das aparências, da própria sabedoria, do Ego, da riqueza… Este é um dos maiores motivos pelos quais tantas pessoas vivem frustradas, insatisfeitas, fatigadas porque não conseguem controlar estes sonhos ou ilusões. Na verdade, estas ilusões ou sonhos estão sempre em mudança de modo que sempre que alguém acha que conseguiu dominar algum destes sonhos ele altera a sua forma e reassume o controlo da pessoa sem que ela perceba. Por isso, só há uma forma: despertar. São Paulo inspira-nos a “abrir os olhos”, mentalmente e espiritualmente, pois só acordando alcançaremos a iluminação do Evangelho que nos permite realmente viver e vencer as ilusões de modo a sermos capazes de “abandonar as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz”.
Ao olhar, ainda que de forma desatenta, para o mundo que nos rodeia, percebemos que é urgente acordar e aceitar o convite de Deus… Precisamos de uma transformação; de caminhar ao encontro de Deus; de nos revestirmos de uma vida “nova”, “armados de luz”, fé, amor e serviço, deixando definitivamente para trás uma vida pontuada pelo pecado. Reflitamos:
O que é que na minha vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao Senhor que vem?
Qual foi a última decisão que tomei por ter a certeza que era o caminho que Jesus queria para mim?
Tenho o hábito de refletir sobre os acontecimentos do dia ou dos últimos dias? Faço isto em oração?
Que ilusão ou ilusões me estão a seduzir e condicionam a minha forma de viver?
Como posso “despertar” e libertar-me desse “sono social” que o “mundo” me vende?
Certos que Deus não nos abandona; aceitamos que Ele continue a vir ao nosso encontro e a construir connosco um mundo novo de justiça e de paz. E, por muito que nos assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de Deus garante-nos a Sua misericórdia, a Sua luz e a Sua escuta das preces que Lhe dirigimos. Com fé e humildade, digamos em voz alta, os nossos pedidos.
Abrindo o nosso coração ao amor, à alegria e à felicidade, rezemos, atentos
Senhor, que vigias os teus fiéis com atenção e bondade e nos guardas das atividades das trevas, ajuda-nos a redescobrir o Teu Espírito que habita em nós, que nos reveste para o combate da luz,
e a recentrar a nossa vida para que o Teu Filho Jesus nos encontre preparados, em vigilância, em oração e na atenção ao próximo.
Despertados do “sono”, revestidos da luz, aceitemos as bênçãos de Deus Pai, benzendo-nos