Semana de 9 a 15 de outubro de 2022 XXVIII Domingo Comum – Ano C
Hoje, vamos agradecer… Na intimidade, com Jesus no meio de nós, sentimo-nos mais unidos e somos mais família. Escolhemos um bom local, desligamos e retiramos tudo o que nos possa distrair, abrimos a Bíblia em Lc 17, 11-19 e acendemos uma vela para darmos início à oração.
Com profunda gratidão e arrebatados pelo amor de Deus, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Louvemos Aquele que ilumina com ternura o nosso caminho e deixemos brotar uma alegria gratífica no nosso coração
Obrigado Por este dia que passou Pelos passos pelos voos E pela vida que há em mim
Obrigado Por essa força ao olhar Por essa chama que me queima E pela vida que há em mim
Obrigado Por essa voz que em mim habita Por essa mão que necessita De outra mão que saiba amar e ser feliz
Obrigado Pela estrada percorrida Pelos exemplos que dão vida Obrigado pelos dons que recebi
Obrigado Pela amizade e confiança Pela saudade e a lembrança De tudo aquilo que nos marcou
Obrigado Pela presença que não passa Pela esperança que abraça E pelo amor que em nós ficou
Contemplando Deus, que derrama e oferece a Sua bondade, o Seu amor, a Sua salvação, a Sua misericórdia e os Seus dons a cada Homem, saibamos reconhecer, acolher e manifestar-Lhe a nossa gratidão, dizendo-Lhe em voz alta, os benefícios que Lhe atribuímos
A Palavra de Deus transforma-nos… Escutemos, na voz de um de nós, a proposta libertadora de Jesus, que nos chega através do texto de Lc 17, 11-19
Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?» E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».
Tentemos perceber a mensagem que o texto nos propõe
A situação No tempo de Jesus, a lepra era uma doença terrível com consequências físicas, emocionais, sociais e espirituais. O leproso era privado do convívio em todas as dimensões e o seu sofrimento era agravado pela ignorância e pelo preconceito. Os judeus consideravam o leproso um amaldiçoado por Deus. Vivia isolado, não se podia aproximar das povoações, nem ter qualquer tipo de cuidado e contato com a comunidade, era abandonado pelos parentes, amigos, sociedade em geral e sentia-se rejeitado por Deus. Todas as doenças eram consideradas um castigo do pecado mas a lepra era o símbolo do pecado por excelência. É neste contexto que dez leprosos se aproximam de Jesus e gritam: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. Eles não pedem a Jesus a cura mas só que tenha compaixão deles, que se compadeça diante da sua condição desesperada.
A graça concedida Perante este pedido, Jesus manda-os ir ter com o sacerdote porque a Lei estabelecia que, quem ficasse curado dessa doença, tinha de se apresentar ao sacerdote para que ele fizesse os exames oportunos e decidisse admiti-lo novamente na comunidade (Lv 14, 2-7). Os dez leprosos seguem o seu caminho e, enquanto caminham, sentem-se curados. Os leprosos acreditaram na palavra de Jesus e, no caminho, viram o milagre realizado. A fé manifesta-se no crer mesmo sem ver nenhum sinal porque ela fundamenta-se na fidelidade e no poder de quem lançou a palavra. A fé manifesta-se no movimento e não na espera passiva porque quem crê, move-se e não fica parado.
A gratidão Vendo-se curado, um dos dez leprosos “voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer”. É um samaritano. Jesus admira-se que só ele, o estrangeiro, tenha sentido necessidade de dar glória a Deus. Em termos percentuais apenas 10% demonstrou gratidão. Este é um desafio a todo o ser humano geralmente marcado pelo orgulho e pela dificuldade em reconhecer os benefícios que lhes são dados porque o orgulho e ingratidão caminham juntos. O coração ingrato não consegue reconhecer a graça, não consegue saborear o milagre. O coração ingrato não se alegra com as conquistas já recebidas mas entristece-se por aquilo que não alcançou. Há pessoas que tendem a fixar-se mais no que lhes faz falta do que no que têm e assim passam boa parte do tempo a reclamar, a murmurar, a queixar-se de tudo e amarguradas porque não sabem valorizar os dons recebidos. Jesus percebeu a ingratidão e por isso pergunta: “Onde estão os outros nove?” A falta de reconhecimento do estado anterior (leprosos) e a presunção de que a cura recebida era algo merecido levou nove leprosos a não voltar para trás. Na verdade, como diz Gaspar Bettencourt “a ingratidão é amnésia do coração”.
Saibamos ser gratos a Deus que nos criou, que nos dá a vida, saúde, comida, ar, água, natureza para gozar e admirar. O Senhor usa as pessoas como instrumentos da sua bondade, misericórdia e amor, Saibamos ser gratos aos outros porque através deles um sem fim de graças e dons chegaram até à vida de cada um de nós. Demos uma olhadela e vejamos com um coração agradecido o tanto que devemos a tanta gente. Pessoas que nos prestam serviços e quem nem imaginamos quem seja. Saibamos agradecer a paz, a casa, a escola, o trabalho, a família, a liberdade… tanta coisa. Não tenho dúvidas que todos estamos gratos mas a gratidão não pode ser só sentida também precisa de ser demonstrada, como vimos no Evangelho deste dia.
Perseverantes na fé, pensemos nas atitudes que, dia a dia, assumimos diante de Deus… Com empenho numa caminhada cristã progressiva, numa atitude de adesão humilde e de gratidão, na descoberta e interiorização dos valores de Deus, reflitamos
Sou mais refilão e queixinhas ou agradecido e reconhecido?
Reconheço e agradeço o suficiente à família, aos amigos e a todos em geral?
Se só pudesse agradecer uma vez, a quem seria?
Como reajo quando me agradecem a mim? …e quando não o fazem?
Quantas vezes as circunstâncias do quotidiano ultrapassam as nossas forças humanas! Numa relação plena com Deus, aceitemos a Sua cura, que é dom gratuito da Sua bondade e digamos-Lhe em voz alta, os nossos pedidos, para nós e para os outros.
Prostrando o nosso rosto “por terra aos pés de Jesus” (ajoelhados, se for possível), rezemos com ardor
Mestre Jesus, enviado por Deus, ensina-nos a ser testemunhas da bondade e do amor do Pai perante cada situação de exclusão e de marginalidade dos nossos irmãos. Reconhecendo que a fé nos salva, pedimos o dom de sermos curados por Deus, glorificando-O e dando graças pelo Seu amor.
Acolhidos pela salvação e pela vida plena que vem de Deus, com gratidão, benzemo-nos