Semana de 18 a 24 de setembro de 2022 XXV Domingo Comum – Ano C
O “Orar Em Família” pretende ser um espaço de encontro com Deus e com os familiares através da oração e da partilha. Que tal se este momento fosse preparado pelo elemento que habitualmente menos participa na sua preparação? Pode ser num local diferente, duma forma diferente, com uma decoração diferente… Vamos surpreender!!!
Com intenção de agir segundo os valores duradouros do amor e da partilha, à imagem de Jesus, benzemo-nos.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Intimamente, louvemos ao Senhor, que nos recebe e ama, como somos.
Empenhados e verdadeiramente comprometidos na fidelidade na nossa fé e na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, ofertemos a Deus a nossa gratidão pela Sua manifesta presença e digamos, em voz alta, um a um, as coisas que Lhe queremos agradecer.
Escolhemos de entre nós, quem vai ler o texto de Lc 16,1-13: a mensagem de Jesus, que nos inspira e guia.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador, que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’. Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».
Meditemos sobre os ensinamentos que retiramos deste texto e que podemos guardar no nosso coração
Ser administrador Este texto diz-nos que somos administradores e que temos de entregar e fazer um balanço da nossa atuação e da forma como administrámos os dons e bens concedidos pelo Senhor. O Evangelho dá-nos algumas dicas de como devemos administrar.
Administrar com justiça O Evangelho começa por nos apresentar um administrador desonesto que foi “denunciado por andar a desperdiçar os seus bens.” O desejo de enriquecer sem medida e sem piedade é uma constante de todos os tempos e, levados pelo fascínio das riquezas, muitos administram a sua vida na base da exploração, da avareza, na procura ilegítima dos lucros. O Senhor não aceita esses abusos nem outrora nem hoje porque afastam do sentido de equidade e sobretudo do amor por todas as criaturas. A sedução do dinheiro distorce a perceção da realidade, distorce a perceção do ser humano, levando-o a pensar que é autossuficiente, distorce a perceção dos outros como pessoas, levando à sua exploração. Aceitemos o conselho do Senhor e sejamos justos e honestos na administração dos bens que o Senhor nos concede.
Administrar com liberdade “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” porque ambos se regem por lógicas opostas e diferentes, são caminhos distintos e contraditórios. A frase é tão concreta como lapidar e por isso não tem outra interpretação: se serves a Deus não podes servir o dinheiro, se serves o dinheiro não podes servir a Deus. Não se fala de usar ou amar o dinheiro ou a Deus, fala-se de servir. “Servir” implica “servidão”, isto é, o que serve está ao serviço daquele ou daquilo que serve ainda que o faça de livre vontade mas será sempre uma “servidão” uma forma de escravatura porque nos colocamos ao serviço e à disposição daquilo a que ser serve. Não se pode conviver de mãos dadas e metendo no mesmo saco a lógica de Deus que se rege pelo amor ao próximo, compaixão, misericórdia, partilha, generosidade e a lógica do dinheiro que se rege pelo possuir, dominar, pelo proveito próprio, pela competição do “eu mais do que tu”. O dinheiro é um deus e provoca fascínio, adoração, satisfaz desejos, confere prestígio, concede poder. O nosso único Senhor é Deus e devemos administrar seguindo a sua lógica.
Administrar com prudência No Evangelho, Jesus felicita o administrador por usar de esperteza e astúcia. A astúcia está penetrada de simulação e interesse mas Jesus faz dela uma virtude que devemos praticar em certas alturas para sermos santos e eficazes na vida. A astúcia santa pode traduzir-se por prudência que São Tomás de Aquino definiu como “uma virtude que nos dá uma clara visão das coisas, fazendo que demos mais valor à verdade que nelas existe do que às nossas tendências e apetites.” A prudência ajuda-nos a dar o devido valor às coisas e ajuda-nos a agir de forma reta. O administrador da parábola percebeu que todo o dinheiro injusto não lhe servia para nada, não tinha valor nenhum e assim usando uma astúcia santa (prudência) ele partilhou, ele construiu fraternidade, ele colocou o que tinha acumulado ao serviço dos outros. Aprendamos com este administrador desonesto e administremos com prudência e astúcia santa.
Definitivamente, o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade, é o da partilha e de nos colocarmos ao serviço do bem dos outros, respeitando a sua dignidade. Façamos um sério exame de consciência sobre a nossa maneira de praticar a justiça social e de administrar o dinheiro (que pode corromper e incitar à exploração)…
Como gerimos a necessidade, a vontade e o esforço para comprar coisas na nossa família? E eu, individualmente?
Como tratamos os bens materiais na nossa família? Cuidamos ou “usamos e deitamos fora”? E eu?
Num tempo em que tanto se fala de ambiente e em poupar energia, que hábitos estou a tentar mudar?
Sou generoso e honesto com os outros ou não olho a meios para ganhar ou ganhar mais?
Jesus, o Mestre que conhece o nosso coração e a nossa habilidade para administrar os dons que nos concede, aguarda, paciente, que O acolhamos verdadeiramente e permanece atento às nossas necessidades. Peçamos-Lhe, em voz alta, o que mais precisamos para nós e para os nossos irmãos.
Com o coração e os pensamentos purificados pelo Espírito Santo, rezemos juntos
Deus bom e misericordioso, que nos seduzes e magnetizas com Teu divino amor, fortalece-nos com a Tua sabedoria e concede-nos a astúcia necessária para administrar os bens que nos concedes e para usá-los em favor dos outros.
Abençoados com o olhar compassivo e reabilitador do Pai, benzemo-nos