Semana de 11 a 17 de setembro de 2022 XXIV Domingo Comum – Ano C
Estes momentos de oração em família são tão importante quanto a família assim o considerar e fizer bom uso deles. Deve-se fazer um esforço de inclusão de todos os membros da família, envolvendo-os na escolha do local, responsabilizando-os pela preparação e pela decoração e até pela moderação da própria oração (ler as indicações, dar a palavra, promover o silêncio e a concentração, etc.). Tenhamos uma Bíblia preparada em Lc 15, 1-10 e, quando todos estiverem preparados, acenda-se a vela para dar início.
Apascentados pelo amor infinito e incondicional de Deus, benzemo-nos:
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Cantando, de braços abertos, deixemos Deus entrar e resgatar o nosso coração.
Deixa Deus entrar na tua própria casa Deixa-te tocar pela Sua graça Dentro e em segredo, reza-lhe sem medo: Senhor, Senhor! Que queres que eu faça?
Só no fundo do ser eu vou encontrar As razões de viver, as razões de amar É bem dentro de nós que está a raiz Que nos faz amar e ser feliz.
Abençoados pelo amor inabalável e misericordioso de Deus, que “procura aquele que se perdeu e se alegra quando o encontra”, deixemo-nos emocionar pela proteção que n´Ele sentimos e digamos, em voz alta, o muito que Lhe queremos agradecer.
Escutemos na voz de um de nós, o texto de Lc 15, 1-10, com alegria, um coração puro e um espírito firme.
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximaram-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Quem de vós, que possua cem ovelhas e tenha perdido uma delas, não deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura da que anda perdida, até a encontrar? Quando a encontra, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida’. Eu vos digo: Assim haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos, que não precisam de arrependimento.
Transbordando de alegria diante da expressão plena do amor e da misericórdia de Deus, tentemos perceber melhor o texto que escutámos
A conduta Ao longo da sua vida pública, Jesus viveu continuamente rodeado de pessoas marginalizadas, de pessoas perdidas: pobres, pecadores, prostitutas, publicanos, doentes… Os fariseus e os escribas escandalizam-se pelo facto de Jesus confraternizar com pessoas que eram descaradamente pecadoras e assim lançaram uma acusação contra Ele: “Este homem acolhe os pecadores e come com eles.” O que escandaliza os destinatários das parábolas contadas por Jesus não é a conduta dos pecadores, mas a forma de Jesus se relacionar com eles. Ele permite que os pecadores se aproximem d’Ele, recebe-os de coração aberto, toma a iniciativa de ir ao seu encontro e senta-se com eles à mesma mesa. Para responder a esta acusação, Jesus conta três parábolas e uma delas é a da ovelha perdida.
A perda A ovelha está perdida. Achas que ela tinha intenção de se perder? Acho que ela nem sabia que estava perdida. A ovelha está perdida porque se afastou do rebanho. A parábola é narrada a partir da perspetiva de Deus. Por alguma razão aqueles “publicanos e pecadores” tinham-se afastado do caminho de Deus, estavam perdidos em todos os sentidos. Quantos de nós estamos assim hoje? Quem nunca se perdeu? O mundo está cheio de pessoas totalmente perdidas que vagueiam de um lado para o outro no meio das multidões. Pessoas que sentem perdidas na vida, na profissão, na família, no caminho a tomar… Quando alguém se perde, podemos dizer que essa pessoa está confusa, frustrada, cansada, estranha ao ambiente e abatida. Uma pessoa perdida é alguém que não encontra o rumo, um sentido para a sua vida ou procura por caminhos errados e não encontra uma direção certa.
A busca As coisas que perdemos sempre nos causam preocupação. Na parábola, o pastor deixou as 99 ovelhas no curral e foi pelos lugares mais perigosos e arriscados em busca da ovelha transviada. Se agisse de modo racional, o pastor não tomaria tal atitude colocando em risco as outras 99 mas ele segue o primeiro impulso do seu coração e por isso precisa de encontrar a sua ovelha. Falando desta forma, Jesus começa por nos mostrar um amor de Deus que nos deixa estupefactos. Com isto Jesus realça que Deus se preocupa com cada pessoa individualmente. Ainda que tenha as 99 o pastor sente falta de uma vida e quer que essa vida não se perca. De maior admiração é o tipo de pessoa que é importante para Deus e que ele procura: aquela que está perdida, extraviada mas que continua a ser sua propriedade. Com amor e zelo o pastor procura a ovelha e, quando a encontra, carrega-a de volta, trá-la para o rebanho, acolhe-a.
A alegria O encontro é um momento de alegria como ficamos alegres quando encontramos algo que tínhamos perdido. Jesus quer mostrar a alegria que sente quando é procurado por pessoas que estavam totalmente perdidas como os publicanos e os pecadores. Jesus fica cheio de alegria por ser procurado por ele, da mesma forma que Deus fica alegre quando voltamos ao seu convívio, quando reatamos a nossa relação com Ele por mais longe e perdidos que tenhamos andado. É a alegria da misericórdia e da compaixão de Deus. A compaixão é o modo de ser de Deus, a sua maneira de olhar o mundo e de reagir diante das suas criaturas. A compaixão de Deus é descrita por Jesus não simplesmente para nos mostrar como Deus está pronto a sentir por nós ou a perdoar os nossos pecados e nos oferecer uma vida nova e felicidade mas também para nos convidar a nos assemelharmos a Deus e a mostrar a outros a mesma compaixão que Ele tem por nós. As mãos que perdoam, consolam, curam, procurar e acolhem têm de ser as nossas. O Deus da compaixão é o Deus que serve de referência e modelo para todo o comportamento humano.
É explícita a preocupação de Deus em reencontrar aqueles que se afastaram da comunhão com Ele, mas também, a alegria e a felicidade no reencontro do pecador, pois Deus acolhe-o e recebe-o de braços abertos. Reflitamos neste propósito que Deus, o Bom Pastor, nos ensina: “acolher e deixar-se acolher”…
Tendo a acolher ou a marginalizar aqueles que não têm um estilo de vida semelhante ao meu?
Já experimentei, por exemplo, fazer voluntariado com os sem-abrigo? Ou num hospital? Ou num lar de idosos?
O que posso fazer para chamar as ovelhas perdidas de volta ao rebanho?
Quando erro ou me afasto de Deus, sinto que Ele espera o meu regresso para me acolher?
Tenho a tentação de me considerar mais perfeito que os outros?
Sejam quais forem as nossas faltas é evidente a misericórdia e a bondade que Deus oferece a todos, sem excepção… Dignificados por esse grandioso amor que Deus derrama em cada um de nós, partilhemos, em voz alta, as preces que inquietam o nosso coração.
Protegidos pelo abraço de Deus, o bom e zeloso pastor, rezemos-Lhe
Senhor Deus, prodigioso pastor que com infinita misericórdia, carinho e amparo resgata as Suas ovelhas perdidas, perdoa os nossos pecados e ensina-nos a procurar e a apascentar os irmãos que se dispersaram, pois “apascentar é ofício de quem ama” (Santo Agostinho).
Consagrados ao amor bondoso de Deus, que nos acolhe e regenera, benzemo-nos