Semana de 4 a 10 de setembro de 2022 XXIII Domingo Comum – Ano C
A oração em família é mais do que uma oração individual, é a partilha, é o compromisso, é o Amor que nos une uns aos outros e a Deus… em Família! Obviamente, iremos procurar um espaço em que possamos orar com tranquilidade, sem interrupções nem distrações. De preferência, preparamos uma Bíblia em Flm 9b-10.12-17 e acendemos uma vela ao iniciar o momento.
Como a águia que voa livre para contemplar o Sol… Ousemos libertar-nos das amarras que nos aprisionam e contemplemos Deus, benzendo-nos:
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Tranquilos, tentemos interiorizar a mensagem deste cântico
Se um dia eu ficasse sem Ti, olharia as estrelas do céu p’ra lembrar que viveste por mim, e para sempre guardar-Te, para sempre lembrar-Te na marca de um gesto meu.
Renasce em mim, mostra como ama alguém que precisa de mim p’ra mostrar o melhor que Deus tem.
O que sinto não posso explicar, é difícil saber e dizer… O que eu tenho, não posso negar que é aquilo que eu quero, é a Ti que eu desejo, e não vou abandonar.
Reviver o que vivi, renascer conTigo, conquistar o Teu espaço astral, pois quem ama não teme o bem e o mal.
Considerando a dádiva do amor como a suprema e insubstituível conduta que dirige e condiciona as nossas palavras, os nossos comportamentos e as nossas decisões, facilmente reconhecemos as imensas graças que Deus nos oferta a cada instante. Agradeçamos-Lhe, em voz alta, as que Lhe reconhecemos.
Escutemos atentamente e interessadamente, na voz de um de nós, o texto de Flm 9b-10.12-17
Caríssimo: Eu, Paulo, prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa ação não parecesse forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.
Com a ajuda do Espírito Santo que nos sustenta, guia e concede o dom da Sabedoria, tentemos compreender a mensagem que escutámos
Eis a situação Filémon era um rico proprietário, membro da Igreja de Colossos, na Grécia, e amigo de Paulo. Filémon converteu-se ao Evangelho e a Igreja dos colossenses reunia-se em sua casa. Ele tinha um escravo chamado Onésimo, que quer dizer “útil”, que lhe roubou alguma coisa e fugiu. Filémon era o proprietário legal do escravo e ficou furioso com a sua fuga. Nesta época, Paulo estava preso em Roma e encontrou Onésimo na prisão, onde o evangelizou, batizou e ficou a saber que ele era escravo de Filémon. Paulo, homem de missão, tomou para si o desafio e mediou a reconciliação entre o convertido Onésimo e o cristão maduro na fé Filémon.
Eis a intercessão Com habilidade nas palavras, Paulo pede que Filémon aceite e perdoe o seu irmão. As barreiras do passado e as novas barreiras que foram erguidas pela deserção e pelo roubo de Onésimo não deveriam mais dividi-los porque eles fazem parte do mesmo corpo de Cristo. Paulo queria dizer que agora Onésimo era um irmão em Cristo e não uma mera posse ou um simples escravo. Paulo baseou o seu pedido não na sua própria autoridade, mas no compromisso sincero e cristão de Filémon. Ele queria uma obediência sincera e não rancorosa. Além disto, Paulo e Filémon tinham sido acolhidos pelo amor do Pai de forma incondicional e misericordiosa e este era mais um motivo para Filémon acolher e perdoar o seu escravo. Às vezes criamos barreiras com as pessoas por causa de atritos do passado, criamos barreiras dentro da própria casa, em família, com as pessoas da mesma rua, com os colegas de trabalho e até mesmo dentro da igreja com os cristãos que professam a mesma fé. As barreiras do passado são mágoas, desavenças, irritações, maus relacionamentos, críticas e discussões. Como a Filémon, Deus chama-nos a procurar a unidade, o perdão, derrubando as barreiras e paredes do passado.
Eis o perdão e a restauração Na sua intercessão, Paulo não pediu apenas o perdão de Filémon a Onésimo mas pediu também a sua restauração, isto é, que Filémon o recebesse não mais como escravo mas como irmão. O perdão é um ato da vontade, é uma decisão consciente de abrir mão do próprio ego e deixar de lado o ressentimento contra alguém que, de alguma forma, causou alguma dor e sofrimento. O perdão é uma graça imerecida, é unilateral porque alguém perdoa o mal que o outro lhe causou e isso não passa pela aprovação do ofensor, é apenas de quem foi ofendido. A restauração é um processo de reeducação, de reparação, de conserto, de pôr em bom estado o que antes estava quebrado. Onésimo estava foragido, traiu a confiança do seu senhor e isso requeria bem mais do que o perdão, exigia uma restauração em função da sua nova condição de convertido ao Evangelho. O caráter do cristão exige uma conduta oportuna e sábia em qualquer situação e restituir é parte de restaurar.
Eis o Compromisso O nosso compromisso cristão, se ele é verdadeiro e autêntico, poderia transformar o nosso mundo, ele poderia restaurar vidas, à semelhança do amor de Deus em nós. O amor de Deus na vida de Paulo fê-lo dar a vida pelo evangelho e ser instrumento de Deus na conversão de Filémon a Jesus e na reconciliação com o seu escravo; o amor de Deus na vida de Filémon fê-lo perdoar o escravo Onésimo e libertá-lo. A exemplo de Paulo, levemos o amor de Deus aos outros e sejamos agentes de libertação. A exemplo de Filémon, perdoemos aqueles que nos ofendem, libertando-os do peso da culpa. A exemplo de Onésimo, aprendamos a receber o evangelho e aproveitemos as oportunidades que Deus nos concede para repararmos as ofensas que cometemos.
Candidatos a ser discípulos e convidados a uma adesão séria, exigente, radical e incondicional ao “Reino”, tomemos consciência da nossa força, da nossa vontade e da nossa decisão em corresponder aos desafios do Evangelho, sem “paninhos quentes” ou “meias tintas”. Reflitemos:
O que posso fazer para superar os atritos do passado e reconciliar-me com os meus irmãos?
Que barreiras do passado me impedem de olhar para o futuro com Deus?
Será que a reconciliação com Deus implica a reconciliação com os meus irmãos?
Pratico com a frequência devida o sacramento da reconciliação?
Sou capaz do verdadeiro perdão como forma de reconciliação e restauração de relações?
Abraçando a tempo inteiro, com convicção, esforço e compromisso, o projeto de vivificar o nosso amor por Deus Pai, ousemos desprender-nos das aflições, inseguranças e receios que nos roubam a paz de alma e, humildemente, peçamos a Deus, em voz alta, o que verdadeiramente precisamos para nós e para os nossos irmãos.
Arrebatados e saciados com a bondade do Pai, cantemos com o coração embevecido. Se calhar, uma vez para tentar e outra vez para cantarmos todos…
Deus de misericórdia que nos chamas a procurar a unidade e o perdão, ensina-nos a ser verdadeiros discípulos, agentes de libertação e de reconciliação para nos elevarmos a Ti.
Arautos, empreendedores e revestidos pelo amor e bênçãos de Deus, benzemo-nos