Semana de 21 a 27 de agosto de 2022 XXI Domingo Comum – Ano C
De férias ou a trabalhar (porque Deus habita em nós), preparemos um espaço acolhedor que facilite a nossa concentração e entrega ao Pai, sem distrações. Se possível, abrimos a Bíblia em Lc 13,22-30 e tenhamos uma vela. Começamos quando estivermos preparados interiormente, acendendo a vela.
Entusiasmados a sermos constantes e perseverantes na fé, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Engrandecidos pela graça e o perdão de Deus, louvemo-Lo, com o coração a descoberto
Quando ninguém me vê, na intimidade Onde não sei falar, mais que a verdade Onde não há aparências Onde a descoberto fica meu coração
Ali sou sincera, ali minha aparência de piedade, se vai Ali é Tua graça o que conta Teu perdão o que sustenta para estar de pé.
E não poderia dar a cara se não fosse porque estou, Revestida pela graça e justiça do Senhor. Se me vissem tal qual sou Já saberiam que é Jesus. O que viram reflectido em mim, Foi só a sua luz. É por Tua graça, e Teu perdão, que podemos ser chamados de instrumentos do Teu amor. É por Tua graça e Teu perdão, Minha justiça está longe… da Tua perfeição.
Aceitando viver uma vida de doação, de amor e de serviço, despidos de orgulho, egoísmo ou ambição, a exemplo de Jesus, sejamos gratos por tantos dons e benefícios que recebemos e digamos, completando em voz alta: Obrigado Pai por…
Em voz alta, um de nós lê a mensagem que Jesus tem para nós em Lc 13,22-30. Estejamos atentos e de coração disponível para acolher a Palavra que vamos escutar.
Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa do reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos».
Divinamente inspirados, tentemos perceber o alimento para a vida, que este texto nos apresenta
À pergunta “Senhor, são poucos os que se salvam?” Jesus não responde diretamente mas vai ao que interessa, isto é, mais do que falar em números a propósito da “salvação”, o mais importante é definir o modo e as condições para entrar no Reino e estimular os discípulos nesse caminho. Por isso, Jesus deixa um apelo e uma advertência.
Primeiro: um apelo urgente ao empenho “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. “Esforçai-vos” é uma palavra que denota ação feita de todo o coração. A palavra traduzida por “esforçai-vos” é literalmente “agonizheste” que quer dizer “agonizai”. Agonizar é ter um conflito interno, é afligir-se, é estar ansioso para que algo se realize e aconteça. O caminho que conduz à Vida passa por uma luta intensa. São Paulo define esta luta como “o bom combate” (1 Tim 6, 12). O Reino de Deus é exigente, não é um caminho de flores, não se “ganha” de forma cómoda. A expressão “porta estreita” diz-nos que o problema da salvação é uma questão de empenho, de esforço, de sacrifício, de conversão e testemunho. Se a porta é estreita, então os “gordos” não conseguirão entrar. Em rigor, é tão estreita que só pode ultrapassá-la quem está disposto a esvaziar-se do seu “ego inflamado”, compulsivo, cheio de si mesmo. Para fazer caminho com Jesus não se pode ter excesso de gorduras nas ideias, no coração e nas atitudes. Não podemos entrar se carregarmos e não renunciarmos ao nosso egoísmo, soberba, ódio, rancor, orgulho, ambição excessiva, desejo de domínio e poder sobre os outros. Tudo o que impede o ser humano de embarcar na vivência do perdão, partilha, serviço, misericórdia, compaixão, impede a adesão ao Reino e impede de entrar pela porta estreita. Se a porta é estreita o segredo é tornar-se pequeno. “Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu. Quem, pois, se fizer humilde como este menino será o maior no Reino do Céu” (Mt 18, 3-4). Pequeno é aquele que vive com um coração humilde, que só pode apelar à misericórdia de Deus. Quem não assumir a atitude interior de pequeno, dependente e humilde não conseguirá entrar.
Segundo: uma advertência “Abre-nos, Senhor… Comemos e bebemos contigo…Não sei donde sois” O grupo de pessoas do lado de fora que apresenta razões para entrar e que o dono da casa manda embora porque praticaram a iniquidade, não são pagãos porque esses não conhecem o Senhor. A advertência é para quem conhece o Senhor. O facto de se ser batizado e crismado não é garantia de salvação. Não basta frequentar a Igreja e assistir ou participar na Eucaristia. Também não chega o facto de se pertencer a uma família muito religiosa e com muita prática cristã. Tudo isto é importante se nos levar a vivermos como filhos de Deus, vivendo o mandamento do amor, a prática da justiça e da caridade, se for um desafio a sermos melhores que os outros na vivência do amor fraterno. Na verdade, a porta do Reino de Deus está aberta para todos mas é exigente e por isso nada está garantido porque não há pessoas recomendadas nem privilegiadas junto de Deus. Não se entra no Reino de Deus por razão étnica ou pela associação à qual alguém pertence mas sim pela resposta de fé que vivemos na convivência fraterna com os outros, isto é, na prática do amor e da caridade fraterna.
Jesus alerta-nos para termos cuidado e não dar-nos a salvação como garantida e acabarmos por ser postos fora mas trabalhemos diariamente com esforço para entrar pela porta estreita.
Para percorrermos, com Jesus, o caminho do amor e do dom da vida é preciso “Entrar pela porta estreita”; fazermo-nos pequenos, simples, humildes, servidores, capazes de amar os outros até ao extremo. Aceitemos e reflitamos sobre esta proposta de acesso ao “Reino” do Pai:
De que forma me posso preparar para o exigente caminho da Salvação?
O que posso fazer para “emagrecer” o meu coração dos pecados?
Como me posso tornar “pequeno”?
De que modo posso viver a minha vida como verdadeiro filho de Deus?
Certos que o nosso sofrimento não é um castigo, mas uma pedagogia que Deus utiliza para nos amadurecer e ensinar a viver, confiemos no Pai que nos ajuda a vencer o temor que nos desalenta e paralisa e dirijamos-Lhe, em voz alta, os nossos pedidos.
Com amor vivo, rezemos confiantes em encontrar a “porta aberta” no coração de Deus
Deus nosso Pai, que nos enviaste o Teu Filho Jesus, para reformar os caminhos de infelicidade em caminhos para a ressurreição, que nos abres a porta da Tua casa, convidando-nos com amor – “Vinde a mim” – ao festim no Teu “Reino”, confiamos-Te os nossos corações, as nossas vidas e as de quantos ainda não Vos conhecem ou não Vos amam.
Revestidos do amor infinito de Deus, que está no nosso meio e cuida de nós, benzemo-nos